HIV/AIDS

Mortes por HIV crescem no Brasil com o sistema de saúde devastado

Diante do massacre da população negra, o número de casos de infecção e morte por HIV/AIDS abarca mais homens pretos.

O número de mortes por HIV voltou a crescer no Brasil após sete anos.

O HIV é o vírus que causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), e o primeiro caso no Brasil surgiu há 41 anos.  

Segundo o Ministério da Saúde, após sete anos em queda, o número de infecções e mortes por HIV/AIDS voltou a crescer entre os homens, segundo o último levantamento que é de 2021. 

Diferentemente dos dados de 2011, onde a maioria (pequena maioria, apenas 1% a mais) dos casos diagnosticados de HIV era de homens brancos, 46,1% contra 45,1% de homens pretos e pardos, agora a maioria dos infectados são homens pretos. 

Entre 2020 e 2021 houve um aumento de 8% de diagnósticos registrados no Ministério da Saúde, sendo que 58,5% são de homens pretos e pardos, um total de 7.313. 

Não foi só a infecção pelo vírus HIV que aumentou, o número de mortes por AIDS também. Foram 7.976 mortes em 2021, contra  7.613 em 2020, 363 mortes a mais, sendo que 59% foram de homens pretos. 

Houve também aumento da infecção e morte de HIV/AIDS entre os jovens de 14 a 29 anos nos últimos dez anos. Foram 7.970 novos infectados, antes eram 6.641 infectados,  um aumento de 20%. 

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Veriano Terto, questões sociais e falta de um plano de campanha pública de orientação são responsáveis por esse crescimento: “Não podemos falar que há uma falha nas campanhas de Aids do governo para jovens negros. A verdade é que essas ações raramente são pensadas. Nos dias de hoje, podemos falar que elas praticamente não existem”, e que: “os índices, basicamente, refletem a desigualdade social e racial presente no país”; “Em comparação à população branca do Brasil, os negros têm menos acesso a serviços de saúde de qualidade, como insumos de prevenção e tratamentos. São pessoas em posição economicamente desigual”.

A questão aqui não é muito complexa de se compreender. Desde o golpe, quando o ilegítimo presidente Temer estabeleceu o teto de gastos, que foi seguida por Bolsonaro, e a política econômica neoliberal acelerou o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), para privatizar tudo que podiam e um pouco mais, a saúde foi e está devastada. Todas as campanhas de orientação e prevenção de doenças como a HIV/AIDS foram prejudicadas de forma contundente, não há dinheiro para nada (ou melhor, só há para os bancos), nem para as medicações necessárias para tratamento e prevenção.

A outra questão é a econômica. Os negros são uma grande parte da sociedade escravizada pela burguesia, faz todo sentido que diante do sucateamento da saúde, que é onde a população pobre deveria ter acesso a saúde, seja a mais prejudicada. A população negra, pobre, oprimida, desempregada, miserável, não tem dinheiro para ter um convênio médico particular, depende do SUS.

A política a ser levada adiante, no entanto, é que ninguém deveria ter um plano de saúde particular, já que dinheiro para ter um SUS de qualidade tem, só não está no lugar certo, e dependerá da organização dos trabalhadores garantir que seja empregado na saúde pública.

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