O ataque ideológico à Independência do Brasil, bem como o ataque feito em 2021 aos bandeirantes, tem como um de seus principais focos o ataque à integridade do território nacional. O Brasil foi o país que teve o maior sucesso dentre todos as nações da América Latina em manter o seu território unificado no processo de libertação nacional. E um dos maiores feitos foi justamente manter a Amazônia ligada ao restante do País, isto é, metade do território nacional com uma imensidão de recursos a uma enorme distância do centro político e populacional.
Se as relações econômicas e políticas entre os estados da Amazônia e os demais estados do Brasil já são fracas hoje em dia, é possível imaginar quão grande era a divisão há 200 anos. O estado do Grão Pará. por muito tempo, possuía uma outra administração, se integrando ao estado do Brasil apenas em 1774. Sendo assim, no ano da independência, a Amazônia não possuía nem 50 anos de unidade política com o resto do Brasil, e isso ficou claro durante todo o processo de luta contra os Portugueses.
A província do Grão Pará foi a última a aderir ao governo independente do Brasil. Os portugueses da administração colonial, em grande medida, queriam se manter ligados à metrópole e não à nova capital da nação no Rio de Janeiro. O general português José Maria de Mouro foi o último a governar a província em nome de Lisboa. De abril de 1822 até a sua rendição, em 15 de agosto de 1823, ele manteve a Amazônia sobre o controle estrangeiro, em guerra aberta com o Brasil a partir do dia da Independência, dia 7 de setembro. Por quase um ano, a Amazônia ficou de fora do controle do Brasil, foi D. Pedro I quem a reanexou à nação brasileira.
Em vez de capitular aos portugueses, como não havia feito nenhuma vez desde o dia do Fico, quando havia desrespeitado o ultimato para voltar à Portugal, D. Pedro lutou por todos os territórios que pertenciam ao País antes da independência. O Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo já haviam aderido desde o início, mas a vitória na Bahia, no Maranhão e na Amazônia necessitou de uma combinação militar entre os exércitos comandados por D. Pedro I e a população local em armas, aliadas contra as tropas que se mantinham leais a Portugal.
Após as vitórias no Maranhão e na Bahia, D. Pedro I enviou o inglês John Grenfell à Belém do Pará para conquistar o território. Contudo, nem foi necessário iniciar a guerra, bastou a ameaça de uma invasão marítima para que José de Mouro se rendesse. Assim, no dia 15 de agosto de 1823, a Amazônia passou a ser brasileira e o Brasil uma nação unificada. Ainda houve tentativas dos portugueses, que não haviam sido derrotados militarmente, de retomar o poder. Mas, foi aí que a população brasileira se levantou e impediu qualquer tentativa de golpe contra o governo brasileiro.
Com a Independência de 1822, quase metade da Amazônia se manteve como território brasileiro. Ao contrário dos casos do Grã-Colômbia, que se dividiu em 4 países, sendo 3 deles hoje em dia basicamente colônias dos EUA, o Brasil ainda ganhou territórios na Amazônia, o estado do Acre. Simon Bolívar não foi capaz de manter a unidade territorial de seu país da mesma forma que D. Pedro I. Passados duzentos anos, a obra daqueles que realizaram a independência não foi destruída, apesar das muitas tentativas.
Nos dias de hoje, fica clara a campanha imperialista gigantesca para tomar o controle da Amazônia. Ela é uma inveja para todas as nações do mundo, é uma riqueza quase que imensurável. O imperialismo, conforme entra em decadência e vai perdendo controle de territórios, como vem acontecendo nas proximidades da Rússia e da China, tende a recorrer a medidas mais agressivas em outros locais do mundo, e a Amazônia passa a ser um dos principais alvos. Na Colômbia, o presidente da nova esquerda, Gustavo Petro, já declarou que chamará “ajuda” dos EUA para estabilizar a situação do território.
Ao mesmo tempo, no Brasil, há uma campanha gigantesca com a questão indígena e a ambiental realizado por ONGs e pessoas ligadas a fundações imperialistas como a Ford e a Open Society. Sônia Guajajara é a que mais bem expressa essa tendência. Financiada pelo Itaú, a índia tem relações diretas com os EUA e já defendeu abertamente que deveria haver uma intervenção norte-americana no território da Amazônia. Essa nova esquerda parece toda concordar que uma “administração internacional” seria o melhor para impedir o desmatamento. Todos os dias a noticias indicam que há uma trama sendo preparada.
Enquanto isso, o governo Bolsonaro segue abrindo as pernas para o imperialismo no que tange a Amazônia. Uma de suas mais absurdas ações foi aceitar a construção de uma base militar nos EUA na Amazônia legal, a base de Alcântara. Ao mesmo tempo, Bolsonaro já se encontrou com Elon Musk para discutir sistemas de satélite na região amazônica e deixou militares norte-americanos realizarem exercícios em nosso território. A questão amazônica escancara o falso nacionalismo de Bolsonaro.
D. Pedro I expulsou as tropas estrangeiras que tentavam tomar o controle da Amazônia e mantê-la uma colônia de Portugal. É preciso seguir seu exemplo, expulsar todos os agentes infiltrados do imperialismo que querem saquear uma das maiores riquezas do Brasil, que querem dividir o nosso território para enriquecer ainda mais às custas da classe trabalhadora. Não aceitaremos. A Amazônia é brasileira!