Nesta semana, ganharam destaque dois episódios que expressam o cotidiano da Policia no País.
Na terça, dia 24, em uma criminosa “megaoperação” de guerra contra a comunidade da Vila Cruzeiro, tropas do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal, dispararam milhares de tiros, espalharam o terror desde as 4h da manhã, fecharam 11 escolas, impediram que centenas de pessoas se dirigissem ao trabalho e, o pior de tudo, executaram – pelo menos – 26 pessoas. Em dados oficiais, foi a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro.
O episódio, se soma a muitos outros, num País em que a Polícia mata mais de 6 mil pessoas por ano, cinco vezes mais do que a repressora polícia norte-americana, país que tem uma população 50% maior do que a do Brasil e 50% a mais do que o total de civis mortos no conflito da Ucrânia, segundo o balanço divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no mesmo dia da chacina do Rio.
No dia seguinte, ganhou destaque o assassinato pela PRF de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, cuja família informou ter transtorno mental. Genivaldo foi executado em uma câmara de gás”, improvisada no porta-malas da viatura policial, depois de se debater ao ser preso, sem apresentar qualquer risco para os nazistas que o executaram.
Tais acontecimentos e os dados da contínua ação da Polícia não deixam dúvidas de que vivenciamos uma guerra das forças de repressão contra a população trabalhadora, de maioria negra no País.
Como na ação das tropas fascistas da Ucrânia, aqui também a policia – com forte influência facista – age com selvageria e por cima da Lei, para subjugar, oprimir, reprimir, torturar e executar quem se oponha aos interesses dos grandes capitalistas que temem a reação popular, incluindo, a população civil, desarmada.
A ação dessa máquina de guerra contra o povo, é realizada cotidianamente com o apoio do imperialismo e dos “democratas” que apontam a ação sanguinária e nazista dos gorilas fardados como “excessos”.
O pretexto mais usado em nosso País é uma inexistente “guerra contra o tráfico”, uma vez que a polícia se encontra entrelaçada com todo o chamado “crime organizado”, constituindo-se na verdade na maior facção criminosa, a que mais mata e rouba, que está vinculada a poderosas máfias políticas, presentes nos poderes do Estado e a grandes grupos capitalistas que – de fato – controlam o bilionário negócio da droga, sabidamente um dos mais lucrativos negócios do capitalismo em sua fase decadente atual, imperialista.
O caráter criminoso da máquina policial não se restringe a colocar em prática a pena de morte – inexistente na Consitutição Federal e no Código Penal Brasileiro -, a usurpar o papel do reacionário judiciário, julgando ela mesma – sem direito a defesa – os “suspeitos” e a executar as penas ilegais; também atuam como sócios do narcotráfico e de outros negócios ilegais.
AInda na semana passada, por exemplo, o Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Corregedoria Interna da Polícia Militar prenderam, até 26/5, nove dos 11 PMs alvos da Operação “Mercenários”, nome que os próprios policiais deram ao grupo por eles integrado para praticar crimes como corrupção, tortura, peculato e concussão; além das atribuições tradicionais e públicas da PM de repressão e todo tipo de ação contra o povo trabalhador.
Dentre eles estava o comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), o tenente-coronel André Araújo de Oliveira. Com eles, foram apreendidos R$253 mil em dinheiro, uma quantidade não divulgada de ouro, armas e cadernos de contabilidade.
Dentre os “serviços” prestados pelos “Mercenários” estava a cobrança de R$1 milhão de Leonardo Serpa de Jesus, vulgo “Leo Marrinha”, apontado como chefe do tráfico das favelas do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, o Rio de Janeiro.
A política de setores da esquerda, que se junta a setores da direita para defender o “aprimoramento” dessa máquina de guerra contra a população, expressa o abandono completo da defesa dos interesses da classe trabalhadora diante da crise capitalista e do desmoronamento dos seus regimes políticos, em meio ao que se aprofunda o caráter nazista dessas forças de repressão.
De nada adianta defender somente a “desmilitarização” dessas tropas de guerra contra o povo. Isso não mudaria o seu caráter, sua estrutura apodrecida, seus modus operandis que se dá entre os mais mal remunerados policiais militares das grandes cidades e os relativamente bem pagos e bem armados “esquadrões de elite” da PRF, da PF, FSN etc.
A única reivindicação democrática e de defesa própria sobrevivência do povo é a dissolução da Polícia, da máquina de guerra contra o povo, de todo o aparato repressivo, e sua substituição por órgãos de defesa e segurança da população, polícias municipais (locais), civis, controladas pelas comunidades, com todos os seus postos de comando eleitos e destituíveis pela população e seus órgãos democráticos.