Na última semana, toda a esquerda nacional caiu como pato, participou dos atos com Neca Setúbal e Armínio Fraga e assinou a famigerada “Carta pela Democracia” ─ incluindo partidos que acham que são revolucionários, como UP e PCB.
Cabe a pergunta: qual democracia o Banco Itaú, a Fiesp, a Febraban e a Rede Globo defendem?
Ainda mais: por acaso esses setores poderiam ser considerados democráticos, de alguma forma?
Absolutamente não.
O discurso da “defesa da democracia” tem sido usado há décadas pelo imperialismo norte-americano invadir e promover golpes contra os países atrasados. Também é sob esse discurso que as ditaduras militares foram implantadas no Brasil, destacadamente a de 1964.
Agora a esquerda, integralmente domesticada e adaptada ao regime burguês e imperialista, encampa esse mesmo discurso golpista. Mal ela sabe que a vítima do golpe é justamente ela.
Neste caso, o golpe ficou muito claro: tudo isso não passa de uma campanha a favor da eleição do candidato da terceira via. A esquerda pensa que a Globo, a Febraban e a Fiesp estão apoiando Lula. Ledo engano. Isso, na verdade, é, acima de tudo, uma campanha contra Lula.
Ao ficar a reboque da burguesia e do imperialismo, como a esquerda está, ela naturalmente se desmoraliza e desmobiliza os trabalhadores e os setores que querem mobilizar por Lula Presidente. Acreditando que a burguesia irá colocar a esquerda no poder, ela aposta no jogo institucional e nas alianças eleitorais com a direita, deixando de lado a única força capaz de garantir a eleição de Lula: a mobilização revolucionária das massas trabalhadoras.
Ao comparar esse caso com inúmeros outros, inclusive recentemente, o PCO deixou muito claro desde o primeiro momento que condena e denuncia a farsa que foram o “ato pela democracia” e a “Carta pela Democracia”, entendendo que isso é mais um golpe da burguesia contra a esquerda e o povo.
A esquerda fica, novamente, a reboque do golpismo, pensando que estes querem realmente derrotar Bolsonaro e garantir uma alegada “democracia”. Nunca houve democracia no Brasil e os poucos direitos democráticos que foram conquistados pelo nosso povo estão sendo pulverizados não por Bolsonaro, mas sim por esses mesmos que dizem defender a democracia ─ como o STF, censurando a liberdade de expressão.
A “democracia” que eles defendem ─ e que, por tabela, a esquerda está defendendo ─ é na verdade o velho governo do PSDB e afins. Um governo neoliberal puro-sangue, dos representantes diretos dos grandes banqueiros e demais monopólios sanguessugas internacionais, que preferem destruir completamente a indústria nacional a dar comida para os famintos.
Os militantes do PCO ─ bem como setores de base do PT e da CUT ─ não caem nesse conto da carochinha. Sabem que a única maneira de derrotar Bolsonaro é ser independente da burguesia ─ aquela mesma que colocou Bolsonaro no poder e que não hesitará em reelegê-lo se a alternativa for Lula. Por isso lutam para que a campanha de Lula seja uma verdadeira campanha popular, com atos de massas, vermelhos e operários. Sem Alckmin, sem Márcio França e sem qualquer setor golpista.
Somente o rompimento das ilusões com a direita “democrática” pode levar a esquerda a adotar uma política séria e consequente a favor da população trabalhadora.