Depois da privatização de clubes como o Cruzeiro e o Botafogo, o próximo na mira do capital privado é o Juventus, um dos mais tradicionais times de São Paulo. A multinacional italiana Almaviva, que atua no setor de tecnologia de informação e comunicação, com a aquisição de 90% das ações do Juventus Sociedade Anônima do Futebol, passará a ser proprietária do clube. Ao que consta o futebol do clube Juventus foi vendido por irrisórios R$13 milhões. Já Botafogo e Cruzeiro atingiram o montante de R$400 milhões cada.
Nesse ritmo, em breve, não sobrará mais nada do futebol tradicionalmente brasileiro. Está em curso uma política de total destruição do belo e melhor futebol do mundo, que há tantas décadas encanta e mobiliza nosso povo. E, como sempre nesses negócios, uns poucos decidem e botam no bolso uma grana preta, enquanto os torcedores, que sempre se dedicaram e apoiaram seus clubes, são totalmente desprezados.
Mas, como o esporte movimenta interesses de bilhões e bilhões de dólares e euros mundo afora, não é nada de se estranhar que o imperialismo queira também se apropriar do que há de melhor e potencialmente mais rentável no futebol mundial.
Se vemos a mão ávida e criminosa do imperialismo mundial aos poucos se apossando de nosso petróleo, de nossos recursos naturais, de nossas empresas estatais, de nosso solo, por que ele não iria também querer nosso futebol? O futebol é mais um patrimônio dos torcedores e do povo que o capital privado imperialista quer botar a mão.
A gestão empresarial do esporte não há de trazer nada de bom. Nem para os clubes e muito menos para os torcedores. Ao se tornarem empresas com fins lucrativos, os clubes estarão ainda mais sujeitos as intempéries de mercado e as crises que se agravam no capitalismo. Além disso, o interesse pelo lucro não vai se preocupar com a qualidade do futebol ou com os interesses da torcida.
Outro ponto é que nem a ilusão da eficiência privada, que em tese tornaria os clubes mais rentáveis, menos endividados e mais vitoriosos se sustenta. Passar às mãos de gananciosos empresários não implica que os clubes vendidos irão montar mega-times nem terão investimentos milionários. Vide o exemplo do Milan que já passou por vários donos e não possui mais o mesmo brilho e desempenho do passado e está dentre os clubes mais endividados da Europa.
É preciso denunciar que isso representa a total destruição do futebol brasileiro. O imperialismo procura minar o Brasil não só em nossas riquezas, mas também em nosso esporte preferido. Tanto que a venda será para uma empresa italiana. E o Botafogo, que também já foi vendido, como dissemos acima, passou para as mãos de um empresário americano que já é um dos proprietários do Crystal Palace da Inglaterra.
Essa verdadeira tragédia para nosso futebol precisa ser combatida. A administração dos clubes e do esporte deveria ser algo a ser gerido pelos seus torcedores, que, organizados, saberiam transformar o esporte naquilo que ele sempre deveria ser, um espetáculo que une corações e mentes das massas.