─ Eduardo Vasco, de Moscou
“Bandidos profissionais recebem milhares de dólares” ─ eis a reportagem especial de primeira página do semanário Komsomolskaya Pravda, um tablóide que manteve o nome e parte da linha editorial do antigo órgão central de imprensa dos sindicatos e da Juventude Comunista da União Soviética.
Kiev continua a convocar toda a corja mundial de criminosos, nazistas, racistas e militares da reserva para assassinar crianças, mulheres, idosos e civis no Donbass. Essa é a denúncia estampada nas páginas do jornal. Algo inimaginável na imprensa brasileira e na grande imprensa internacional: os “voluntários”, “humanistas”, “internacionalistas” recrutados pelo exército ucraniano e as milícias fascistas daquele país na verdade são uma legião estrangeira de mercenários da pior espécie que buscam apoiar o massacre realizado pelo regime ucraniano contra a população do Donbass.
São homens provenientes principalmente dos países imperialistas. Um representante oficial do governo da Ucrânia havia anunciado que chegariam ao país 20 mil “voluntários”, sendo 6 mil dos Estados Unidos. No entanto, a operação parece ter fracassado. O número de “volunt(mercen)ários” tem sido muito menor do que o esperado.
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“Alguns estão acostumados com combates em países atrasados como na África, contra inimigos despreparados, mas agora que enfrentam os russos, muitos já morreram ou desistiram de lutar”, me conta Serguei, um russo que conheci nem me lembro mais como ─ para minha sorte, muitas pessoas têm me ajudado com relação aos contatos em Moscou e em outras cidades.
“Eu entendo que eles só querem ganhar dinheiro”, opina meu novo amigo, em português. Prefere ser chamado de Sérgio pelos brasileiros.
Ainda conforme a reportagem do Komsomolskaya Pravda, uma rede estrangeira foi formada, em coordenação com os militares da Ucrânia, para recrutar e garantir a ida desses mercenários para o front. Um peruano atua como uma espécie de atravessador ─ semelhante aos que fazem negócios com a travessia de imigrantes na fronteira do México com os EUA, por exemplo ─ e ganha dinheiro com isso, mas está sendo obrigado a abandonar o negócio porque a quantidade de mercenários não está compensando seu esforço. Há também uma uruguaia, Irina Normi, responsável por garantir a passagem aos mercenários ─ o curioso: ela paga apenas a ida, pois não quer perder dinheiro pagando uma passagem de volta que, provavelmente, não será utilizada. Ela costuma contratar nazistas brasileiros para a tarefa.
Um desses mercenários provenientes dos países imperialistas é o britânico Ben Grant, que por cinco anos serviu a Marinha Real e agora se juntou oficialmente à Legião Estrangeira. Ele é filho da deputada Helen Grant, do Partido Conservador. O rapaz de 30 anos parece mesmo ser daqueles que buscam uma aventura, ou melhor, que buscam apenas aparecer em frente às câmeras. Porque todos sabem que esse tipo de apoio não vale nada. Até mesmo o governo britânico, que desencorajou seus cidadãos a irem lutar na Ucrânia.
O imperialismo prefere enviar armamento, munição, despejar milhões de dólares no aprimoramento das forças armadas ucranianas e, em última instância, se as condições permitirem, tropas regulares de verdade.
Ontem, o jornal The Times afirmou que o Reino Unido planeja enviar veículos blindados de patrulha, mísseis antitanque e antiaéreos, bem como tropas para um país vizinho à Ucrânia a fim de fornecer treinamento aos militares ucranianos.
Ainda de acordo com o Komsomolskaya Pravda, os mercenários são divididos em categorias que representam o nível de qualidade, refletido no salário que recebem (tanto do governo ucraniano como de indivíduos avulsos (quem seriam? George Soros, o financiador dos nazistas internos na Ucrânia?). Os mercenários de primeira classe recebem até 5 mil dólares por dia ─ são oficiais de alta classe, militares profissionais com boa experiência nesse tipo de combate. Os da segunda classe recebem até 2 mil dólares ao dia, enquanto que os da terceira classe são os vagabundos que não têm mais nada o que fazer de sua vida e sabem que ela não vale absolutamente nada ─ se vendem por alguns trocados.