O presidente eleito Lula anunciou que Aloizio Mercadante será o novo presidente do BNDES. A indicação do ex-ministro de Dilma causou pânico no mercado financeiro, que aumentou o dólar e derrubou a bolsa de valores, como uma forma de demonstrar seu desespero.
A desaprovação dos acionistas contra a indicação de Lula, logo após o presidente anunciar Fernando Haddad como ministro da Fazenda, indica que o governo do PT precisará se chocar com a burguesia para poder governar. Tanto Mercadante, quanto Haddad, apesar de serem direitistas, são políticos tradicionais do PT e têm a confiança de Lula; portanto, a nomeação deles dá sinais claros de que o petista tomará as rédeas da economia.
A prioridade que Lula deu à economia, ao ponto de não deixar escapar de seu partido a direção sobre ela, também representa que o novo presidente não seguirá a política preferencial dos capitalistas. Não é à toa que o mercado esperneou de indignação com as indicações.
Tanto no Valor Econômico, do grupo Globo, quanto na Revista Veja, saíram matérias criticando o futuro presidente do BNDES. Para eles, preocupa o caráter “desenvolvimentista” de Mercadante, sua formação econômica “heterodoxa” – o que quer dizer que ele não é liberal, apenas um social-democrata – e o medo que ele retome políticas “desenvolvimentistas”.
Isto é, os porta-vozes da burguesia externaram sua preocupação com uma política de desenvolvimento do país, que tire o Brasil das amarras impostas pelo grande capital internacional. Para eles, o Estado não pode induzir a economia, mas deve reservar todo o dinheiro para pagar a dívida interna com os bancos, enquanto deixa milhões à deriva e sem emprego.
A oposição a Mercadante, no BNDES, e a Haddad, na Fazenda, é uma oposição a nomes de confiança de Lula, ou seja, é a forma de a burguesia protestar contra uma política econômica guiada pelo petista. Trata-se de uma rígida crítica contra qualquer projeto de governo que enfrente o neoliberalismo e que busque gerar empregos através de, por exemplo, obras públicas.
Em última instância, a queda da Bolsa e a alta do dólar quando Lula anunciou Mercadante como presidente do BNDES deixam evidente que a burguesia já iniciou sua campanha golpista contra Lula. A reação desesperada do chamado “mercado” é a reação da burguesia imperialista, que domina o mercado financeiro brasileiro, contra uma política de desenvolvimento das forças produtivas e um anúncio de que estarão dispostos a derrubar o governo. Para conseguir pôr em prática sua política, Lula terá de se chocar com esses setores e se apoiar na força do mobilização da classe trabalhadora.


