– Brasil 247 – Os chefes de Estado e de governo das 30 nações que compõem a Otan pediram à China que “se abstenha de apoiar o esforço de guerra da Rússia” na Ucrânia. A aliança militar também aconselhou Pequim a não tentar ajudar Moscou a contornar as sanções ocidentais.
Após uma Cúpula Extraordinária da Otan em Bruxelas, nesta quinta-feira, que foi dedicada à ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia, a aliança divulgou uma declaração que, além de fortes críticas a Moscou, continha advertências a Pequim também.
“Pedimos a todos os estados, incluindo a República Popular da China (RPC)”, diz o documento, “que se abstenham de apoiar o esforço de guerra da Rússia de qualquer forma e se abstenham de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções”. A declaração da OTAN continua a expressar preocupação com “comentários públicos recentes de funcionários da RPC”, instando “a China a parar de amplificar as falsas narrativas do Kremlin, em particular sobre a guerra e a OTAN”.
A campanha militar do Kremlin na Ucrânia representa a “maior ameaça à segurança euro-atlântica em décadas”, argumentaram os líderes da OTAN. A declaração pede ao presidente Vladimir Putin que “pare imediatamente esta guerra e retire as forças militares da Ucrânia”, bem como “permita acesso humanitário rápido, seguro e desimpedido e passagem segura para civis”.
Uma resolução proposta pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira pedia um cessar-fogo na Ucrânia para que os civis pudessem deixar as áreas mais afetadas pelos combates. No entanto, o documento não foi adotado, pois apenas a Rússia e a China votaram a favor, enquanto os outros 13 membros do Conselho de Segurança se abstiveram.
Em sua declaração nesta quinta-feira, a Otan acusou as forças russas de encenar “ataques devastadores contra civis, incluindo mulheres e crianças” – algo que Moscou negou veementemente o tempo todo.
A aliança militar também alertou os “responsáveis por violações do direito humanitário e internacional, incluindo crimes de guerra” que seriam responsabilizados.
Além disso, os líderes da OTAN prometeram “contrariar as mentiras da Rússia sobre seu ataque à Ucrânia e expor narrativas fabricadas”.
Os parágrafos finais da declaração são dedicados às medidas que a OTAN tomou no mês passado e aquelas que planeja implementar em um futuro próximo. Desde 2014, a aliança militar reconhecidamente fornece “amplo apoio” à Ucrânia, com assistência também a outros países fora da OTAN “afetados por ameaças e interferências russas”.
Em 24 de fevereiro, o presidente Vladimir Putin anunciou o início de uma campanha militar na Ucrânia, que foi precedida pela decisão da Rússia de reconhecer as duas repúblicas do Donbass. Segundo o Kremlin, foi a relutância da Ucrânia em implementar os acordos de Minsk que levou à escalada. Os acordos negociados em 2015 pela Alemanha e França deveriam regularizar o status dessas regiões separatistas na Ucrânia.
Entre os objetivos de Moscou no atual conflito estão garantias firmes de que a Ucrânia se tornará um estado neutro e não se juntará ao bloco militar da OTAN liderado pelos EUA. Kiev e seus aliados ocidentais, por sua vez, descartam todos os itens acima como apenas um pretexto para travar uma agressão “não provocada” contra uma nação soberana.