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Bonzinho é o cacete

Lula tem que parar de ser tchutchuca e começar a ser tigrão

Lula precisa modificar radicalmente sua postura nos debates

Na última segunda-feira (28), aconteceu o primeiro debate entre os candidatos a presidente da República deste ano. O evento foi organizado pelo grupo Bandeirantes e contou ainda com a participação do UOL, Folha de S.Paulo e TV Cultura. Estiveram presentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (PMDB), Felipe D’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil).

O debate confirmou a importância superior da televisão em relação a todos os meios de comunicação. Aquilo que aparece na televisão é visto por dezenas de milhares de pessoas e acaba servindo de orientação política geral para o conjunto da imprensa burguesa, quase toda ela associada diretamente às poucas famílias que possuem uma concessão de TV pública.

Dito de outra maneira, o que mais se falou ao longo da quarta-feira (29) foi o próprio debate. E não propriamente o que cada candidato respondeu, uma vez que os debates e entrevistas organizados pela imprensa capitalista não servem para a discussão de ideias e de um programa, mas sim para posicionar os candidatos de acordo com os interesses da burguesia.

Quem acompanha minimamente a política nacional sabe qual é o programa de Simone Tebet, de Jair Bolsonaro ou Lula. Os primeiros são funcionários dos bancos, defendem as privatizações e a repressão do Estado, enquanto o segundo defende, em linhas gerais, o trabalho e o movimento sindical e popular. No entanto, uma vez que esses candidatos são processados pela máquina dos debates e entrevistas da imprensa, logo se tornam aquilo que a imprensa quer que eles sejam.

Bolsonaro, criticado de todos os lados, antes, durante e depois do debate, saiu como o “genocida”, “grosseiro”, “fisiológico”, “misógino” etc. Isto é, como um ser desprezível, de quem a burguesia e a classe média moralista deveriam ter asco. Lula, por sua vez, apareceu como alguém tentando se fazer de “bom moço”, mas que no final das contas seria um pecador de longa ficha criminal: um corrupto, apoiador de ditaduras, ex-presidiário etc. Por fim, Simone Tebet, a candidata preferencial dos golpistas, seria uma espécie de santa: alguém que é “respeitosa”, ao contrário de Bolsonaro, que se preocupa com o futuro do País e que teria uma reputação ilibada.

É uma armadilha, evidentemente. Quem tiver o apoio dos vampiros do mercado financeiro, se sairá bem. Quem não o tiver, será massacrado, não importando se o candidato for “bem preparado” ou se responder bem as perguntas.

Assim sendo, participar dos debates e entrevistas da imprensa burguesa para apresentar a política da burguesia é um suicídio político. Afinal de contas, o que interessa não é o que o candidato responde, mas sim o que a imprensa quer mostrar dos candidatos. Lula ir ao Jornal Nacional criticar o governo de Dilma Rousseff ou admitir que houve corrupção em sua gestão não são, portanto, garantias de um bom tratamento pelos grandes veículos.

Apresentar-se como um candidato “amigo” da burguesia, ao mesmo tempo em que não garante um bom tratamento, garante, por outro lado, um desastre: a falta de apoio popular. Na medida em que um candidato aparece na televisão para fazer concessões à política dos patrões, ele não ganha voto — e muitas vezes perde — e ainda perde terreno. Afinal, adotar uma parte do programa da direita é uma demonstração de fraqueza de um candidato como Lula, pois isso fornece munição para que os inimigos de sua candidatura explorem suas contradições e sua falta de compromisso com o seu próprio programa.

A única política viável nos debates e entrevistas da grande imprensa é, portanto, o enfrentamento. Isto é, mesmo que o candidato seja sabotado de todas as maneiras, ao se colocar abertamente contra o regime político e seus próprios entrevistadores, ele estabelece claramente, para o eleitor, que não é parte daquele teatro odiado. O candidato que faz isso, embora vá se sentir ainda mais pressionado pela burguesia, demonstra aos seus eleitores que tem fibra, que tem coragem de falar aquilo que ninguém fala, mas que todos querem ouvir.

Não há dúvidas de que, até o momento, quem mais está sendo atacado pela imprensa seja o atual presidente, Jair Bolsonaro. E é facilmente compreensível: Bolsonaro é presidente da República, tendo muitos motivos reais para ser criticado, e ainda é um candidato que se opõe, em alguma medida, aos interesses do imperialismo. A entrevista do Jornal Nacional foi uma verdadeira caça ao candidato, em vez de uma entrevista. O debate na Band seguiu a mesma linha.

O que merece destaque no caso Bolsonaro, no entanto, é que, no debate, ele tentou reagir às provocações. Muito acuado na entrevista ao Jornal Nacional, Bolsonaro apresentou uma versão mais agressiva no debate da Band, chegando a enfrentar até mesmo a jornalista venal Vera Magalhães. Bolsonaro disse que a funcionária do Estado de S. Paulo era uma “vergonha para o jornalismo”. E é mesmo, todos sabem que se trata de uma funcionária sem escrúpulos dos banqueiros.

É possível que Bolsonaro tenha perdido votos pelos ataques que sofreu. O que é natural, faz parte da política e não pode ser evitado por ele. No entanto, ao ter uma postura agressiva, Bolsonaro “jogou para a galera”, foi fiel a seu eleitorado e pode, inclusive, ter ganhado novos adeptos que estejam cansados da eterna demagogia com o regime político. Apesar de estar à frente do governo, tentou apresentar-se minimamente como um candidato “antissistema”, polarizador.

Em um caminho oposto, contudo, foi o ex-presidente Lula. Mesmo tendo sido preso por 580 dias, mesmo tendo sido vítima de uma campanha de calúnias imunda em toda a imprensa, Lula decidiu ter uma postura diplomática no debate. O petista foi desarmado para a arena onde todos querem sua cabeça e ainda decidiu se confraternizar com seus inimigos. Lula poupou Ciro Gomes e Simone Tebet de qualquer crítica real e ainda procurou se mostrar como “respeitoso” perante todos.

Essa postura só confunde os apoiadores do ex-presidente. Aqueles que estão sedentos por um enfrentamento de Lula junto aos direitistas verão um Lula passando pano para aqueles que estão tramando um golpe. Isto é, junto com toda a campanha contrária feita pela imprensa, Lula ainda terá sua candidatura duramente atingida a partir do momento em que terá eleitores cada vez mais desconfiados e desmobilizados.

A mobilização só acontece quando há uma necessidade. Se Lula não demonstra estar sob a ameaça de um golpe, não haverá uma mobilização em sua defesa. Por isso, a postura passiva de Lula acaba complementando a iniciativa manipuladora da imprensa.

Lula não deve procurar ser bonzinho, compreensivo ou evitar criticar as candidaturas da burguesia por medo de ser tachado de “machista”, “misógino”, ditador ou que quer que seja. A candidatura de Lula, como uma candidatura dos trabalhadores, deve servir para denunciar toda a trama golpista.

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