Não é segredo para ninguém que pesquisas eleitorais são usadas para a manipulação da opinião pública. Alguns meses atrás a histeria dos desavisados, principalmente de petistas e simpatizantes era enorme quanto ao “já ganhou” de Lula para presidente da república. Nas intenções de voto o ex-presidente Lula aparecia disparado na frente em praticamente todos os cenários, com quase 50%. Entre diversos setores do PT e da imprensa progressista, o clima de “já ganhou” tomou conta. No entanto, com as pesquisas atuais essa euforia tem murchado. Mas este não é o único problema, problema aliás que vem sendo gerado pelos mais recentes “erros” do assessoramento político, basta ver tamanha criatividade em querer somar forças com um candidato a vice, como Geraldo Alckmin.
Em recente levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado no último dia 9, que mostra a diferença entre Lula e Bolsonaro cai rapidamente. Nesse momento a diferença é de apenas 8%. Levando em consideração “aqueles que com certeza votariam nele”: Lula aparece com 30% e Bolsonaro com 25%, pela margem de erro os dois pré-candidatos estariam empatados.
Além disso, em uma das variações da pesquisa, que se chama “cenário estimulado”, Lula marca 38,9% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 30,9%. A terceira via segue: Sergio Moro, 7,4%; Ciro Gomes, 6,8%; João Doria, 2,2%; Eduardo Leite, 1,3%; 1,3%; André Janones, 0,7%; Simone Tebet, 0,4%; e Alessandro Vieira, 0,1%. É fácil ver como gostam de calcular “àqueles” que enxergam muitas ilusões, que a junção dos eleitores anti-PT coloca facilmente a candidatura Lula em risco, como há muito denunciou este diário
Agora circula nos debates internos do Partido dos Trabalhadores, a colocação de Juliane Furno que é doutora em Desenvolvimento Econômico no Instituto de Economia (IE) da Unicamp e, sublinhe-se e negrite-se Economista-Chefe do IREE, ou seja, uma economista do IREE/NED/Global Americans e, por extensão, financiada pela CIA na equipe de governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
No final de 2021, Furno se disse “muito orgulhosa” e “imensamente honrada de estar no IREE”. Como todos os leitores deste diário já sabem, o Instituto para as Relações Estado – Empresa dirigido por Walfrido Warde tem como amigo orgulhoso, Guilherme Boulos, também funcionário do Instituto. Seguindo a política do imperialismo esta Organização serve para fomentar uma determinada política e cooptar setores da intelectualidade, para os interesses dos inimigos da classe trabalhadora.
Acontece que os vínculos com o IREE não são motivo de “orgulho” algum da esquerda. Pelo contrário: não só são motivo de vergonha, mas escancaram uma verdadeira conspiração contra o povo que deveria defender. O IREE, além de ser presidido por um empresário defensor da Operação Lava Jato, é também dirigido por figuras como Raul Jungmann, ex-ministro da Defesa do governo de Michel Temer (MDB), Sérgio Etchegoyen, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Temer e Leandro Daiello, ex-chefe da Polícia Federal. Fora isso, possui parcerias com a think thank Global Americans, uma ONG especializada em articular golpes de Estado no mundo e que recebe financiamento do Departamento de Estado norte-americano.
O “orgulho” em trabalhar para o IREE é o “orgulho” de ser um capacho do imperialismo. Isto é, de ser cúmplice dos maiores crimes da história recente da humanidade: a guerra no Afeganistão, os golpes militares na Bolívia e em Honduras, o assassinato de Muammar al-Gaddafi, a predação total no Haiti, a nazificação da Ucrânia e, claro, a pilhagem no Brasil.
Então como assim? Mais uma vez os doutores da política petista convocam uma pessoa que pertence ao instituto dirigido por quem trabalhou diretamente para derrubar Dilma Rousseff e o PT do poder. Encabeçado por Guilherme Boulos, nas ruas e nos estádios da Copa de 2014 no Brasil este instituto impulsionou todo um movimento e se transformou na ala esquerda do golpe de Estado no Brasil, com a política do “Não vai ter Copa”, atacando o governo Dilma e facilitando os ataques da direita, além de nos últimos meses defenderem a aliança até mesmo com o PSDB.
Frente a tudo isto por que alguém ligado ao IREE estaria aí?
Difícil saber, mas fácil de observar é que há pessoas que estão com muita vontade ou interesse de avacalhar a vitória, já não tão certa, de Lula.
O esforço da política direitista de setores do PT para desanimar a militância e as pessoas em geral que querem fazer campanha pelo PT, é gigante. O exemplo de Juliana Furno é apenas mais um, mas que pende bem a balança para o lado daqueles que defendem o cenário pós 2016.