À medida em que o imperialismo perde o controle da situação na Ucrânia, perde, também, o controle sobre a propaganda que o mesmo faz por meio da imprensa burguesa. Ou seja, cada vez mais, fica difícil controlar todos os seus consórcios ao redor do mundo e por isso, eventualmente, chegam à superfície denúncias que reforçam o caráter da cobertura imperialista dos acontecimentos da guerra.
Neste sábado (30), o UOL, do grupo Folha, publicou uma matéria intitulada Covid, suicídio e pouca comida: brasileiro conta rotina em tropa na Ucrânia. No artigo, o veículo apresenta a narrativa de Fábio Junior de Oliveira, um brasileiro que, por algum motivo (provavelmente atrelado à ideologia nazista), resolveu ir à Ucrânia e participar dos batalhões de voluntários – leia-se mercenários.
Entretanto, o cenário que encontrou foi absolutamente caótico, como o próprio título da matéria indica. Ou seja, nada do que diz a imprensa burguesa, que procura passar a imagem de organização e eficiência exemplares por parte das tropas ucranianas.
“Mesmo dentro de um batalhão de treinamento, só tinha banho duas vezes por semana, quando chegava o caminhão com chuveiros. A comida era controlada e não supria as nossas necessidades. Eles [ucranianos] não têm nem paiol. A munição ficava guardada dentro de um buraco no chão coberto por galhos”, diz Fábio.
A precariedade foi tamanha que, de um batalhão de 30 pessoas, 27 pediram dispensa. E os outros três, desligados. Sem contar em um dos soldados que, utilizando munição própria para treinamento, cometeu suicídio.
“Ninguém quer ir para o front de batalha com o colete desajustado no corpo. Porque, se tomar um tiro, você vai morrer”, colocou o ex-militar brasileiro.
Como se não bastasse, todos os mercenários alojados na barraca de Fábio estavam infectados pelo coronavírus. Sem dispensa, ele conta que teve de conciliar seu treinamento com o tratamento da doença. Um verdadeiro fiasco!
A realidade não condiz com o conto
Durante o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a imprensa imperialista adotou uma postura completamente fantasiosa. Procuraram esconder o que de fato ocorria na região do Donbass, fato que obrigou a imprensa Causa Operária a enviar dois correspondentes à Rússia.
Dentro disso, uma das campanhas feitas era a de que a luta estava extremamente equilibrada entre os dois lados. Eventualmente, surgia até mesmo notícias da superioridade das tropas ucranianas no conflito, que estariam esmagando os russos.
Agora que a situação se complica, fica cada vez mais claro que cada palavra da imprensa capitalista acerca do conflito não passa de uma farsa. A realidade é outra e, de maneira geral, aponta para um cenário devastador das tropas ucranianas. Tropas que são, inclusive, obrigadas pelos batalhões nazistas a lutarem e não se renderem na guerra.
Um adendo: o Brasil e a Ucrânia
Outro aspecto interessante acerca do relato do mercenário mineiro, são suas declarações acerca da percepção que o exército da Ucrânia tem dos brasileiros. Segundo Fábio, os soldados ucranianos haviam recebido orientações impedindo o alistamento de novos brasileiros aos batalhões de voluntários. Algo que, posteriormente, foi flexibilizado.
Por quê? Explicitamente por conta da política adotada pelo governo Bolsonaro, de isenção, frente à operação especial da Rússia na Ucrânia. Um demonstrativo importante da “neutralidade” do Brasil no conflito.