Contra o Brasil vale tudo

Juiz e VAR meteram a mão na seleção

A seleção brasileira caiu nas quartas da Copa, não porque jogou um futebol inferior aos adversários, mas por conta dos chamados "fatores externos"

A jornada da seleção brasileira de futebol rumo ao hexacampeonato foi mais uma vez adiada. Nesta sexta-feira (9) o Brasil empatou por 1 a 1 com a Croácia após a prorrogação e perdeu nos pênaltis por 4 a 2. 

A imprensa burguesa nacional, porta-voz dos interesses imperialistas dentro do país, não poderia deixar de aproveitar a derrota para dar continuidade, com fôlego renovado, à sua campanha de ataques e desmoralização contra o futebol nacional. Neymar (sempre ele!) e Tite foram escolhidos como os alvos preferenciais. 

Elenco desequilibrado, escalação equivocada, substituições ineficazes, falta de preparação para enfrentar os croatas, covardia ― eis alguns dos ataques lançados contra o treinador da seleção brasileira. Contra Neymar, mais do mesmo: o jogador que não conseguiu liderar a equipe, o jogador que disputou três Copas do Mundo e não trouxe nada, o jogador “egoísta”, que não joga para o coletivo, mas para si mesmo, e assim por diante.

As “análises” que se encontram nos programas televisivos e nos portais de internet nada explicam, todavia. Na verdade, temos que ser justos: o objetivo nunca foi explicar coisa alguma, mas pura e simplesmente lançar tinta contra umas das mais importantes e significativas obras da classe operária e do povo brasileiro em geral, o seu futebol.

A imprensa venal aproveitou a derrota da seleção para continuar a atacar o futebol nacional. A causa da derrota estaria no elemento propriamente “nacional” do futebol ―  seus jogadores e treinadores, e o estilo de jogo brasileiro. Para essa imprensa, aquilo que levou o Brasil ao patamar de principal potência do futebol, com cinco títulos de Copa do Mundo, uma infinidade de craques e uma forma de jogo que elevou o futebol à condição de arte, seria na verdade a principal causa do fracasso. Basta assistir ao jogo, porém, para ver que a derrota do Brasil se explica na essência, por um fator bem mais simples e conhecido do futebol: a arbitragem.

Arbitragem: o 12º jogador das seleções europeias

Desde o primeiro jogo da Copa, contra a Sérvia, a seleção brasileira teve que enfrentar não apenas a retranca das equipes adversárias, mas também a sua violência. Neymar ficou de fora dos dois últimos jogos da fase de grupos por conta de uma entrada violenta de um defensor sérvio, o que lhe causou um entorse no tornozelo. A arbitragem assistiu a tudo isso sem fazer nada.

Contra a Croácia, a nível de violência escalou, e o árbitro e sua ferramenta nova, o VAR, repetiram a dose em termos de inação. O árbitro do jogo ― um inglês ― deu carta branca para os croatas baterem sem sofrer qualquer punição. Antony, ponta direita brasileiro que entrou durante a partida com a missão de fazer jogadas individuais pelo lado do campo, foi a vítima principal. 

A permissão concedida pelo árbitro aos croatas para fazer faltas à vontade levou, inclusive, a que os europeus promovessem uma inovação no futebol em matéria de agressão. Entre as inúmeras faltas sofridas por Antony, algumas não marcadas e outras cujo autor sequer foi punido com cartão amarelo, uma chamou atenção. Para parar o atacante brasileiro, os croatas se valeram de um golpe proibido na chamada Artes Marciais Mistas (MMA, na sigla em inglês), modalidade de luta sucessora do antigo “vale-tudo”. O croata não apenas colocou a mão no rosto do brasileiro, mas foi além: colocou os dedos dentro da boca do jogador, como se fosse um anzol de pesca (Ver foto abaixo). O juiz do jogo e o sempre presente VAR nada fizeram.

Defensor croata aplica o “fish hook” (anzol), golpe considerado ilegal no MMA, contra atacante brasileiro

 

A roubalheira foi ainda mais flagrante no caso em que o defensor croata, aos dois minutos do segundo tempo, colocou a mão na bola. O VAR ― operado por um holandês ― revisou a jogada e nada marcou. O comentarista de arbitragem da Globo tentou justificar a decisão da arbitragem:
“No momento do cruzamento, o Neymar está disputando a bola com o Juranovic. Pegou no braço esquerdo. Para mim, ele está em ação de disputa, está disputando espaço com Neymar. E o braço está abaixado, não é uma ação de bloqueio. Para mim, bola na mão. Não houve pênalti”.

A decisão foi absurda. O lance não passou nem perto dos clássicos casos de bola na mão, ocasião em que a penalidade não é marcada. O defensor croata estica o braço, numa ação não natural, e desvia a trajetória do lançamento. Seja intencional ou por imperícia, a ação do croata constituiu um pênalti claro, de cuja marcação o VAR deliberadamente se omitiu.

Algo parecido aconteceu em 2018, quando da eliminação do Brasil para a Bélgica na Copa do Mundo. Ali o VAR, que estreava em Copas do Mundo e foi dos principais protagonistas do torneio, sempre com intervenções a favor dos europeus, fingiu que nada viu. 

Em defesa dos jogadores e dos treinadores brasileiros

A seleção brasileira caiu nas quartas da Copa, não porque jogou um futebol inferior aos adversários ― pelo contrário, o seu futebol não foi superado em qualidade por nenhuma outra seleção ―, mas por conta dos chamados “fatores externos”. A pressão voraz da imprensa pró-imperialista e, sobretudo, a arbitragem foram essenciais para a queda precoce da seleção canarinho.

Se, antes e durante a Copa, essa imprensa já se dedicava integralmente a atacar a seleção brasileira, agora, com a derrota para a Croácia nos pênaltis, não seria possível esperar outra coisa que não a intensificação desses ataques. Embora não seja uma novidade do momento, um dos flancos da campanha será a defesa de um treinador estrangeiro para a seleção brasileira. Os detratores mais humildes do futebol nacional falam em algum treinador português, citando como possibilidades Abel Ferreira, atual treinador do Palmeiras, e  Jorge Jesus, ex-treinador do Flamengo. Outros, mais ousados, chegam a pedir, inclusive, a contratação do espanhol Pep Guardiola, atualmente técnico de um clube na Inglaterra. Seja como for, a temporada de caça aos treinadores brasileiros já começou.

O outro flanco de ataque se dará contra os jogadores brasileiros. Neymar, como já é esperado, estará no centro da mira da metralhadora dessa campanha. Aparentemente singelas e naturais, começam a pipocar aqui e ali, neste ou naquele portal da internet, neste ou naquele programa de televisão, as perguntas: Neymar deve se aposentar da seleção? Sua época já acabou? Ele ainda tem algo a oferecer para a seleção? Sob uma roupagem neutra à primeira vista, o que temos aqui não é senão um pretexto para dar início a uma campanha que exclua o melhor jogador que o Brasil produziu nos últimos tempos do próximo ciclo da Copa do Mundo.

Contra a campanha de desmoralização do futebol, dos jogadores e do treinadores brasileiros, é preciso opor uma campanha de defesa deles. O futebol brasileiro é uma obra das classes oprimidas do povo e essa obra só pôde ser construída e só pode ser mantida na luta contra os opressores. Nada de treinador estrangeiro na seleção brasileira! Que Neymar continue a ser convocado para a seleção!

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