─ Verdade Concreta ─ Em um artigo recente publicado pelo “think tank” Atlantic Council, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) enviou recados indiretos e revelou os seus anseios em torno da posse do novo presidente colombiano Gustavo Petro, uma vez que a Colômbia funciona como uma base de operações norte-americana na América do Sul, justamente por isso o trabalho atlanticista para impedir que o novo governo dê qualquer passo em direção à soberania.
Uma das preocupações levantadas pelo artigo diz respeito à questão da política de combate às drogas na Colômbia, situação em torno da qual se desenrola um complexo jogo político que os norte-americanos exploram para infiltrar-se no sistema político e de segurança da Colômbia através do discurso “antidrogas”, que na verdade é uma porta de entrada para que os ianques promovam as mais variadas manobras de interferência no país.
Historicamente, o discurso de combate ao narcotráfico é utilizado pelos Estados Unidos para intrometer-se na política e na segurança colombiana, o que inclusive coloca o discurso na mão inversa daquilo que materialmente acontece no país, já que os próprios norte-americanos utilizam o país como ponto para produção de drogas que abastecem o mercado consumidor interno nos Estados Unidos.
Uma parte considerável das operações de desestabilização internacional promovidas pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) é bancada pelo dinheiro do negócio das drogas produzidas por eles próprios, como tem ocorrido no Afeganistão nas últimas décadas, sobretudo durante o período de ocupação militar do país, que produzia boa parte da heroína consumida nos mercados europeus.
Outro ponto de preocupação do artigo (e que dá origem ao título do presente texto) diz respeito às relações entre Colômbia e Venezuela, já que Gustavo Petro, como figura da esquerda política colombiana, não pode ter um discurso diferente que não o de aproximação em relação ao governo venezuelano, o que não significa propriamente o avanço de uma unidade regional na América do Sul, já que o conteúdo da aproximação depende do nível de soberania que o governo colombiano buscará.
Diga-se de passagem, Samantha Power, pessoa que está à frente da USAID, organismo ianque voltado para a desestabilização de regimes soberanos no mundo, esteve presente na cerimonia de posse de Petro, o que pode significar não só que o governo já inicia sob a ameaça de instabilidades internas, como também pode ser utilizado como cavalo de troia, através do discurso de aproximação com a Venezuela, para infiltrar instabilidades no país vizinho.
Por fim, preciso destacar que o artigo do Atlantic Council também toca na preocupação em relação aos contratos de exploração de petróleo e gás pelos ianques na Colômbia, o que significa um claro envio de recados, por parte do atlanticismo, de que o novo governo não deve ousar qualquer política soberana sobre os seus recursos energéticos, sobretudo em contexto de crise energética global, movimento esse que é um dos fatores que explicam a pressão norte-americana sobre a Venezuela.
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