Criado na cidade de Simacota, no departamento de Santader, na Colômbia, no ano de 1964, o Exército de Libertação Nacional da Colômbia, (ELN), atualmente, conta com quase três mil combatentes. Inspirado na Revolução Cubana, o grupo foi criado a partir de uma insurreição camponesa e se classifica como “porta-voz da população rural oprimida”. Para entender o tamanho do movimento, é necessário saber sobre as suas raízes e sobre como era o cenário político no país da América do Sul quando ele surgiu.
Em 1947, a Colômbia se encontrava em meio a uma grave crise política. No departamento de Boyacá, no sul do país e em Caldas, a polícia chulavita, sob o poder do Partido Conservador, era a responsável pela morte de várias pessoas, o que ocasionava uma revolta e também a miséria da população, contribuindo para a instabilidade econômica e política. O cenário se agravou ainda mais quando Jorge Eliécer Gaitán, político influente na época e um dos principais integrantes do Partido Liberal Colombiano, foi excluído do grupo que representaria a Colômbia na IX Conferência Pan-Americana, que foi realizada em Bogotá. Nessa mesma conferencia estaria presente o general George Marshall, representando os EUA. O general norte-americano tinha a ideia de reprimir as revoltar na América do Sul. O ponto que levou ao acirramento político e social no país, levando a uma revolta popular, foi o assassinato de Gaitán, que estava à beira de vencer as eleiçoes, para governar entre 1950 e 1954, contra Mariano Ospina Pérez, membro do Partido Conservador e presidente da naçao naquele período.
No dia 9 de abril de 1948, Ospina Pérez estava reunido com Marshall, também classificado como caçados de comunistas, numa conferência que estava acontecendo nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, na periferia de Bogotá, era realizada a 9ª Conferência Internacional dos Países Americanos, que discutia sobre um plano de uniao entre os países e argumentava sobre a criação da Organização dos Estados Americanos (OEA). Os militantes cubanos Fidel Castro e Rafael del Pino estacam pelo país e marcaram um encontro com Gaitán para verem a possibilidade de ele participar como orador do Congresso Latino-Americano de Juventude. No entanto, essa reunião nem chegou a acontecer, quando Gaitán estavam a caminho do encontro, foi surpreendido por um jovem armado, que atirou contra o seu peito e a sua cabeça. O político chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Tal acontecimento levou os apoiadores de Gaitán a tomarem as ruas de Bogotá contra o aparato público e a polícia, no episódio que foi denominado El Bogotazo.
Após o golpe de 1963, general conservador Gustavo Rojas Pinilla chegou ao poder e intensificou a repressão contra as guerrilhas. Ele também colocou, três anos depois, o Partido Comunista Colombiano (PCC) na ilegalidade. Diante disso, no ano seguinte, surgem dois movimentos em resposta a essa repressão, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN).
A ELN foi inspirada na Revolução Cubana e, também, na Teologia da Libertação, corrente cristã da América Latina. O grupo fez a sua primeira ação quando uma pequena organização de guerrilheiros tomou a cidade de Simacota. Dessa forma, a região que comportava a cidade de Barrancabermeja e o município de San Vicente del Chucurí era considerada ideal para a criação de uma guerrilha, pois contava com movimentos universitários e sindicais. No ano de 1965, sociólogo e padre Camilo Torres foi quem baseou as ações do grupo. Depois, a ELN foi liderada por Fabio Vásquez Castaño.
Em 1980, surgiu “Domingo Laín”, uma das principais frentes armadas do movimento, quando este ocupou os departamentos de Arauca e Norte de Santander, onde, na década de 1990, enfrentaram o projeto paramilitar. Os departamentos de Antioquia, Bolívar, Chocó, Cauca ou Nariño, no leste da Colômbia também têm predominância do grupo.
Hoje, a ELN é a maior guerrilha da Colômbia e é liderada por Eliécer Herlinto Chamorro, conhecido como Antonio García. Desde 1991, o movimento afirma que está disposto a negociar com o governo do país e encontrar uma solução política para os conflitos, mas ambas as partes nunca chegaram a um ponto em comum.