A imprensa golpista vem destacando desde a vitória de Lula no último domingo (30) as negociações com o Centrão acerca da transição política para um governo Lula e a inclusão no orçamento de 2023 de políticas necessárias do novo governo.
O aumento real do salário mínimo é um dos pontos que estão sendo negociados. Outro é a inclusão do Auxílio Brasil de R$600,00. Ontem, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou: “temos que ver todas as possibilidades que nós temos para viabilizar aquilo que foi contratado nas urnas, que é importante. Não podemos entrar em 2023 sem o Auxílio Emergencial [Brasil], sem o aumento do salário mínimo. São coisas que foram contratadas com o povo brasileiro, e tenho certeza que o Congresso tem essa sensibilidade, o Tribunal de Contas [da União] também. Então estamos analisando todas as oportunidades para entregar ao povo brasileiro aquilo que foi contratado com ele no processo eleitoral.”
Gleisi está certa em se preocupar em garantir as propostas de Lula já no orçamento do ano que vem. Contudo, o Congresso, o TCU e as instituições golpistas irão viabilizar a entrada dessas propostas? Qual o custo dos acordos?
Se o Centrão e os golpistas das mais variadas instituições já estão chantageando para liberar o orçamento com o Auxílio e um salário maior do que o que havia sido proposto por Bolsonaro, é óbvio que trabalharão para impedir a viabilidade das outras propostas necessárias para os trabalhadores, tanto as que Lula indicou em sua campanha como as que ele deixou em aberto.
Lula e o PT assinaram realmente um contrato com o povo brasileiro. Mas como foi um contrato virtual, ele é abstrato. Pode ser entendido de uma maneira por uma parte e de outra por outra parte. Wellington Dias pode querer um aumento miserável de 1,3% ─ embora nem Lula tenha uma proposta tão rebaixada ─ mas os trabalhadores querem um aumento muito maior. Se o contrato foi feito, e Lula é responsável por atender às reivindicações do povo, principalmente com base naquilo que ele propôs, então precisa garantir que seja cumprido.
O povo espera que o governo invista em programas sociais mais ousados do que nos governos anteriores do PT, que o governo destine uma parte importante do orçamento para construir hospitais, escolas, universidades, conjuntos habitacionais, etc. Essas são políticas perfeitamente ao alcance do que se propõe o PT.
Portanto, Lula precisa garantir que isso seja contemplado pelo orçamento e, caso os pistoleiros do Centrão não aceitem, deve simplesmente ignorar essa sabotagem e apelar para aqueles que querem esses direitos, precisamente os trabalhadores e a população.
A transição está se revelando uma primeira prova para o governo Lula de como será a sua relação com o Congresso. O governo vai querer colocar em prática as propostas feitas na campanha, que são rejeitadas pela burguesia, e os trabalhadores devem exigir que essas propostas sejam o mais completas possível. O Congresso vai barrar para negociar. E poderá inviabilizá-las. Só nas ruas, apoiado sobre a mobilização popular, Lula poderá garantir que o interesse do povo seja respeitado.





