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“Política de alianças” é o flanco aberto da campanha de Lula

Criação de "pontes" com políticos e partidos de direita é apresentada por setores do PT como a única via para garantir a "governabilidade", é só mais um caminho para o golpe

lula e alckmin reed

O seminário “Resistência, Travessia e Esperança” será realizado nesta segunda (31), e terça-feira (1), organizado pelo PT para “criar pontes” com a direita. A ideia da aliança com setores da direita vem sendo defendida pelo ex-presidente Lula (PT), o qual disse que quer alguém diferente dele como vice em sua chapa para 2022.

A ideia de Lula e setores do PT é criar uma ampla coligação com partidos de direita (a que chamam de “centro”), isto é, partidos golpistas, para garantir a vitória do PT nas eleições e garantir a capacidade de governar. Esse argumento também é defendido por setores da esquerda em nome da tal “governabilidade”.

Com os setores fundamentais da burguesia atrás de Jair Bolsonaro (PL) ou da terceira via, a política do PT é buscar setores relativamente secundários da burguesia, para formar uma frente popular, uma frente de colaboração de classes, acreditando que esses setores não vão interferir na política geral do PT no governo. Não é uma aliança com o PSDB ou o DEM, mas com setores secundários da burguesia, como o PSB, o PSD de Gilberto Kassab, etc..

Os partidos que o PT está procurando são a encarnação do fisiologismo político, característica acentuada dos partidos burgueses no Brasil. Aliam-se à esquerda em busca de um ministério, de um cargo em estatal, de uma secretaria — e assim, segundo setores da esquerda, trocando cargos por apoio, seria possível conseguir a tal “governabilidade”.

Flanco aberto

No entanto, desde o golpe de Estado de 2016, o Brasil vive numa intensa guerra política, resultado da acentuação da luta de classes. As alianças com a direita golpista, desta forma, é o flanco aberto das trincheiras da esquerda que luta contra o golpe. O PT estará embarcando mais uma vez na mesma canoa furada.

No “escândalo” do mensalão, o primeiro ataque organizado contra os governos petistas, foi orquestrado pelo “aliado” Roberto Jefferson (líder do PTB e um dos principais aliados do governo Bolsonaro). Ele se auto denunciou, conseguindo um esquema com a burguesia, para atacar o governo Lula.

Da mesma forma, o golpe de 2016 foi organizado pelo principal “aliado” do governo Dilma, o MDB. Quem institucionalizou o golpe foram os presidentes do Congresso, Eduardo Cunha (Câmara) e Renan Calheiros (Senado), ambos do MDB, e o vice, Michel Temer, do mesmo partido.

Os problemas da aliança com a burguesia

Em condições normais da luta política, essas alianças podem parecer boas para alguns. No entanto, basta haver uma crise contra o governo — no caso brasileiro, a política golpista do imperialismo — que os ratos pulam do navio. 

Como bons ratos, estarão roendo o erário público. E isto será usado contra os governos petistas. Como se viu, a base da campanha “contra a corrupção” foi facilitada pelos aliados dos partidos burgueses, que eram os principais implicados. Não havia provas contra Dilma e Lula, mas eles também eram “corruptos” por causa dos “aliados” do MDB, etc. Desta forma, ajudam a desmoralizar o governo.

Os aliados da burguesia são como um cavalo de Troia — infiltrados dentro do governo para servir ao inimigo, prejudicando internamente o governo, como se viu com o golpe de 2016.

Ao mesmo tempo, impedem o governo de esquerda de colocar em prática um programa popular. Em alguma medida, determinadas coisas podem ser alteradas, mas os “aliados” farão de tudo para manter o fundamental da política da burguesia, ameaçando romper com o governo caso este seja muito radical em atender aos interesses da população.

Em outras palavras, os “aliados” ao estilo Alckmin são um freio ao desenvolvimento político de um governo de esquerda. Toda vez que o PT for colocar em prática uma política que contraria os interesses desses setores da burguesia, esses setores vão criar obstáculos. Também não votarão no Congresso naquilo com que não concordam.

Além de prejudicar a política do governo, isso também desmoraliza o governo diante de suas bases.

Um governo refém da burguesia

Lula e o PT acreditam que os partidos fisiológicos da burguesia podem ser comprados e se submeterão à política do comprador. Apesar de serem fisiológicos, isso é real apenas na medida em que a burguesia não decida atacar duramente o PT. O caso do governo Bolsonaro, nesse sentido, é bem significativo.

Ele também não tinha maioria no Congresso e, por isso, teve que “assalariar” uma parte dos deputados — o famoso “Centrão”, de Arthur Lira, Ciro Nogueira, etc. Este setor fez do governo prisioneiro, impedindo-o de realizar o programa pelo o qual ele foi eleito pela sua base bolsonarista. Ele não governa, estabeleceu um acordo para se manter no poder, mas não consegue passar as políticas que não sejam as que são defendidas pelo setor fundamental da burguesia, como privatizações, reformas neoliberais, e assim adiante. As propostas que são aprovadas não são “do Bolsonaro”, mas de cunho neoliberal, que vêm do PSDB, DEM (enfim, da burguesia tradicional).

O setor “ideológico” do governo vem sendo minado para dar lugar ao Centrão e aos militares, que sustentam-no. É um governo prisioneiro, uma farsa. Bolsonaro é um boneco inflável que foi colocado sob total controle, a ponto de não conseguir fazer nada fora do script.

O fator Lula

É preciso destacar, todavia, um outro fator. Ocorre que, ao mesmo tempo em que o PT entra nessa política, as declarações de Lula se dirigem no sentido exatamente oposto. No sentido de radicalizar. Denuncia a política de preços da Petrobras, defende a revogação das reformas neoliberais, apoia o governo da Nicarágua, diz que não vai se curvar às exigências do mercado financeiro, critica os Estados Unidos, etc.

Como o próprio Lula falou, se voltar ao governo, “é para fazer mais do que já fiz”. Do ponto de vista da burguesia, é uma perspectiva bastante esquerdista, como ficou claro no programa econômico apresentado pelo ex-ministro Guido Mantega (PT), que vai na contramão do programa econômico golpista. Por isso, Lula é uma ameaça para a burguesia, que, caso não consiga alavancar a terceira via, irá novamente de Bolsonaro. 

Temos uma contradição clara e muito aguda. Lula se propõe a fazer um governo muito esquerdista, que contraria a política neoliberal, que procura a linha do desenvolvimento nacional — totalmente contrária à política do imperialismo de afundar o Brasil — e, ao mesmo tempo, cria-se uma ampla base institucional direitista, Kassab, Alckmin etc.

Por um governo dos trabalhadores

É preciso criticar estas alianças, possibilitando que o governo Lula, se eleito, seja capaz de levar adiante os interesses reais do povo brasileiro. No melhor dos casos, os ratos golpistas apenas irão prejudicar e freiar o desenvolvimento do governo. No pior, podem dar um novo golpe de Estado — como indicam os recentes acontecimentos em Honduras contra a presidenta eleita Xiomara Castro.

Curiosamente, vê-se Lula repetindo o que Getúlio Vargas fez na década de 1950. O governo Vargas terminou em um golpe de Estado, quando setores da direita do varguismo, ironicamente, do PSD (mesmo nome que o atual partido de Kassab), como Tancredo Neves, boicotaram o governo internamente, facilitando o trabalho da direita golpista organizada na UDN.

Nós, do PCO, temos nos colocado sistematicamente contra essa política de alianças com os golpistas; a política mais adequada seria montar uma frente de esquerda, elegendo Lula com a mobilização popular, e conseguir aliados pontuais no Congresso. O caminho é ter um governo que realmente atraia as massas populares e coloque essas massas na rua para sustentar o governo contra os ataques de direita. 

Nesse sentido, o governo Lula precisa de soldados, de amplas fileiras de militantes organizados em comitês populares, de luta, para sustentar as medidas de esquerda do governo, acuando a direita golpista. O governo, no entanto, não pode se desmoralizar com as massas colocando os inimigos do povo no poder. É preciso lutar por Lula presidente, por um governo dos trabalhadores!

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