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História do Rei

Pelé e Afonsinho, o início do sindicalismo do futebol

Veja como Pelé foi responsável por impulsionar as primeiras leis trabalhistas relativas aos jogadores de futebol

Edson Arantes do Nascimento é brasileiro, de Três Corações, Minas Gerais, e é reconhecido mundialmente como Pelé: o maior jogador de futebol que já adentrou as quatro linhas. Dono de façanhas Homéricas como ser tricampeão mundial e fazer mil gols, Pelé é uma força que age nos três tempos pensados: no passado, alçou nosso futebol ao maior patamar do planeta; no presente, é referência das glórias que embalaram as conquistas da seleção canarinho neste século, e, no futuro, continuará como símbolo do nosso futebol, único e resiliente.

Mas, o que muitos não sabem é que Pelé é Rei dentro e fora de campo. E isto, a mídia contrária ao nosso futebol faz questão de esquecer. Já na década de 70, Pelé dava entrevistas junto de símbolos futebolísticos como Mané Garrincha, que questionavam o desamparo dos jogadores de futebol pois, por não terem a profissão reconhecida, ficavam desassistidos diante de situações como interrupção da carreira por lesões e o não direito à aposentadoria.  

Pelé destacava que a “classe” do futebol era desunida. Segundo o Rei, aqueles que ganhavam bem faziam parte de uma minoria. Para tanto, concordava em criar um sindicato da categoria, sob o qual os jogadores poderiam se organizar e lutar pelos seus direitos. Na época, criticou junto com Afonsinho, a Lei do Passe, que versava sobre os jogadores antes mesmo da profissão ser reconhecida no “país do futebol”.  

Atualmente, há um Código Brasileiro de Ocupação (CBO) para Atletas Profissionais que inclui os jogadores de futebol. Com o CBO vem normatizações sobre salário, regras de vínculo e trabalho. Antes disso, o próprio Pelé quando foi Ministro do Esporte, lançou em 1998 a Lei do Passe Livre, que “libertava” os jogadores dos domínios do clube. Antes da Lei Pelé, como ficou conhecida, os jogadores só eram liberados quando o clube autorizava, podendo ficar à espera de uma negociação até mesmo sem receber salário. A contradição dessa Lei é que os jogadores saíram das garras dos clubes e caíram nas dos empresários, movimento inevitável dado o contexto capitalista no qual o jogador é uma mercadoria. 

O fato é que os jogadores de futebol, incluindo os milionários, não são libertos. Continuam submetidos a rigorosas competições com intervalos minúsculos entre elas. Às vezes, competem em mais de uma ao mesmo tempo. O dinheiro, o tempo curto da carreira, as lesões e a fama imprimem um ritmo frenético e nutrem uma posição alienada da maioria dos jogadores diante da própria situação. Pelé já sabia disso! Em uma das inúmeras entrevistas que debateu o futebol, Pelé destacou que a origem dos jogadores é humilde, mas que muitos não possuem uma consciência madura sobre isso. Pode-se dizer que o Rei falava sobre consciência de classe, compreensão rara não apenas entre os jogadores de futebol.

Dos inúmeros exemplos que podem ser extraídos da bonita história de Pelé, que continua sendo escrita na sua recente luta pela vida, fixa-se que o nosso futebol tem o Rei que merece. Um Rei lembrado não apenas por sua genialidade e objetividade dentro de campo, mas pela simpatia, alegria e pelos posicionamentos fora dele, voltados à classe dos jogadores de futebol. 

Estes e outros pontos são apresentados no trabalho da Revista Placar, que sistematizou várias entrevistas do Rei ao longo da sua história. 
Acesse em https://placar.abril.com.br/placar/pele-80-anos-garrincha-parceiro-em-campo-e-fora-dele/

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