Segundo a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc), atos infracionais registrados dentro das escolas públicas de gestão compartilhada do Distrito Federal dobrou em comparação ao período entre 2019 e 2022. Isto é, a presença da polícia nas escolas públicas não reflete o aumento da disciplina, mas a perseguição da juventude secundaristas, sobretudo juventude negra, e o ataque aos direitos dos filhos dos trabalhadores.
A Promotoria divulgou dados contidos em registros da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Tomando como base que o ano letivo tenha 200 dias, 119 ocorrências foram registradas nos centros educacionais militarizados. Os dados apontam que a média diária de atos infracionais foi de 0,59 entre 2019 e 2022. Ou seja, um conflito a cada 48 horas.
Apenas no ano de 2022, de 15 de fevereiro a 12 de maio, a DCA recebeu 70 queixas. O recorte de anos letivos analisados é de 59 dias letivos e, levando isso em consideração, a média de episódios saltou para 1,18. O número literalmente dobrou, chegando a um ato infracional a cada 24 horas, neste ano, entre os 17 colégios participantes do programa de militarização das escolas.
Uma das principais desculpas para impor esse modelo de militarização das escolas são os índices de violência nos ambientes de estudo. Com os resultados da pesquisa, vemos que a presença da polícia assassina não contribui em nada pedagogicamente. Os militares não conseguem controlar a situação nas escolas justamente porque sua gestão não tem como objetivo a formação plena do indivíduo, mas sim aquele incorporado cotidianamente à política militar, que é o de violentar e atacar os direitos da população jovem e estudante.
O verdadeiro objetivo da medida é atacar diretamente o movimento estudantil secundarista e criar mais uma via de repressão à classe trabalhadora. Finalmente, a militarização das escolas insere um dos maiores algozes da juventude, a polícia militar, no seio do ambiente em que se faz a política estudantil.