As primeiras semanas da campanha eleitoral oficial deixaram claro pelo menos duas coisas, que o principal palco das eleições continua a ser a imprensa monopolista e que ela tenta empurrar Simone Tebet goela abaixo do povo.
A primeira rodada de entrevistas no Jornal Nacional, da Rede Globo, deu a letra de qual seria o tom adotado com cada um dos candidatos. A participação de Bolsonaro foi quase uma briga, o que ajudou a reforçar a tese bolsonarista de que a Globo apoia o PT. Com Lula, o assunto que dominou a entrevista foi a boa e velha “corrupção”, uma falsificação que essa imprensa forjou por muitos anos e que continuará usando quando o assunto for o Partido dos Trabalhadores.
No entanto, com Tebet o espaço funcionou como uma entrevista. Uma entrevista tranquila, sem polêmicas, sem acusações, onde a latifundiária teve espaço para falar do seu programa de governo, o que deveria ter ocorrido em todas as entrevistas da série. Mais do que isso, ficou bem evidente que se tratou de uma entrevista “chapa branca”, parecendo que Tebet já sabia quais perguntas seriam feitas para dar o pontapé inicial na candidatura da terceira via.
Após o debate eleitoral ocorrido no domingo, novamente na televisão, a discussão sobre as eleições girou em torno do evento. Se nas entrevistas citadas, já era bem nítida a tentativa de favorecer a candidatura do MDB, a cobertura do debate pela imprensa comprova que a burguesia está investindo pesado em Tebet. Se a terceira via não vingar, não será por falta de tentativa.
Cabe citar algumas manchetes da segunda-feira: Estado de São Paulo: Debate Band: “Com Bolsonaro e Lula fora de foco, Simone Tebet e Soraya Thronicke roubaram a cena”; Folha de São Paulo: “Datafolha: Bolsonaro é o pior do debate, e Tebet, a melhor, dizem eleitores indecisos”; Merval Pereira, O Globo: “Simone e Ciro foram bem, mas é difícil alcançar Bolsonaro”.
Coberta com o manto identitário, Tebet focou sua apagada participação simplesmente em destacar o fato de ser uma mulher. Com a ajuda da atuação bestial de Bolsonaro, formou-se um quadro que foi muito explorado pela imprensa burguesa: “mulheres” contra Bolsonaro. E estamos só no começo da encenação, para não deixar o caminho livre para Lula, a imprensa vai trabalhar para estabelecer que, se não é tão machista quanto Bolsonaro, Lula não está muito longe, afinal não passar de um “homem”.
O resumo feito pelos monopólios da comunicação é simples, Lula e Bolsonaro são mais do mesmo, corruptos, homens, “polarizadores”, sedentos pelo poder… Tebet é um “rosto novo”, uma mulher preocupada com os rumos do país, alguém que merece uma chance dos brasileiros. Preparem-se, o espetáculo está apenas começando.