O ano de 2022 foi extremamente turbulento para o Brasil, sobretudo politicamente. Em ano de eleições, é normal que a burguesia e o povo fiquem mais atiçados, que a polarização aumente e que vejamos casos de repressão intensa, por um lado, e de resistência ferrenha, por outro.
Isso pode ser muito bem observado quando fazemos uma retrospectiva do ano com o Partido da Causa Operária. A legenda foi intensamente atacada, com a burguesia tomando ações realmente drásticas quanto ao partido e sua militância.
O fator mais grave que podemos citar foi a censura ocorrida em meados de junho, quando o Supremos Tribunal Federal bloqueou diversas contas do PCO por ter criticado o ministro Alexandre de Moraes em uma postagem, apelidando-o de “skinhead de toga” no meio da investida censuradora que o Deus-ministro estava fazendo na época.
O clima esquentou e Alexandre de Moraes investiu pesadamente contra o PCO, censurando suas redes, seus militantes e colocando até mesmo a legenda na tão falada CPI das fake news sem nenhum motivo ou prova aparente.
Diversas redes sociais tentaram afirmar que as atitudes de Moraes se configuram em censura prévia, ressaltando que uma postagem que muitas vezes não é nem mesmo ilegal não era um motivo para bloquear páginas inteiras de um partido político.
Por se opor a burguesia e as instituições democráticas, assim como todos que se dizem contra o sistema deveriam fazer, o PCO foi duramente censurado. Ainda hoje seus vídeos são desmonetizados ou derrubados por questionar coisas como a urna eletrônica e a lisura das eleições, mesmo sem alegar absolutamente nada.
O PCO possui princípios, e a eles segue de maneira enfática. Um desses principios, por exemplo, é a defesa das liberdades democráticas, incluindo a liberdade de expressão irrestrita. Essa posição fez com que o partido saísse em defesa de figuras como Monark, diversos humoristas e bolsonaristas que foram censurados apenas por falar ou, em muitas vezes, tuitar.
Essa defesa, por sua vez, foi rechaçada pela esquerda pequeno-burguesa sem princípios, que não percebe, por algum motivo, que a censura por parte do Estado é algo terrível pela sociedade, afinal, consiste basicamente na burguesia decidindo o que é verdade e o que é mentira sobre o que ela quiser. Será que esse setor pararia de defender a Palestina, por exemplo, caso a burguesia afirmasse e impusesse uma lei tornando o ataque a Israel uma demonstração de antissemitismo e, portanto, proibido por lei?
O fato é que o PCO mantém sua cabeça erguida frente a todos esses ataques e, por isso, é um dos principais alvos da burguesia. Por ser um partido pequeno, o PCO perdeu uma série de direitos nas eleições de 2022, o que também é uma demonstração desse fator.
Não ter passado pela cláusula de barreira por conta dos esforços da burguesia para barrar o partido de espalhar sua ideologia fez com que o PCO não tivesse direito a propaganda política na TV aberta, assim como teve seu fundo eleitoral bloqueado por mais de uma semana mesmo após o início da campanha eleitoral.
Esse fundo, que já é minúsculo frente ao fundo de outros partidos, além de não ser o suficiente para arcar com as despesas de todas as candidaturas, só foi liberado bem depois do início da campanha, atrasando a já minúscula oportunidade de propaganda política que seria feita pelo PCO. Além de não ter espaço na TV aberta, a legenda estava sendo privada de ter espaço nas ruas.
Como uma marretada final da burguesia, dezenas de candidaturas, desde deputados estaduais até o governador, foram indeferidas pelo TSE. A burocracia eleitoral é esmagadora e não deu chances para que a legenda, já com pouco orçamento, conseguisse correr atrás de todos os trâmites necessários para regularizar as candidaturas, algo absurdo, considerando que acaba se tornando um obstáculo enorme para qualquer um que queira se candidatar.
Mas nada disso fez com que o PCO recuasse. Quando bloquearam as redes do partido, seus apoiadores criaram novas redes. Quando essas redes foram censuradas novamente, outras redes surgiram — e assim continuará sendo feito. Quando impediram o PCO de participar da propaganda eleitoral e bloquearam seu fundo, o partido iniciou uma campanha financeira e afirmou que aquele dinheiro seria conseguido, de uma forma ou de outra.
Quando seu direito a propaganda foi negado pelo TSE, o PCO juntou sua militância e seus simpatizantes e, no tempo que restava da campanha eleitoral, distribuiu cerca de 5 milhões de panfletos no Brasil inteiro, sendo 1 milhão apenas em São Paulo, apenas no primeiro turno.
Fica evidente que o partido incomoda a burguesia. Mesmo pequeno, o Estado faz de tudo para censurar seus militantes e dirigentes, atacando-os de todas as maneiras possíveis, tentando desestabilizar a legenda. Da mesma forma, o PCO já deixou claro que, se o TSE, o STF, a burguesia, a extrema-direita ou qualquer outro setor quiser calá-lo, calar suas convicções, sua militância e sua mobilização, a situação não ficará leve para ninguém. O partido não baixa a cabeça e não irá fazê-lo para quem quer que seja, sendo sua desestabilização algo muito improvável frente a sua organização e união em tempos atuais.