Pelo segundo ano consecutivo, em pleno ano do bicentenário da Independência do Brasil, Bolsonaro larga na frente da esquerda e comemora a Independência fazendo um grande ato de campanha eleitoral.
Tanto em Brasília quanto em São Paulo, na avenida Paulista, Bolsonaro reuniu milhares de seguidores da sua base popular para comemorar o 7 de Setembro. As comemorações deste ano mostraram que Bolsonaro soube muito melhor do que a esquerda organizar sua base, e usá-la quando necessário. Os empresários seguidores de Bolsonaro se juntaram e levaram milhares de pessoas para esses dois eventos, foram muitos ônibus que saíram de todos os estados do país a fim de apoiar Bolsonaro. O próprio Bolsonaro saiu do ato de Brasília que aconteceu de manhã direto para a avenida Paulista, para o ato da parte da tarde.
Enfim, a esquerda acabou sendo totalmente capturada e usada em benefício da extrema-direita. Um erro que ao que tudo indica sairá caro para a esquerda e para Lula, pois o povo brasileiro não é antinacional, e as pautas nacionalista unificam a população.
Outra questão foi a estratégia muito bem articulada de trazer o coração de D. Pedro I para a comemoração do bicentenário. O coração veio da cidade do Porto em Portugal em um avião da Força Aérea Brasileira na cabine de passageiros, acompanhado de três autoridades portuguesas e um representante do governo brasileiro. O coração ficou em exposição no Palácio do Itamaraty de 25/08 a 05/09, monitorado pela Polícia Federal e Forças Armadas. Conforme o chefe do cerimonial do Itamaraty, o coração foi recebido com honrarias de Chefe de Estado.
A esquerda deveria ter saído na frente em defesa do Brasil, da sua unidade, e não colaborar com os movimentos imperialistas de destruir a história do país e principalmente do plano de dividir o Brasil a fim de tomar posse mais facilmente, já que gigante como o Brasil é, fica muito mais difícil, diríamos, impossível de fazer.
A verdade é que Bolsonaro é de uma hipocrisia descomunal, seus dias de nacionalista há muito já se foram, quando ele concordava com o PT que a Petrobrás não podia ser privatizada, por exemplo. A esquerda deveria ter aproveitado a situação para denunciar isso e mostrar o valor do nosso país e do nosso povo.
Ao invés disso, a esquerda não participou nem do ato do “Grito dos Excluídos”, que é um ato tradicional da ala progressista da Igreja Católica e acontece desde 1995. Este ano foi um ato minúsculo em que a maioria eram os próprios excluídos moradores da Praça da Sé, e alguns poucos representantes de alguns sindicatos pelegos, coletivos e instituições que acharam que levar cachorro quente e arroz doce para o pessoal, era um grande ato político.
A esquerda, principalmente o PT e a CUT, perderam a oportunidade de chamar as pessoas para comemorar o 7 de Setembro, de deixar claro que nós somos os verdadeiros brasileiros, que nós da esquerda defendemos verdadeiramente o país da dominação estrangeira e mais ainda do imperialismo estadunidense. Ao invés de disputar a bandeira e as cores verde e amarelo, a esquerda deveria defender um programa nacional para afirmar a independência do Brasil do jugo imperialista estadunidense, um plano de nacionalização das riquezas do país, defender a Amazônia, enfim, defender um nacionalismo verdadeiro.
É preciso deixar claro que balançar bandeira e cantar hino não é defesa, é só um teatro de quem bate continência para a bandeira dos EUA e alardeia que ama o estado de Israel. Que entregou a Base de Alcântara para os militares dos EUA, privatizou a Eletrobrás e a Petrobras, entregando nossas riquezas naturais praticamente de graça. É puro cinismo.