Neste domingo (16), ocorreu o primeiro debate entre os presidenciáveis do segundo turno das eleições de 2022. O programa, transmitido pela Rede Bandeirantes, atingiu um público histórico e representou a primeira vez que Lula e Bolsonaro se enfrentaram cara a cara na televisão, um momento ímpar na história das eleições brasileiras.
Na ocasião, seguindo a linha equivocada de seus marqueteiros, de insistir em caracterizar Bolsonaro como sendo o maior mentiroso de todos os tempos, Lula afirmou que, nos debates com a direita tradicional, a verdade “sempre prevalecia”.
Primeiramente, é preciso reconhecer que trata-se de uma posição baseada na concepção de que o que está em jogo, nestas eleições, é a democracia. Nesse sentido, Lula, orientado por uma política que não parece ser a sua, procura se aproximar da direita “democrática” ao atacar Bolsonaro por um ângulo que, simplesmente, não é efetivo.
Afinal, não é verdadeira a afirmação em questão. A luta pela eleição de Lula representa, acima de qualquer coisa, a luta da classe operária contra o golpe que foi, inclusive, orquestrado pelos setores que hoje se colocam no campo democrático da política nacional. Uma farsa.
Em segundo lugar, é preciso ficar claro que a fala de Lula, no debate, também não condiz com a realidade. Finalmente, a direita tradicional, representada, principalmente, pelo PSDB, pelo MDB e pelo extinto DEM, é, historicamente, a que mais joga sujo contra a esquerda. Não é à toa que a imprensa burguesa, órgão extra-oficial desses partidos e, consequentemente, do imperialismo, é a responsável pelas mais grotescas campanhas de calúnia e difamação de toda a história.
Um exemplo oportuno, inclusive, ocorreu nas eleições presidenciais de 2014, pleito disputado entre Dilma (PT) e Aécio (PSDB). À época, a revista Veja, um dos principais periódicos da burguesia, antecipou a sua edição para que saísse poucos dias antes da data do segundo turno, pois a publicação tratava, justamente, sobre o Petrolão, um dos instrumentos do golpe contra o PT.
A capa, obviamente, ditou o tom da publicação: Eles sabiam de tudo, dizia a revista, afirmando que Lula e Dilma foram responsáveis pelo Petrolão e, consequentemente, eram grandes corruptos. Houveram, inclusive, uma série de exemplares que foram distribuídos gratuitamente para acabar com a imagem da ex-presidenta dias antes da abertura final das urnas.

Esse é apenas um dos episódios que comprova que a direita tradicional é até mais sorrateira que Bolsonaro no que diz respeito à produção e divulgação de fake news. O próprio golpe de 2016 é mais um exemplo disso, já que consistiu em uma operação montada para acabar com o PT, operação que utilizou a máquina da imprensa burguesa para criar um clima falso de perseguição à corrupção.
Nesse sentido, não existe instituição mais mentirosa do que a imprensa burguesa. O PSDB e cia. não devem ser vistos como aliados na luta contra Bolsonaro, até porque estão, inclusive, apoiando-o nesse segundo turno. Por isso, Lula deve expulsar todos os golpistas de sua campanha, a começar por Alckmin. Esse é o caminho para garantir a sua eleição ao lado da força que verdadeiramente importa: a classe operária brasileira.