Em editorial, jornal apoiador do golpe de estado contra Dilma em 2016 e um dos responsáveis pela subida ao poder de Jair Bolsonaro, critica o mesmo por não ter privatizado a VALEC e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
Segundo o “Estadão” essas empresas não tem mais sentido de existir pois as prerrogativas atribuídas a elas podem ser perfeitamente realizadas pela iniciativa privada.
Citam inclusive a constituição e se referem ao artigo 173 que estabelece que “a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”, ressalvados casos previstos na própria Carta Magna.
Mas esquecem os donos do jornal que a atividade compreendida pelas duas empresas são de interesse público e não tem concorrentes no mercado, e a época que foram criadas nenhuma empresa da iniciativa privada queria investir em ferrovias ou em transporte de passageiros por trem de alta velocidade.
Mas que agora que as empresas estão prontas e entregando a sua expertise a sociedade querem que as mesmas sejam vendidas, leia-se, doadas a iniciativa privada.
Cabe lembrar que as empresas públicas em todo mundo existem para desenvolver setores estratégicos para o progresso da sociedade, como é o caso das siderúrgicas e hidroelétricas, só para citar duas.
No caso do Brasil existem hoje pouquíssimas estatais, 155 segundo o estadão, e apenas 18 delas dependem de aportes do estado, e todas as outras são lucrativas.
Esse detalhe acima citado no próprio editorial do jornal, que deve ter passado despercebido pelo pau mandado que escreveu a matéria, já demonstra por si só que a gruande maioria das empresas estatais não são dependentes do estado, e as que são, 18 apenas, consomem bem pouco do orçamento se comparado aos escorchantes juros pagos aos bancos nacionais e estrangeiros.
O que fica bem claro no editorial é que a burguesia quer todas as empresas públicas privatizadas, ou seja, que o bem coletivo seja dado aos parasitas privados para que possam roubar ainda mais o povo brasileiro.
Bolsonaro por suas contradições com sua base eleitoral não conseguiu fazer isso a contento, e por outro lado mandam um aviso a Lula e o PT e dizem em alto e bom som, que não vão tolerar nenhuma estatização e que as que existem devem ir pro colo dos capitalistas.
A esquerda, principalmente o PT, não deve alimentar ilusões de receber apoio da burguesia, Lula disse em suas últimas entrevistas que não ira atender aos interesses do mercado e irá governar para o povo, posição reafirmada pela presidenta do PT, Gleise Hoffman.
Diante das afirmações dos petistas a burguesia, que já não ia apoiar Lula de qualquer modo, fechou questão com relação a evitar a todo custo a eleição de um novo governo de esquerda, por menos esquerdista que seja.
Os ataques já começaram com a série especial sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel, e isso é apenas o aperitivo para o chumbo grosso que vai vir durante a campanha.
A única opção para Lula é se apoiar nos setores progressistas da sociedade e no próprio povo.
O acordo tem que ser com o povo e não com seus inimigos.


