Desde o início da operação especial russa na Ucrânia, há cerca de 2 meses, um grande número de pessoas, procurando fugir do conflito que, de fato, não lhes diz respeito, decidiu emigrar para regiões e países vizinhos ao território ucraniano. Para tal, uma série de corredores humanitários, ou seja, zonas de neutralidade dentro da guerra, foram estabelecidos para evacuar essas pessoas.
Dentro disso, a Ucrânia, e o imperialismo, como um todo, dificultaram de maneira gravíssima o acesso daqueles que queriam se deslocar à Rússia. Encabeçado pelos batalhões nazistas ucranianos, este boicote foi feito de maneira violenta e, agora, com o desenvolver do conflito, clareia-se qual foi o destino destas pessoas.
Segundo dados do Ministério de Defesa da Federação Russa, em 19 de março, ou seja, ainda no começo do conflito, cerca de 3 milhões de ucranianos desejavam imigrar para a Rússia. Ademais, segundo dados da imprensa imperialista, em 6 de abril, mais de 2 milhões de ucranianos entraram na Polônia em um intervalo de algumas semanas.
Mais recentemente, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados previu que, no total, serão mais de 8 milhões de ucranianos que deixarão a sua terra. Cifra que pode ser, inclusive, otimista.
Logo, fica claro que, mesmo que os dados não sejam necessariamente precisos – principalmente os provenientes de consórcios imperialistas, que são conhecidamente fabricados -, é possível pintar um quadro da situação dos refugiados na Ucrânia. E a conclusão é a de que, no mínimo, temos uma das maiores crises de refugiados da história da Europa.
Antes de qualquer coisa, é preciso esclarecer um ponto crucial de toda esta análise. Ao contrário do que diz a imprensa imperialista, essa crise é consequência direta da intervenção dos Estados Unidos na Ucrânia. A operação especial da Rússia é justamente uma resposta, uma expressão de auto defesa contra os ataques do imperialismo na região que, desde o golpe de 2014, assolam o povo do Donbass.
A demagogia imperialista
Um dos aspectos centrais da propaganda do imperialismo na Ucrânia é o de incentivar a luta do povo comum contra os “invasores” russos. É uma política que tem sido resumida pela frase “lutar até o último ucraniano”. Em outras palavras, uma campanha para jogar a população ucraniana na guerra, uma tática utilizada justamente para prolongar o conflito e desgastar os russos. Tudo isso, obviamente, às custas das vidas dos trabalhadores.
Ao mesmo tempo em que realiza essa campanha, o imperialismo, procurando manter seu ar de “humanitário”, afirma estar de portas abertas àqueles ucranianos que queiram sair de suas casas (as 8 milhões de pessoas, basicamente). Todavia, estaria, o imperialismo, realmente cumprindo com a sua palavra?
A farsa do acolhimento imperialista
Seguindo a tradição da moral burguesa, os países imperialistas, como era de se esperar, não cumpriram a sua palavra de que iriam, efetivamente, admitir refugiados ucranianos em seus países. Os casos mais gritantes dessa farsa ocorreram nos Estados Unidos e no Reino Unido.
No Reino Unido, o governo de Boris resistiu a abrir as portas de seu país aos ucranianos por muito tempo. Entretanto, à medida que a situação se agravou, foi obrigado a instituir o programa “Casa para a Ucrânia”, no qual pessoas receberiam refugiados em suas casas em troca de um subsídio de 350 libras esterlinas do governo. Entretanto, uma reportagem do jornal americano The Guardian, revelou que este plano estava sendo sabotado de dentro para fora.
Segundo a reportagem, o governo estaria emitindo vistos para uma família ucraniana inteira, menos para, por exemplo, um dos filhos da família. Dessa maneira, a vinda da família é inviabilizada, ao mesmo tempo em que o governo propagandeia a emissão de vários vistos.
Nos EUA, a situação é ainda pior. No início do conflito, Biden anunciou que admitiria a entrada de 100.000 ucranianos no país. Entretanto, até o momento, Washington aceitou surpreendentes 12 (doze) pessoas. Isso mesmo, 12 pessoas. Percebendo o tamanho da vergonha, Biden anunciou um programa de admissão de refugiados ucranianos que, até o momento, tem tudo para copiar o exemplo britânico.
Tudo isso enquanto o número de refugiados ucranianos não para de crescer na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Crescimento que chegou ao ponto do surgimento de “cidades de tenda” na fronteira.
E os outros?
No resto dos países europeus e no Canadá, a situação não é muito diferente. Em geral, o povo ucraniano sofre nas mãos dos governos imperialistas ao redor de todo o mundo, sendo obrigados a se submeter, até mesmo, à prostituição em troca de uma moradia. Sem contar nos valores exorbitantes os quais lhes são atribuídos pelos governos em decorrência de exames médicos obrigatórios.
A crise envolvendo os refugiados chegou a tal ponto que, até mesmo um jornal holandês ardentemente anti-Rússia, teve de admitir o sucesso do acolhimento russo. Um jornalista foi enviado à Muromtsevo, na Rússia e, lá, entrevistou alguns refugiados que afirmaram estarem extremamente satisfeitos por terem parado no país. O fiasco foi tão grande que o veículo foi obrigado a adicionar, ao final do artigo, um aviso acerca da procedência dos diálogos apresentados.
Finalmente, fica claro que o imperialismo tem um único interesse no conflito na Ucrânia: atacar a Rússia sem entrar diretamente em um embate bélico. Para tal, usa o povo ucraniano como bucha de canhão, jogando-os à fome, miséria e, no final, ao abandono.