Era o ano de 1959, 2 de agosto, um domingo, e em seu estádio da rua Javari, no bairro da Mooca, o Juventus enfrentou o Santos pelo Campeonato Paulista. Pelé ainda não tinha completado 19 anos e marcou, segundo ele próprio, o gol mais bonito de sua vida.
Pelé já tinha marca de artilheiro do Paulistão, marcou 58 gols em 19858. Marca nunca mais alcançada. E o craque foi artilheiro do campeonato por 11 vezes, seguido por Arthur Friedenreich, que foi 9 vezes.
Aos 42 minutos do segundo tempo, Pelé, que já havia marcado duas vezes, fez essa obra-prima que, para nossa infelicidade, não tem registro feito por televisão ou câmeras de filmagem.
Durval cruzou da direita para Pelé que estava na meia-lua chapelou Julinho, Homero se aproximou e também foi encoberto, Clóvis deu o combate e também foi chapelado. Finalmente, Mão de Onça, o goleiro juventino, foi pra cima e também tomou um chapéu. Pelé, com a bola no alto depois de passar pelo goleiro, meteu de cabeça para as redes.
O estádio todo, com público de dez mil pessoas, aplaudiu. Antes, porém, a torcida vaiava e mexia com ele. Segundo Mão de Onça (Durval de Moraes), o começo do lance foi justamente essa provocação. “Falavam que ele não era de nada, que não sei o quê. Então, inflamaram a fera, e naquela jogada ele fez aquilo que todo mundo sabe”. Os próprios jogadores adversários correram para cumprimentar o gênio.
Discussão
Como em toda partida, os jogadores do Juventus começaram a discutir como deveria ter sido a marcação sobre Pelé. Rodrigues, que estava jogando como lateral-esquerdo, voltou para os companheiros da defesa e gritou “Este é o gol mais bonito que já vi! Por que vocês estão brabos? Têm é abraçar o Pelé”; ao que Mão de Onça respondeu: “Então, vai lá você abraçar!”
Dá para imaginar a situação do goleiro, que pulou para pegar a bola, não achou nada, e ainda aterrissou em uma poça de água e lama, pois tinha chovido naquela manhã. Mão de Onça disse que ficou indeciso para dar o bote, pois tinha a esperança de que a bola caísse na poça, pois assim não quicaria, mas Pelé foi mais rápido.
“Não é porque foi em mim não, mas não vi gol mais bonito até hoje”
Aqui tem um detalhe que pode passar sem que muitos percebam: a condição do campo. Pelé fazia essas jogadas em condições totalmente adversas. O campo molhado encharcava a bola que se deformava, pois era de couro. As chuteiras também ficavam terrivelmente desconfortáveis, o mesmo se pode dizer dos uniformes, que eram feitos de algodão. Nos dias de hoje, as camisas dos jogadores têm até controle de ventilação e eliminação de suor.
Mais um ponto para esse que é o maior jogador de todos os tempos.