Nas últimas semanas, intensificaram-se os ataques dos principais monopólios das comunicações da burguesia contra a política econômica, ou uma suposta falta dela, da parte dos candidatos à presidência da República, principalmente contra o candidato da esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva.
Isso ocorre, ao mesmo temo em que vão crescendo os sinais de Bolsonaro detém o apoio majoritário entre os grandes capitalistas, que – mesmo de forma distorcida – se expressa até mesmo nas manipuladas pesquisas eleitorais que aponta que o candidato à reeleição teria um maio apoio entre os setores mais abastados da população.
PIG e a fome
Procurando apresentar suas preocupações e dos setores que defende e apresenta como sendo as da maioria do povo (um velho truque da burguesia e da sua imprensa) , o reacionário jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, publicou artigo intitulado ” ‘Jogo sujo’ de Lula e Bolsonaro supera fome, desemprego e inflação nas redes” (15/10/22), no qual procura fazer propaganda de sua suposta preocupação com a condução da economia e suas consequências na vida da população.
Depois de fazer, o discurso do senso comum de crítica aos milhões de “postagens com conteúdos apelativos, pautas de costume e desinformação” e lamentar que essas “superam discussões sobre fome, desemprego e inflação nas redes sociais”, a matéria, faz campanha do próprio jornal afirmando que há meses “o Estadão propõe, em uma série de reportagens, a discussão de soluções para 15 temas que considera fundamentais para a construção de um país mais justo, eficiente e igualitário. Direcionadas aos candidatos à Presidência, as perguntas abrangem temas como saúde, educação, sustentabilidade e livre-iniciativa”.
Com a tradicional “cara-de-pau” da imprensa capitalista, o jornal procura se apresentar como preocupado com questões como a fome, Saúde, Educação etc. quando apoiou, dentre outros ataques ao povo e às suas condições de vida, o congelamento dos gastos públicos e a “reforma” trabalhista (que destruiu a CLT), no governo Temer, bem como a “reforma” da Previdência (que acabou com a aposentadoria da maioria dos trabalhadores) , no governo Bolsonaro. Se declara preocupado, cinicamente, com o a campanha reacionária (nada incomum) de Bolsonaro quando apoiou todo o esquema que resultou no afastamento criminoso e prisão de Lula das eleições de 2018, para possibilitar a vitória de Bolsonaro e, antes disso, apoiou – entusiasticamente – a criminosa operação Lava Jato da Cia, Moro e de toda a direita contra o principal dirigente da esquerda nacional.
A preocupação é outra
Na mesma linha do “Estadão”, os demais “membros” do “Partido da Imprensa Golpista”, procuram chamar a atenção para a necessidade dos temas econômicos para pressionar o debate em torno daquilo que realmente interessa à burguesia e à sua imprensa. Criticar Lula e, também desta forma, apoiar – efetivamente – o seu candidato, Jair Bolsonaro, pressionando-o para que apoie ainda mais claramente as reivindicações de maior interesse dos capitalistas.
Assim, a revista Veja, atacou a suposta “ausência de sinalizações claras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação às diretrizes econômicas de uma eventual gestão” e lamuriou que isso estaria ” causando incômodo por parte do setor produtivo e do mercado financeiro” (14/10/22).
A “bronca”. da Veja e de amplos setores da burguesia está dirigia – entre outros – ao fato de que o “ex-presidente já afirmou que não manterá o teto de gastos e criticou medidas importantes [para a burguesia solista, NR] adotadas recentemente, como a reforma trabalhista e a autonomia do Banco Central”. A desculpa é que “o silêncio de Lula sobre a questão econômica restringe que investidores movimentem-se baseados nessas diretrizes”.
Para defender sua política e de amplos setores do capital financeiro, a revista e todo o PIG se apoio em supostos “apoiadores” de Lula, ligados ao mercado financeiro, como o tucano e ex-presidente do Banco Central Persio Arida que afirmou “esperar que Lula seja responsável com as contas públicas”. Quem tem aliados assim, não precisa de inimigos.
O centro fracasso quer amarrar o PT
Diante da polarização política entre a esquerda e a extrema direita bolsonarista e do fracasso da direita tradicional (que se disfarça de “centro”). o PIG que integra esse setor, se mostra cada vez mais disposta (até por falta de outra alternativa rela) a pressionar os polos em favor dos seus interesses.
A tucana Folha de S. Paulo, por exemplo, chamou de “acinte” o fato de que “Lula mantenha a opacidade quanto a seus planos e nomes para a gestão da economia”, obviamente, visando pressionar no sentido de que o candidato que a maioria do povo trabalhador apoia, apoie os planos e os “queridinhos” da Folha e da burguesia derrotada nas eleições para o comando da Economia. E, cinicamente, quando toda a burguesia se inclina para apoiar Bolsonaro contra Lula, finge se lamentar que isso ” que pode ter lhe custado a vitória no primeiro turno”. E ainda busca dar lições no sentido dos seus interesses, afirmando que seria “fundamental explicar como manter a recuperação da atividade e buscar o equilíbrio orçamentário, requisitos para a sustentação das políticas sociais” – que eles ajudaram a derrubar nos anos do regime golpista que ajudaram a erguer.
Também aconselham” que “Lula precisa romper com velhas doutrinas estatistas que, ao lado da corrupção, mancharam o legado das administrações petistas”, num claro ataque ao candidato da esquerda. Sem conseguirem classificar seus fracassados candidatos e partidos do “centro” querem que Lula se apresente como um político de direita que se comprometa a manter tudo como está, que anuncie que vai indicar um neoliberal para a Fazenda e BC etc., que via se comportar como um Alckmin ou uma Simone Tebet. Uma política que, obviamente serviria para que Lula, inclusive perdesse parte do apoio popular que tem, justamente, por não ser nenhum desses “zumbis” da direita.
Para a Folha, Lula não deveria sinalizar com nenhuma melhoria para o povo expropriado pelo regime golpista apoiado pelos falidos tucanos, pelo PIG etc. pois, segundo ela ” promessas de mais gastos públicos e intervencionismo decerto podem agradar a ideólogos do partido e militantes, mas afugentam os estratos que têm os olhos voltados para a liberdade econômica” , a “amiga da onça” Folha, diz que o candidato da esquerda deve procurar agradar aos bancos e grande capitalista e não ao povo, uma genial “fórmula” para o sucesso… de Bolsonaro e para a desmoralização política de Lula.
Mais expropriação
A venal imprensa capitalista se lança até mesmo da defesa de propostas sem apoio até mesmo entre os setores da classe média que busca influenciar contra a esquerda.
Um dos chefes do “chefes” do PIG, o jornal O Globo, choraminga que “Lula reapresentou nesta semana uma proposta de aumentar a faixa de isenção no IR para R$ 5 mil, mirando um eleitorado de classe média. A ideia já havia sido trazida pelo ex-presidente no início da corrida eleitoral, mas foi deixada de lado após economistas ligados à campanha avaliarem que a iniciativa poderia não ter efeito prático para reduzir a concentração de riqueza, por implicar em reajustes de alíquotas também para outras faixas” (13/10/22). De fato, se apoia nos “economistas” que se dizem aliados de Lula, para criticar uma tímida medida de acabar uma pequena parte do roubo que é a manutenção sem correção da tabela de descontos do Imposto de Renda das Pessoas Física, quando a única proposta democrática diante da situação seria acabar com o pagamento de imposto de renda sobre os salários, que não constituem “renda” e que se encontram ainda mais violentamente arrochados pelo regime golpista.