No começo deste ano, o Cazaquistão foi palco de um movimento que, pela imprensa burguesa, foi chamado de revolta popular. Entretanto, longe disso, tudo indica que houve a mão de organizações imperialistas no movimento para sabotar o governo do país, algo já visto, mais recentemente, com Lukashenko, na Bielorrússia
O modus operandi do imperialismo, todavia, carece de inovações. Por volta da metade do século passado, as grandes operações financiadas pela CIA precisaram ser enfeitadas. Surgiu, com isso, o National Endowment for Democracy (NED), um órgão dos Estados Unidos cujo objetivo é financiar organizações e projetos em prol da democracia em outros países. Decerto que não se trata disso, mas sim de um artifício pelo qual o imperialismo intervém diretamente na política interna de qualquer lugar do mundo.
No Cazaquistão, não foi diferente. Segundo a página oficial do NED, mais de um milhão de dólares foram injetados pelo órgão no país somente em 2020. Os objetivos de cada investimento vão desde a promoção do direito de reuniões pacíficas, a promoção do engajamento cívico da juventude cazaquistanesa, a defesa dos direitos humanos, até a promoção de um veículo de notícias nacionais independente nas línguas russa e cazaque, entre outros.
Apesar do jargão utilizado pelo imperialismo, cada um desses objetivos não passam de farsas. O dinheiro é utilizado para financiar ações contra a soberania de determinado país, exatamente uma tentativa de colocar o governo na linha pró-imperialista. Não é à toa que dentre as organizações citadas está o Clube de Jornalistas Cazaques, criado para “promover um entendimento público e debater acerca da era soviética e da história recente do Cazaquistão”. Ou seja, uma verdadeira máquina de manipulação ideológica.
Aqui no Brasil, como revelado por este Diário em uma série de reportagens exclusivas, o NED atuou no país durante o golpe de Estado através de organizações e movimentos reacionários como o Não Vai Ter Copa, ligado diretamente à figura de Boulos, que hoje é funcionário do IREE, instituto que também mantém relações com o NED. Finalmente, o NED financia diversas instituições identitárias ao redor de todo o mundo.
Com isso, fica claro que a atuação do imperialismo no Cazaquistão serviu para desestabilizar o país, resultando nas revoltas absolutamente artificiais deste ano. Tanto que foram noticiadas diversas imagens que mostravam “manifestantes” equipados com armas e roupas extremamente modernas, rendendo, inclusive, policiais cazaques.
Tudo foi preparado pelo imperialismo anteriormente, algo que fica mais claro à medida que as tensões entre os Estados Unidos e a Rússia esquentam, colocando o Cazaquistão como um território de interesse estratégico dentro dessa disputa.
A dominação imperialista já ceifou a vida de milhões de pessoas em todo o mundo e, agora que a crise econômica do capitalismo se acentua, sua política de terra arrasada se tornará cada vez mais agressiva. O único enfrentamento dentro de todo esse cenário é por meio da luta pela revolução, luta essa que deve unir os trabalhadores de todos os países por um objetivo em comum: o fim do imperialismo.