Na última quinta-feira (27), o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou a “Carta para o Brasil de Amanhã”, um documento com algumas diretrizes de seu terceiro mandato, caso eleito hoje (30). Até aquele momento, Lula ainda não havia se manifestado, de forma explícita, sobre a política econômica que defenderia em seu eventual governo, o que lhe rendeu várias críticas da imprensa golpista. Os setores mais parasitários da burguesia — os bancos e os acionistas das bolsas de valores — esperavam, com a publicação de um documento por parte do petista, que Lula firmasse um compromisso com a política neoliberal.
Veio, enfim, a carta. Contudo, seu conteúdo não era exatamente o que esperava o setor fundamental da burguesia. Um típico representante dos vampiros do mercado financeiro, o banqueiro Henrique Meirelles, principal economista do governo golpista de Michel Temer, logo saiu a público para criticar a iniciativa de Lula. “Tomei conhecimento só depois de publicada”, disse o banqueiro em uma óbvia tentativa de se “descolar” do programa apresentado por Lula, em quem disse anteriormente que iria votar. O jornal Estado de S. Paulo, que nunca amenizou seu tom agressivo contra o candidato do PT, expressou o mesmo desgosto, estampando em um de seus editoriais: “a carta fajuta de Lula”.
O tiro saiu pela culatra. Toda a pressão feita pelos capitalistas para que Lula acenasse ao “mercado” — isto é, cedesse às chantagens da burguesia e se comprometesse com uma política de destruição do País — resultou em uma carta em que Lula procura traçar uma limite entre o seu governo e os governos entreguistas que integraram o regime golpista. A carta é, sem sombra de dúvidas, criticável em inúmeros aspectos, uma vez que apresenta um esforço muito limitado para resolver as mazelas do povo brasileiro. No entanto, tem o mérito de frustrar as expectativas da grande burguesia e apresentar uma política própria para a crise que o País vive.
Lula dá a entender, ao contrário do que fez na famigerada “Carta ao povo brasileiro”, de 2002, que não irá levar adiante a política do neoliberalismo. Lula não fala em privatizações, ajustes fiscais ou entrega da Petrobras aos especuladores. Embora Lula não deixe claro em vários momentos o que fará, o que é negativo e mostra que ele não está totalmente à vontade para colocar sua política abertamente, ele afirma, ao não se render de forma humilhante ao capital financeiro, como fez Jair Bolsonaro e Michel Temer e também supostos esquerdistas como Gabriel Boric, que não é um capacho do imperialismo.





