Pelé. Esse nome, essa palavra, deveria constar em todos os dicionários. Pelé virou sinônimo de excelência, de pessoa que é boa naquilo que faz.
Chico Buarque, entrevistando o Rei, perguntou se ele sonhava com futebol. A resposta, claro, foi sim, que sonhava, ficava pedindo para tocarem a bola e tal. Durante o papo, Pelé perguntou se Chico também não sonhava com futebol. A resposta, igualmente, foi que sim… mas ele sonhava que era o Pelé.
A morte de Pelé, neste 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos de idade, comoveu o mundo todo. Os principais jornais ao redor da Terra estão dando a notícia. Bilhões de postagens nas redes sociais dão adeus ou comentam a obra desse gênio.
Negro, pobre, Pelé nos mostrou que temos valor. Pelé não mudou apenas o futebol, o que não é pouco. Mudou também o Brasil. Depois dele, começamos a ser vistos com outros olhos. O Brasil virou ‘O País do Futebol’, e esse é o esporte mais popular do planeta, que causa paixão, que alegra a vida da classe trabalhadora e dos oprimidos espalhados por todos os continentes.
Pelé virou unidade de medida. Quer saber se determinado jogador é bom? Compare-o com Pelé. Quantos jogadores podem ser eleitos ‘Atleta do Século’ e elevados à condição de Rei? Nunca mais aparecerá outro igual, essa é uma certeza.
Pelé nos ensinou que não devemos levar desaforo para casa. Foi caçado em campo, apanhou, mas sabia revidar e não deixava barato. Esse tipo de atitude elevou nosso moral, o povo brasileiro começou a se sentir mais autoconfiante.
E o que dizer do orgulho? O brasileiro pôde passar a sentir orgulho de si próprio, produzimos o que há de melhor em termos de esporte. Nosso principal atleta chegou a ser o nome mais conhecido no mundo. Isso não é para qualquer um. Inspirados em sua arte, muitos meninos passaram a jogar futebol e, hoje em dia, o Brasil é considerado a maior fábrica de craques de que se tem notícia. Na final da última Champions League, para se ter uma ideia, nada menos do que oito jogadores eram brasileiros, quase um time completo.
Quem já jogou futebol na rua, ou na várzea, deve se lembrar de algum moleque apelidado de Pelé. Se você fosse pretinho, bom de bola, tinha 90% de chances de ganhar esse apelido.
O que nos resta a fazer é agradecer ao atleta que inspirou artistas, que foi respeitado e admirado por aqueles que eram os melhores naquilo que faziam. Tostão, que jogou a seu lado na Copa de 70, disse que “Pelé estava sempre alegre, sorridente. Atendia a todos com gentileza” e que seu pai, em determinada ocasião, queria conhecer Pelé, a quem apresentou – “Meu pai, emocionado, chorou, como um súdito apaixonado pela realeza”.
Esse é um pequeno quadro desse que mereceu, mais do que ninguém, ser chamado de Rei.