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Também para os bolsonaristas

“Lula precisa governar para todos os trabalhadores”, diz Rui

Presidente do PCO fez um primeiro balanço na imprensa do Partido sobre o resultado das eleições e os protestos dos caminhoneiros

A esquerda brasileira não conseguiu entender o que os caminhoneiros estão fazendo, segundo Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO). “É muito preocupante a posição que a esquerda adotou em relação a isso”, disse. “Acho que não devemos ficar gritando ‘golpe’ se não repetiremos a história de ‘Pedro e o lobo’, que gritava ‘Lobo’ quando nada ocorria, e quando apareceu o lobo ninguém acreditou.”

“Eu vi com extremo desgosto a imprensa progressista falando em ‘baderneiros’, ‘terroristas’, mas isso que eles estão fazendo é coisa que os movimentos populares semŕe fizeram. Se isso é terrorismo, então todo mundo é terrorista. Eu não sou favorável a reprimir o pessoal, quem quiser protestar, protesta. Afinal, existe ou não existe o direito no Brasil de protestar? Se os militares saírem às ruas para dar um golpe, aí já é outra coisa. Mas é direito fazer uma greve política e não é porque não concordamos que devemos apoiar a repressão contra o ato dos caminhoneiros”, explicou Rui no programa Análise Política da Terça, na Rádio Causa Operária, realizado ontem (01).

Os bloqueios de rodovias pelos caminhoneiros, que reivindicam-se bolsonaristas, foram reprimidos pela PM com aval do Judiciário e de vários governos estaduais, inclusive bolsonaristas, como os de Romeu Zema (MG), Cláudio Castro (RJ) e Ratinho Júnior (PR), com o apoio moral da esquerda. “Um governo democrático e popular não deveria reprimir protestos, deveria abrir uma conversação com os manifestantes e ouvir as suas reivindicações.”

Vitória de Lula

Embora haja uma política de colaboração de classes, essa colaboração não é com nenhum setor importante da burguesia. Foi uma vitória de um movimento popular, semelhante à campanha de 1989 ─ que, no entanto, perdeu ─ e não à de 2002. A única eleição semelhante à de 2022 foi aquela de 1989, a única em que Lula e o PT tiveram o apoio de uma verdadeira mobilização das massas.

Rui destacou que a população que recebe menos de dois salários mínimos votou, em sua maioria, no candidato do PT. São integrantes da classe operária. “Se não fosse esse deslocamento político da classe trabalhadora, o PT não teria ganho a eleição. Foi a mobilização dos operários de todos os estados do país que garantiu a eleição de Lula”, disse.

O presidente do PCO também lembrou que a vitória não veio pela qualidade das alianças que teceu com a direita e com os partidos de esquerda do imperialismo, como o PSOL. Ele, o PSB e as outras organizações não representaram nada em termos de votos para o candidato do PT. Alckmin também não fez com que o interior de São Paulo votasse em Lula e o mesmo ocorreu com Simone Tebet no Mato Grosso do Sul.

“Essa aliança é uma farsa, esse pessoal é decorativo e vai causar problema no governo do PT”, afirmou o líder revolucionário.

O fato de a burguesia ter apoiado Bolsonaro em peso no segundo turno não está sendo bem avaliado pela cúpula do PT, segundo Rui. Bolsonaro organizou um golpe eleitoral, com coação dos patrões e bloqueios das rodovias pela PRF e o PT não denunciou de forma enérgica. Mas isso não nega o fato de Bolsonaro ser um político com uma base eleitoral, pois ele tem uma grande base principalmente entre os setores operários atrasados e da pequena burguesia direitista, bem como de um amplo setor empresarial.

Governo Lula

Rui Costa Pimenta também recusou as chantagens da imprensa golpista ─ destacadamente a Rede Globo ─ que já diz que Lula não será candidato à reeleição e que em 2026 o candidato da esquerda deverá ser alguém como Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Marina Silva ou Simone Tebet. “O candidato substituto de Lula tem que ser ninguém mais, ninguém menos do que Luiz Inácio Lula da Silva”, disse.

Ao mesmo tempo, a direita ─ segundo Merval Pereira, colunista do jornal O Globo ─ deveria substituir Bolsonaro por um candidato como Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro que se elegeu com o apoio do atual presidente da República.

Talvez para preparar o terreno para algum “seu” candidato da “esquerda”, a burguesia já está pressionando Lula a escolher ministros golpistas para seu governo. Tal como Geraldo Alckmin, Simone Tebet, Henrique Meirelles e Marina Silva.

“A burguesia vai pressionar o governo Lula em todos os sentidos, não há a menor dúvida disso”, afirmou o presidente do PCO. “Se Lula fizer isso (colocar um banqueiro no Ministério da Fazenda), ele estará abandonando aquilo que se propôs em sua campanha eleitoral”, completou.

O dirigente político terminou sua análise dizendo que “Lula precisa governar para todos os trabalhadores”, em contraste com a ideia pequeno-burguesa de “governar para todos” no sentido de união nacional com a direita e a burguesia. Lula ─ disse Rui ─ deve atrair o apoio dos trabalhadores que votaram em Bolsonaro. “É preciso conquistar uma parcela desses 58 milhões, e se o lado de lá conseguiu esse apoio, é porque muita coisa errada foi feita do lado de cá e isso precisa ser corrigido.”

A polarização política defendida pelo PCO é a polarização não entre metade da população e a outra metade, mas sim entre a classe operária e a burguesia, a polarização entre duas classes sociais antagônicas, concluiu.

Assista à Análise na íntegra:

Bolsonaro se proclama chefe da oposição a Lula - Análise Política da 3ª - 01/11/22

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