Identitarismo na veia

Jones Manoel acha que preto não é gente

Candidato do PCB ao governo de Pernambuco acha que é o único

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O Partido Comunista Brasileiro (PCB) resolveu lançar a candidatura de Jones Manoel ao governo de Pernambuco para as eleições deste ano. Uma escolha, reconhecemos, que faz bastante sentido.

O PCB hoje é uma agremiação de professores universitários que vive da grife do extinto “Partidão”. Não tem uma imprensa própria, não tem programa, não tem nada que o separe de uma legenda como o PSOL — a não ser, é claro, a sua nostalgia pelos anos em que um partido de mesmo nome tinha destaque na política nacional. Jones Manoel, por sua vez, é o que podemos chamar de produto de marketing. Também não tem um programa, não tem ideias próprias, não tem nada que o separe de um demagogo como Ciro Gomes. Tudo o que lhe resta, portanto, são suas fotos sem camisa — adoradas por um grupo seleto de homens de gosto duvidoso —, seus vídeos em que fala vinte minutos e não explica nada e as suas frases de efeito — mais apropriadamente chamadas de “lacre”, de acordo com o vocabulário de seus fãs.

O marqueteiro de Jones Manoel, que certamente tem a criatividade de um chimpanzé, inventou que o rapaz do PCB seria eleito governador se fizesse a campanha de que era o único candidato pobre, negro, “de periferia”, trabalhador, feio e retardado no pleito deste ano. Isto é, de que deveria receber o apoio da população não por seu programa, mas sim pela figura em si de Jones Manoel. Um par de óculos para seu marqueteiro teria, talvez, poupado tamanho desastre.

O menino Jones aprendeu bem a lição de casa. Acostumado a decorar os títulos de livro da Editora Boitempo para indicar em seu vídeo, ele decorou bem o lema da campanha. E por isso, desde que foi lançado pré-candidato, tem dito aos quatro ventos que é o “único candidato” que é tal coisa. Quem olha, inclusive, pensa que Lula foi eleito presidente da República não por ser uma liderança de massas, mas por ser o único candidato com nove dedos!

É uma campanha ridícula, e que pode ser feita por qualquer um. É a campanha da candidata dos bancos à presidência da República, Simone Tebet. “Vote em mim, pois, embora eu vá acabar com todos os direitos trabalhistas, eu sou mulher”. Em certo sentido, é uma campanha até melhor que a de Jones Manoel, que é homem…

Além do ridículo, a campanha de Jones Manoel é mentirosa. Porque ele não diz apenas que é negro e pobre, como diz que é o único candidato ao governo que é negro e pobre. E ele diz isso explicitamente:

Se Jones Manoel quiser se referir aos candidatos dos partidos burgueses, tradicionais, pode até ser verdade. E nada mais natural: os candidatos da burguesia são eles próprios burgueses ou pequeno burgueses em ascensão, em sua esmagadora maioria brancos. Mas Jones Manoel fala em onze candidatos, ignorando, portanto, a candidata do PSTU, que é uma mera professora, e o candidato do PCO, Ubiracy Olímpio, que é, assim como Jones Manoel, negro. Mais que isso: Ubiracy Olímpio é pobre, tendo zero bens declarados, ao passo que Jones Manoel tem R$30 mil declarados junto a Justiça Eleitoral. Ubiracy é “de periferia”, morador de Jardim Piedade, enquanto Jones Manoel diz morar em uma favela que ninguém sabe onde fica. Por fim, o mais importante: Ubiracy é um candidato operário, trabalhador, uma vez que é operador de telecomunicações, enquanto os únicos vínculos empregatícios de Jones Manoel que se tem notícia é com o PSB e um Colégio da Polícia Militar. Professor de PMs mirins e funcionário do PSB não são trabalhadores…

O fato de que Jones Manoel ignora completamente a candidatura do PCO é, além de muito infantil, ultrarreacionário. Jones Manoel se diz comunista, mas representa o inverso da solidariedade classista, se diz militante negro mas é o inverso da solidariedade entre os irmãos negros. Sua política não é a política dos oprimidos, que buscam forjar uma unidade contra os seus inimigos, mas sim a do oportunista vil e carreirista, que passa por cima de seus pares na procura de um lugar ao sol na sociedade capitalista.

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