Cercar e não deixar prender!

Imran Khan, Lula do Paquistão, corre risco iminente de prisão

O primeiro ministro nacionalista do Paquistão foi derrubado pouco após o início da ação militar russa e agora lidera uma enorme mobilização contra o golpe

A ação militar da Rússia na Ucrânia iniciada em fevereiro de 2022 foi marco na crise do imperialismo. A derrota que Putin impôs ao bloco imperialista ao mesmo tempo que o enfraqueceu também o tornou mais agressivo e a primeira vítima desse novo período foi o Paquistão. O governo que se tornava cada vez mais nacionalista de Imran Khan foi derrubado por um golpe de Estado. Contudo, os trabalhadores paquistaneses não deixaram o golpe passar incólume. Imediatamente se iniciaram gigantescas mobilizações que estão pondo em cheque o novo regime com a iminência de novas eleições e o retorno de Imran Khan ao poder.

O ex primeiro ministro do Paquistão se tornou um alvo do imperialismo desde o primeiro dia da operação militar russa pois, coincidentemente ou não, ele estava em uma visita oficial a Putin em Moscou. Na semana seguinte de volta ao Paquistão ele realizava discursos inflamados contra a OTAN, que tem uma violenta participação na região visto que o Afeganistão, recém liberto pelo Talibã, é vizinho do Paquistão e estava ocupado militarmente há 20 anos. Não só isso, como o norte do país era bombardeado por drones norte-americanos e até mesmo tropas realizavam operações no país como no caso da captura de Bin Laden.

O discurso anti-imperialista de Khan muito bem recebido pelas bases do comício foi o sinal, em abril, o governo foi derrubado por um golpe parlamentar. Ele, ao contrário de outros golpeados do passado recente, não fugiu do país e imediatamente chamou o povo às ruas para se mobilizar contra o golpe. As manifestações foram gigantescas e já de início colocaram o regime político em xeque, o processo foi semelhante ao que ocorreu na Bolívia no ano de 2019 em que o golpe contra Evo Morales foi enfrentado pela classe operária e os camponeses nas ruas e estradas.

Passados 4 meses a luta política se intensifica, a Comissão Eleitoral do Paquistão se prepara para adiantar as eleições, algo comum em regimes parlamentares, para o mês de outubro. A menos de 2 meses das possíveis votações, Imran Khan de longe é o político mais popular do país e caso houvesse um regime democrático teria uma alta probabilidade de vitória. O novo governo faz de tudo para impedir a reeleição de Khan alegando corrupção, financiamento estrangeiro e todo tipo de ataque.

A ditadura dos golpistas se intensificou nas últimas semanas com o aumento da repressão policial aos comícios e agora a proibição da transmissão dos eventos pela rede de televisão. A Autoridade de Regulação de Mídia Eletrônica do Paquistão acusa Imran Khan de “alegações sem embasamento”, espalhar “discurso de ódio” contra “instituições e oficiais de Estado” e usa isso como base para censurar os canais de televisão. A ARMEP deliberou que a transmissão só seria permitida de forma gravada para possibilitar a edição do material, estabelecendo um regime semelhante ao da ditadura militar brasileira.

Mas essa não foi a pior medida do governo, agora o ex primeiro ministro, assim como o ex-presidente Lula em 2018, corre o risco de ser preso. A polícia do Paquistão entrou com uma ação pela lei anti-terrorista sob a alegação de que Khan ameaçou um juiz e outros dois membros do governo. É possível que seja declarada a prisão domiciliar ainda no dia de hoje (21/08). O partido de Khan, o PTI, denunciou que durante seu último discurso no sábado o Youtube, sítio onde era transmitido, foi derrubado em diversas regiões do país.

O Paquistão se encontra em uma região de extrema importância para o imperialismo, ao norte está o Afeganistão, libertado pelo Talibã em 2021, ao oeste está o Irã, libertado pela Revolução Islâmica de 1979 e ao leste está a Índia, um dos mais importantes países do planeta com mais de um bilhão de pessoas. Ao norte do país está a região da Caxemira, disputada com a Índia mas que faz fronteira com a China. Não só isso, como um quinto da população do país é de etnia Pastó, a mesma que é a maioria no Afeganistão e a principal do Talibã.

O Paquistão é um dos últimos baluartes do imperialismo naquela região, com a derrota da OTAN na Ucrânia a Rússia vem se tornando um foco de aglutinação de todos os países oprimidos contra o imperialismo. Essa era a tendência que o governo Imran Khan apresentava e esse é o desejo da classe operária paquistanesa que fica claro dada a popularidade do movimento de luta contra o golpe de Estado. O ex primeiro ministro assim se coloca, assim como Lula, como o representante da luta contra o imperialismo no Paquistão.

A perseguição a Imran Khan se intensificou neste último fim de semana, mas a situação política do país se encontra em um impasse. As eleições ainda não estão confirmadas, há instituições governamentais que perseguem a maior liderança do país e ao mesmo tempo um enorme movimento popular segue nas ruas. Caso os trabalhadores paquistaneses tenham a força para derrotar o movimento golpistas será uma enorme vitória sobre o imperialismo. Caso o movimento seja derrotado, o imperialismo irá impor uma ditadura sobre 220 milhões de paquistaneses.

Ao fechamento desta edição a polícia havia recebido um mandado de prisão e os trabalhadores paquistaneses cercavam a casa de Imran Khan para impedir a sua prisão.

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