Contrariando mais uma vez a burguesia e o imperialismo, Lula relatou publicamente conversa com Putin ao telefone na terça-feira (20). De acordo com o presidente eleito: “conversei hoje com o presidente russo Vladimir Putin, que me cumprimentou pela vitória eleitoral, desejou um bom governo e o fortalecimento da relação entre nossos países. O Brasil voltou, buscando o diálogo com todos e empenhado na busca de um mundo sem fome e com paz”, escreveu Lula.
Em nota oficial do governo russo:
Vladimir Putin conversou por telefone com o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva:
🔹O presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou-o pela vitória nas eleições e, na véspera da posse oficial prevista para 1º de janeiro de 2023, desejou-lhe sucesso em suas atividades estatais.
Ambos os lados expressaram confiança de que a parceria estratégica russo-brasileira continuará a se desenvolver com sucesso em todas as áreas, bem como a cooperação na arena internacional, inclusive no âmbito do BRICS.
🔹As partes concordaram em manter contatos pessoais.
Uma saraivada de críticas vinda da imprensa capitalistas a essas trocas de gentilezas entre aliados de BRICS, que vê uma possibilidade concreta do Brasil estabelecer um vínculo estreito e relações estratégicas envolvendo tecnologias, relações econômicas e logística militar, mas, principalmente, uma política nacionalista por parte do governo Lula. A esquerda pequeno-burguesa, como Carta Capital, se encarregou de lembrar que Putin era aliado de Bolsonaro.
O Kremlin ainda não divulgou o briefing da notícia em sua página oficial, mas partindo de Putin, podemos sinalizar que se trata de uma retomada de relações geoestratégicas com seu parceiro mais importante do Hemisfério Sul, retomando uma posição de proximidade geográfica com países que passam por profunda instabilidade política e econômica, como Argentina e Perú. Interessa à Rússia facilitar trocas e organizar um velho projeto dos BRICS, as rotas da seda e os corredores bioceânicos ligando Santos a Lima e Paranaguá a Antofagasta.
Em meio à instabilidade do regime político, a sinalização de Lula é um importante passo para uma parceria de longo prazo, assim como com a China atualmente. São diversas possibilidades, muito além da troca de carne por fertilizantes, entre elas, o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias energéticas e espaciais, além de acordos e tratados de proteção mútua.
Entretanto, essas possiblidades certamente entrarão em profunda contradição com o imperialismo norte-americano e os interesses ideológicos da grande burguesia brasileira. O sucesso da parceria, portanto, também dependerá de como as organizações de trabalhadores se envolverão e demandarão do governo, que os vínculos com Washington sejam reduzidos paulatinamente. Embora a Rússia seja um país atrasado como o Brasil, no último quadriênio superou o PIB e a industrialização brasileira, embora as taxas de crescimento vegetativo russos sejam muito menores.
Em suma, Lula continua surpreendendo a burguesia brasileira e, muito provavelmente aliados próximos. Essa “surpresa” é positiva para o Brasil, por isso o “mercado” dia após dia, desde a vitória de Lula nas urnas, vem tomando medidas que visam a desestabilização da economia brasileira, mas isso não abala o futuro presidente, que continua organizando o time e os aliados para enfrentar a burguesia rapina brasileira e o imperialismo.