Falta de energia, frio intenso e mortes. O inverno no hemisfério Norte, iniciado no dia 22 de Dezembro, tornou-se um grande desafio para os países imperialistas. No Japão, 17 pessoas já morreram em decorrência de fortes nevascas, que também deixaram 93 feridos. Além disso, uma torre de transmissão elétrica também foi derrubada por conta da neve, deixando cerca de 20.000 casas sem energia.
Nos Estados Unidos, a principal potência imperialista do mundo, a situação é ainda pior. Desde a última semana, o país sofre o que está sendo chamado de a “nevasca do século”, um ciclone bomba está causando fortes tempestades de inverno. Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS), as temperaturas congelantes podem ir abaixo de -50 °C, uma situação não vista há pelo menos 6 décadas.
Temperaturas congelantes não deveriam ser um problema para países riquíssimos, como é o caso dos Estados Unidos. Entretanto, as tempestades de inverno já resultaram em 62 mortos até o fechamento desta matéria, número que deve aumentar ainda mais nos próximos dias. Só em Nova Iorque, são 28 vítimas, obrigando Joe Biden a declarar estado de emergência na região.
O fornecimento elétrico também é um problema. Milhões de pessoas ficaram sem energia nos últimos dias e, segundo levantamento, cerca de 60% de toda a população dos EUA está sendo afetada pelas nevascas, o que representa quase 200 milhões de pessoas.
A situação é absolutamente drástica. Chegou-se ao ponto de o Washington Post precisarfazer uma seção destinada a ensinar os leitores a se protegerem do frio em uma situação de falta de energia. Não teria o Estado americano condições suficientes para proteger a sua população ao ponto de que dezenas de pessoas – cota que deve chegar às centenas nos próximos dias – morram por conta do frio?
Fato é que o imperialismo está em meio a uma das maiores crises de toda a sua história. Tarefas ordinárias, como combater o frio, algo incumbido à humanidade desde os seus primórdios – a primeira grande invenção do homem foi, justamente, o fogo -, mostram-se um desafio para as grandes potências que não conseguem gerenciar nem mesmo a situação em seus próprios territórios.
Na Europa, a previsão é que a situação seja ainda pior. O inverno europeu, mais severo que o americano e o japonês na maior parte do território, deve causar estragos nunca antes vistos. Isso por conta das sanções que os Estados Unidos impuseram sobre o petróleo e o gás russos, jogando as potências europeias em uma crise energética inédita que, ao que tudo indica, não suportará o inverno sem que haja uma grande convulsão social.
Vários países, como é o caso do Reino Unido e da Alemanha, estão fazendo renascer as suas indústrias de produção de carvão para conseguirem suportar o inverno. A Inglaterra, por exemplo, aprovou, no início deste mês, a sua primeira nova mina de carvão em décadas, o que recebeu críticas por parte dos chamados ambientalistas.
Entretanto, os países europeus, pressionados por suas populações, que tomaram as ruas nos últimos meses contra as sanções à Rússia, já estão indicando que não continuarão acatando as ordens dos Estados Unidos em relação à compra de combustível russo. Afinal, caso os governantes não façam nada para ajudar os trabalhadores, estes lutarão contra o governo para garantir os seus direitos.
Nesse sentido, a perspectiva é que a crise aumente ainda mais. A menos que as sanções imperialistas contra a Rússia sejam extintas, a Europa continuará sofrendo pela falta de energia. Caberá ao inverno deste próximo período definir a gravidade da situação, mas, de qualquer forma, a expectativa é a de que as contradições entre os países imperialistas aumentem, deixando a Europa cada vez mais avessa à política dos Estados Unidos.