A enorme crise econômica e política pela qual passa o planeta, gera o descontrole por parte do estado capitalista do que está acontecendo na sociedade. A desorganização da atividade econômica é notável. Basta observar os níveis de desemprego, a inflação, os juros, etc.
O Brasil, que faz parte da economia mundial, sofre os mesmo problemas, que são agravados pelo fato de ser um país que não conseguiu completar o pleno desenvolvimento capitalista por ter iniciado o processo de industrialização atrasado.
Para tentar evitar o acirramento da luta pelos trabalhadores, o imperialismo optou pelo modelo neoliberal, que é o liberalismo piorado para os trabalhadores e benéfico para os capitalistas. Mas esse modelo leva ao desemprego, perda do valor nominal dos salários e ao poder de compra. O que tem efeito de acirrar mais o conflito entre as classes capitalista e trabalhadora.
O plano real foi implantado para tentar resolver a crise de 1974, o puro neoliberalismo, que teve o efeito de normalizar a situação com enormes perdas para os trabalhadores. O remédio amargo aplicado trás agora o efeito colateral, o desequilíbrio econômico volta a se manifestar com inflação galopante, juros altos e desemprego, como consequência das políticas adotadas pelo estado burguês.
Desde o plano real em 1994 foram sete governos. Dois de FHC, dois de Lula, um de Dilma e outro de Dilma e Temer, e agora o de Bolsonaro. Mas só neste último volta a acontecer o que não acontece desde o plano real, que é a primeira vez que o salário mínimo é menor do que no início do mandato de um presidente.
A perda do poder de compra, pela inflação durante a pandemia, fizeram com que Bolsonaro vá entregar o mandato com o salário menor do que quando entrou no governo.
Se a inflação não acelerar mais do que espera o Banco Central no Boletim Focus, a perda será de 1,7%, conforme estimativas da Tullett Prebon do Brasil. O piso salarial cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022, descontada a inflação.
Os cálculos de inflação concluíram, segundo o Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (IPEA), que foi mais forte para os mais pobres, com renda até R$ 1.808,70, ficando em 10,9% nos últimos 12 meses. Foi menor para os mais ricos, com renda superior a R$ 17,764,49, ficando em 9,7%. Assim fica evidente que as classes D e E gastam 78,6% do salário com itens essenciais como casa, alimentação,comunicação e saúde. A pesquisa informa ainda que os maiores ganhos foram apurados nos governos Lula e Dilma. As previsões de alta das perdas de poder de compra vêm sendo avaliadas para cima há quatro meses, conforme matéria do portal Brasil 247.
Com a inflação, juros e desemprego com mais de dois dígitos, a imprensa golpista no portal g1 anuncia maliciosamente o surgimento da tríplice coroa, três indicadores econômicos muito negativos. Mas não fala que é negativo principalmente para os trabalhadores que sempre pagam pela conta negativa do estado burguês.
A expressão tríplice coroa foi cunhada primeiramente quando os reis na idade média conquistaram mais duas coroas de outros reinos sob a sua própria coroa, depois nos esportes quando um time conquistou três importantes campeonatos. Agora, supostamente fazendo referência à ação militar da Rússia contra a Otan, EUA e Inglaterra, onde levam em conta uma única narrativa, que a Rússia esteja invadindo a Ucrânia, não considerando a narrativa da Rússia com a proibição da imprensa daquele país em todo o planeta, cortando seus acessos na imprensa e na internet.
Nesse contexto, destaca-se que apenas o Brasil e a Turquia se enquadram nessa situação, com juros, desemprego e inflação com dois dígitos, segundo a avaliadora de risco Austin Rating. Embora a Argentina e a Rússia estejam no topo do ranking das maiores taxas de inflação e juros, apresentam desemprego menores que dois dígitos. África do Sul e Espanha com desemprego superiores ao Brasil porém com inflação e juros bem menores.
A PNAD contínua revela que taxas de dois dígitos nos três indicadores só ocorreram 4 vezes desde 2016, ano do golpe de estado contra Dilma. Em fevereiro de 2016, fevereiro, março e abril de 2022. A inflação está a oito meses acima dos dois dígitos, a Selic a 12,75% ao ano, está no maior patamar desde 2017 e finalmente o desemprego está com dois dígitos desde o final de 2015.
Os três indicadores negativos, baixo desempenho do PIB e as contas do governo há oito anos no vermelho são sinais claros de que estamos caminhando para a completa desarticulação do sistema produtivo. O caos instalado tende a continuar e se aprofundar, já que não existe nenhuma medida econômica para mudar os rumos da economia, repercutindo na situação política. Tanto a economia quanto a política estão se deteriorando a passos largos desde o golpe de estado de 2016.
Desde a implantação do modelo neliberal que a economia brasileira está se deteriorando e se aprofundando. A indústria brasileira já enterrou com uma pá de cal cerca de 30% do parque industrial desde o governo de FHC, só restou o agronegócio, com exportação de matérias primas e alimentos, para amenizar a destruição do país, mas poderá estar com os dias contados se o imperialismo resolver se apropriar desse setor também.
A política e a economia estão interligadas desde que a humanidade foi capaz de produzir excedentes que passaram a ser comercializados. Não por outro motivo os estudos desses temas, na Inglaterra, levou a formulação do termo economia política. Não podemos entender uma sem a análise da outra conjuntamente.