Mais uma vez, temos uma chacina no Rio de Janeiro. As vítimas de um lado, como sempre, são os moradores das comunidades pobres. Os matadores, de outro, como sempre, são os agentes do aparato de segurança do Estado, que outra coisa não sabem fazer senão exterminar as populações dos bairros carentes do País.
A noticia que correu pelos veículos de informação ontem, no dia 21 de julho, diz que se tratava de mais uma operação conjunta das polícias Civil e Militar no Conjunto de Favelas do Alemão. A orientação desses pelotões policiais parece ser a de atirar primeiro e investigar depois se as pessoas alvejadas seriam mesmo criminosos.
Nessas operações, nas quais a polícia costuma matar às dezenas em cada investida, sempre há vítimas que fogem ao estereotipo que a imprensa burguesa costuma apresentar como criminoso. Dessa vez, uma das vítimas que não se enquadra nesse estereotipo, foi uma moradora de nome Letícia Marinho Salles, com idade de 50 anos, que morreu ao ser baleada no tórax por um dos policiais.
Como sempre acontece nessas ocasiões, o comando da polícia afirma que a ocorrência se deu em meio ao confronto com suspeitos. Porém, outras duas pessoas que estavam no mesmo veículo ocupado pela moradora, afirmaram que não houve nenhum confronto no momento. O policial simplesmente olhou para o veículo e atirou, vitimando a Sra. Leticia que ocupava o banco do passageiro ao lado do motorista.
Em depoimento ao jornal comunitário Voz das Comunidades, o Sr. Denilson e o Sr. Jaime, também ferido na ocorrência, que eram os demais ocupantes do veículo, esclareceram como testemunhas que não há dúvidas de que a Sra. Letícia foi baleada de forma intencional, uma vez que em nada eles se portaram como suspeitos de nenhum crime. O carro estava parado num semáforo e com os vidros abertos.
E a Sra. Leticia não foi a única pessoa vítima pela ação brutal da polícia. Noticiou-se pelo menos 4 moradores mortos que eram trazidos carregados de forma improvisada por outros residentes. No final da operação, os relatos noticiosos falavam num total de 18 mortes, dentre elas também um policial. Vídeos que foram postados na internet mostram pessoas feridas sendo resgatadas pela própria comunidade, aos gritos de “é morador”.
É mais uma ocorrência trágica provocada pelo aparato de opressão do Estado capitalista burguês em uma comunidade onde a esmagadora maioria das pessoas são trabalhadoras pobres. É uma verdadeira guerra do Estado contra a população da classe mais baixa da sociedade.
Todo esse filme de terror só terá um fim com uma mudança profunda da sociedade. Mais especificamente, com o fim do sistema capitalista, para que a segurança pública seja colocada nas mãos dos próprios cidadãos. A polícia não é nem nunca foi uma instituição criada para proteger o povo, manter a ordem e promover a segurança. O que temos como rotina é a polícia espancando trabalhadores em greves e em manifestações ou matando cada vez mais pessoas nos bairros pobres, como a Sra. Letícia, que além de filhos, deixa também netos.