Durante o jogo de Portugal contra o Uruguai pela Copa do Mundo de 2022, o jogo foi interrompido pela entrada de um manifestante vestindo uma camiseta do “Super Homem” contendo um explícito apoio aos gays e às mulheres do Irã. Entretanto, na sua camiseta à frente, em letras grandes apareciam os dizeres…. “Salvem a Ucrânia”. Claro, não poderia faltar o símbolo Tryzub do nacionalismo ucraniano no braço do ativista.
Sim, o objetivo era associar a luta pelos direitos gays e femininos com a guerra do Otanistão contra a Rússia. Para os novatos parece uma manifestação de apoio aos oprimidos, mas para quem conhece as manobras do poder hegemônico esta é uma tática antiga frequentemente utilizada. Entretanto, é inacreditável como ainda é fácil vender propaganda imperialista para identitários. Como sempre, de início a gente engole sem mastigar mas o problema depois é defecar todo essa mistura indigesta de boas causas com guerra e dominação ideológica e militar. Aliás, a camiseta do Superman é quase um deboche para as mentes ingênuas ou descrentes; não há nada de nobre e de ingênuo nessa mistura de causas.
Neste caso, a defesa dos oprimidos vem acompanhada de propaganda para a manutenção do poder do Império criando, de forma esperta, um “combo” indissociável. Assim, se você é a favor da causa dos gays, trans, mulheres e qualquer outra minoria precisa estar associado à aventura belicista e russofóbica da guerra da Ucrânia, nem que para isso precise estar também apoiando os grupos nazistas mais violentos, brutais e abjetos da atualidade.

O mesmo é feito em qualquer invasão americana a países soberanos. A isca é sempre “direitos humanos”, “democracia” e “derrubada de tiranos sanguinários” – cujos feitos maléficos são fabricados nos laboratórios de fake news da imprensa hegemônica. Todavia, com isso compramos no “pacote” as guerras de dominação, que ao invadir para controlar o petróleo e outros recursos naturais deixamos um rastro de mais de 1 milhão de mortos durante a invasão no Iraque, grande parte deles de mulheres e crianças.
Aos identitários cabe uma boa parte de responsabilidade pela ingenuidade que os leva a comprar essa propaganda nojenta travestida de boas intenções. A nobre causa dos negros, trans, mulheres, gays, imigrantes, etc não pode ser tratada desta forma repugnante, prostituindo suas intenções originais em nome da garantia de privilégios ao Império. O exemplo do “pinkwashing sionista“* – que criou a falsa ideia de uma democracia sexual em Israel contra a “barbárie” do Islã para encobrir o massacre da população da Palestina – recebe de muitos brasileiros simpatia e apoio, como ocorreu com um ex deputado que defende a causa gay.
É contra esse tipo de engodo que a esquerda – e todos os grupos e partidos anti imperialistas – precisam se opor. Dar voz aos “Cavalos de Troia” que levam o imperialismo escondido no ventre de suas boas intenções aparentes é um crime contra a soberania dos povos.
* Pinkwashing (lavagem rosa ou lavagem de imagem rosa) é um empréstimo linguístico (do inglês pink, rosa, e whitewash, branquear ou encobrir) para referir-se, no contexto dos direitos LGBT, à variedade de estratégias políticas e de marketing dirigidas à promoção de instituições, países, pessoas, produtos ou empresas apelando a sua condição de simpatizante LGBT. A expressão é especialmente usada para referir à “lavagem de imagem” do Estado de Israel que, promovendo a sua população LGBT+, disfarça a violação sistêmica dos direitos humanos da população palestina. (wikipedia)
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*As opiniões dos colunistas não expressam, necessariamente, as deste Diário.