Lula reeleito para o terceiro mandato. Motivo de comemoração e também de apreensão, pois os mesmos orquestradores do golpe no governo Dilma Rousseff, Biden e o governo americano, estão nos mesmos lugares e na mesma campanha de dominação da América Latina. Em matéria da Folha de São Paulo, a voz da burguesia ecoa para o governo Lula em 2023, dizendo: “Queremos mulheres em metade dos ministérios”, impondo ao futuro mandatário que siga as determinações impostas nas páginas do jornal.
Já se sabia que o novo governo estaria cercado pelo identitarismo, como constantemente noticiamos neste Diário, pois tal política foi implantada na América Latina como maneira de dominação dos políticos e partidos de esquerda. E as massas populares veem, estampadas nas páginas dos jornais, sem entender bem de onde vem essa política, pautas como que obrigatórias a serem cumpridas pelos governantes para se ter satisfação popular garantida. Mas a única satisfação a respeito da utilização dessa política é a satisfação da pequena-burguesia, que finge se comover com a questão das mulheres, negros, índios, gêneros plurais, etc
Já vimos fracassar no Chile essa política identitária, e a história passada é uma boa conselheira. Principalmente a mais recente e tão próxima de Lula, mostra que os acontecimentos estão se repetindo em curto período de tempo. O agente impulsionador de tal política está por perto controlando tudo, ou tentando controlar, e tem um público cativo, a pequena burguesia. No Chile, vimos Boric usando de demagogia para disfarçar a aplicação das velhas políticas neoliberais que promoveram um caos econômico e social no país, exatamente como no Brasil de FHC e Bolsonaro. E novamente nos vemos obrigados a alertar que a política do identitarismo é um disfarce para atrair a pequena-burguesia para que esta anuncie às massas populares que tudo está bem, quando não está.
A pequena-burguesia brasileira e latina “festejou” a nomeação de mulheres como Maya Allende, neta de Salvador Allende que, como uma piada de mal gosto, comandou a Defesa no governo Boric. O resultado vemos hoje no não atendimento de nenhuma pauta importante para as massas trabalhadoras no Chile, e da grande insatisfação da população com o governo. O objetivo é este, deixar a população insatisfeita e apta a colocar um novo governante entre os que se fizerem disponíveis nas eleições que, na América Latina, é sempre uma tentativa de um jogo de cartas marcadas pelo imperialismo americano, porém vez ou outra, foge ao controle do imperialismo americano quando as massas populares entram em ação como aconteceu na eleição recente de Lula para um terceiro mandato.
Lula não deve sujeitar sua política de governo a qualquer política pronta ou qualquer pauta paritária para seu ministério, embalada como alimento ultraprocessado para a população engolir. Lula deve procurar apoio nas bases populares que foi quem o colocou no atual mandato, os ministérios de Lula devem ser compostos por representantes dos trabalhadores, não por um político que seja escolhido simplesmente por ser mulher. A luta das mulheres vem da luta pela revolução, da luta pela reivindicação dos trabalhadores. O identitarismo é uma demagogia e não atende à classe trabalhadora, seja mulher, negro ou qualquer trabalhador.