A campanha contra Lula após a vitória nas eleições, por parte da imprensa burguesa já começou. Num momento inicial, buscando infiltrar quadros da chamada terceira via no futuro governo, em primeiro lugar na equipe de transição, e então com pressão pesada para a indicação de neoliberais para os ministérios, o Partido da Imprensa Golpista – PIG está retornando com sua campanha tradicional contra Lula, o PT e a esquerda. Defrontados com a resistência de Lula em atender as reivindicações do “mercado” (banqueiros), a campanha baixa tomou forma, e busca jogar lama no petista.
Já em condição oficiosa de representante do Brasil, pois que Bolsonaro recusou a participação na COP 27, Lula foi à conferência. Para chegar ao Egito, realizou a viagem em avião particular do empresário José Seripieri, próximo de Lula, junto a outras figuras, como o próprio empresário, a futura primeira-dama Janja e Fernando Haddad. No momento, enquanto presidente eleito, mas não empossado, o presidente não tem direito a utilizar aviões da Força Aérea Brasileira – FAB, a não ser que cedido pelo atual presidente, condição recusada pelo PT por questão de segurança.
Esgoto do jornalismo
A imprensa, sem nem mesmo apontar qualquer problema real na viagem, passou a tratá-la como um erro, ou mesmo algo que seria motivo para grave denúncia, uma ação com “custo político”. Não só isso, a imprensa passou a atacar o próprio avião, dizendo ser uma “aeronave de luxo”, o “preferido das celebridades ricas”, e o empresário, que foi preso pela criminosa operação Lava Jato, num processo que não terminou de tramitar até hoje. O fato é: Lula foi de carona com um empresário com proximidade sua representar o Brasil na Conferência da ONU para o meio ambiente. O destaque político seria o evento em si e a fala de Lula, que falou ontem. A declaração é destaque da edição de hoje deste Diário.
Ainda, o tribunal ditatorial que comanda as eleições no Brasil, o TSE, acusa o PT e o empresário José Seripieri de “irregularidade grave”, pois a doação do mesmo para a campanha eleitoral do partido foi informado não no prazo determinado pelo judiciário, de 72 horas (três dias) após o recebimento do valor, mas em seis dias, uma clara burocracia sem consequência, utilizada como desculpa para a campanha de ataques. É uma reedição das campanhas de calúnias e ataques absurdos que chegaram a acusar um ministro do governo Dilma de comprar uma tapioca de R$ 8,30, citando os centavos, com o cartão corporativo.
Outra campanha de ataques sem qualquer teor real na política no momento está sendo o enfoque da imprensa numa blusa utilizada por Janja em entrevista ao Fantástico, que era cara, essa é a notícia do PIG. Pelo fato já se vê que é uma campanha de baixíssimo nível. Não se trata de imóveis milionários, contas de banco em paraísos fiscais ou coisa do gênero, mas de uma camiseta. O nível do jornalismo do PIG é sofrível.
Por que descem a esse nível?
Fica demonstrado, assim, o fim de fato de qualquer amabilidade entre o futuro governo e a imprensa golpista de conjunto. O que se fez até agora foi uma fachada para buscar transformar o terceiro governo Lula em mais um governo ao estilo Fernando Henrique Cardoso, totalmente subordinado ao imperialismo e ao capital financeiro. Sem indicação de ceder, Lula se coloca como o candidato eleito pelos trabalhadores, com promessas de reformas para a garantia de direitos sociais e o desenvolvimento nacional, tudo o que o PIG não quer, como colocado explicitamente em coluna no Estadão: “Lá está a volta a um passado que deu muito errado. Refinarias, indústria naval, reindustrialização, microprocessadores e bancos públicos.”
Toda a jogada de lama, com tapiocas, caronas e camisetas, foi inclusive utilizada para fazer campanha por Bolsonaro, com sua caneta Bic. O nível da imprensa burguesa, se demonstra tanto agora como por seu passado, é o mesmo nível de Bolsonaro. A demagogia política com fatos irrelevantes cresceu da própria imprensa em sua campanha golpista contra o PT, que destinou parte da economia ao desenvolvimento nacional e aos pobres, cedendo apenas parcialmente ao mercado. Tais veículos, jornais, etc, não merecem crédito ou boa reputação, mas apenas o escárnio e a desconfiança dos trabalhadores.