Apesar dos inúmeros exemplos de fracasso, seja no Brasil ou no restante do mundo, a política neoliberal da privatização de absolutamente tudo que se possa imaginar continua presente nos planos da burguesia em quase todas as esferas da sociedade.
Seja na questão energética, na saúde, telefonia ou qualquer outro serviço de interesse público; a privatização sempre resulta na precarização daquilo que é oferecido à população. Afinal, como o próprio termo indica, a privatização serve para favorecer o interesse privado, o lucro do grande capital, principalmente o estrangeiro. Sendo assim, quem sofre com isso é a população em geral, principalmente o povo pobre.
Quando o assunto é a educação pública, o fracasso da privatização também se mostra presente e de maneira bem escancarada. Há muito tempo, o ensino público sofre uma processo de sucateamento na tentativa de justificar modelos de privatização a serem implantados.
O recente relatório publicado pelo grupo de pesquisa D3e – Dados para um Debate democrático na Educação, em relação às Escolas Charter e Voucher, teve como norte a seguinte questão: “Subsídios públicos para entidades privadas melhoram a qualidade da educação?”. O resultado foi negativo. A pesquisa teve como base artigos científicos e estudos de caso.
As escolas Charter são unidades de ensino privadas financiadas pelo dinheiro público, podendo ser administradas por diferentes instituições como empresas, ONGs ou fundações. O modelo Voucher é similar, pois também se trata da apropriação de recursos públicos para fins privados: são distribuídas pelo governo, de maneira arbitrária, bolsas de estudo para serem utilizadas em escolas privadas.
Algo relevante a respeito do relatório se dá pelo fato de que o fracasso desses modelos não é provado somente pela experiência de países imperialistas como os Estados Unidos e a Suécia, mas também no Chile, país que se encontra em colapso devido à política neoliberal implantada desde os tempos de Pinochet, e a Colômbia, um verdadeiro protetorado do imperialismo norte-americano na América do Sul.
O resultado do estudo apontou que a iniciativa privada tem impacto nulo ou baixo no desempenho dos estudantes e promove segregação entre ricos e pobres. Os modelos analisados tem a finalidade de fomentar a competição entre modelos de ensino a serem oferecidos à população, dando a falsa impressão de liberdade de escolha.
A privatização do ensino público, seja parcial ou integral, é uma política reacionária. No Brasil, foram os acordos firmados entre o MEC (ministério da educação) e a agência norte-americana USAID (United States Agency for International Development) de maneira secreta no fim da primeira década da ditadura militar, que favoreceram a iniciativa privada e iniciaram o processo de sucateamento do ensino público no País.
O resultado é o que temos na atualidade: uma completa segregação entre os alunos da burguesia e da classe média em comparação aos alunos pobres; e a desvalorização completa dos profissionais da rede pública.
A luta pelo ensino totalmente estatizado é o único caminho para a democratização do ensino no Brasil. Os estudantes, pais e profissionais da educação devem levar adiante essa mobilização para afastar de vez os nefastos interesses da burguesia parasitária a serviço dos imperialistas.