O tradicional bar do Distrito Federal “Outro Calaf” vai encerrar as atividades após 32 anos de funcionamento, na Asa Sul, em Brasília. O anúncio foi feito por meio das redes sociais do estabelecimento, nesta terça-feira (15), e causou comoção, a ponto de ficar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
Durante a tarde, o fechamento do bar ficou em 20º lugar nos trends topics da rede social. De acordo com o empresário Venceslau Calaf, “a pandemia, as novas regras de proibição de cobrança de ingresso e a falta de apoio para o setor cultural foram duras demais e decisivas para o nosso fechamento”
Ele conta que conseguiu manter os funcionários e o espaço nesses dois anos, mas cpm as dívidas geradas durante a pandemia e com a chegada da variante ômicron, decidiu encerrar as atividades. “Meu pessoal está mais triste que eu, porque eu já estava esperando por isso, Na minha cabeça, como empresário, eu sabia que não ia dar conta. Minha filha lutou muito”, diz o empresário.
A crise econômica capitalista e a pandemia de coronavírus – esta última fator de aprofundamento da crise que se arrastava desde sua eclosão em 2008 – estão gerando uma devastação geral na sociedade, que se expressa em vários âmbitos, inclusive na vida cultural e intelectual.
As atividades culturais foram todas paralisadas. Uma grande parcela dos artistas, como os grupos de teatro, os artistas de rua, os grupos de dança, as academias de artes marciais não estão puderam desenvolver suas atividades. Mesmo as apresentações musicais, shows de rock, sertanejo, os bares e as baladas, muito comuns como espaços de lazer e sociabilidade, ficaram parados.
A crise econômica inviabiliza a atividade dos artistas, que precisam de dinheiro para sobreviver e se dedicar ao público. O empobrecimento cultural e intelectual é generalizado em todas as camadas da população. A sociedade retrocede de forma acelerada no âmbito intelectual, o que é um alento para a extrema-direita fascista, que necessita da ignorância e do atraso cultural.
O setor artístico é um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Artistas e músicos de toda ordem tiveram suas carreiras paradas e perderam suas fontes de renda. Contudo, os showmen que pertencem à minúscula casta dos eventos multimilionários já encontraram uma forma de equacionar o prejuízo e lucrar ainda mais.
Segundo matéria veiculada pelo G1, César Menotti e Fabiano, Alexandre Pires, Leo Chaves e Simone e Simara são alguns dos artistas que já fixaram seus cachês para shows ao vivo feitos pela internet, no mesmo patamar dos shows presenciais. Além das lives abertas ao público realizadas com patrocínio de grandes marcas, os artistas se apresentam em eventos fechados.
Embora os produtores dos grupos musicais tentem justificar o preço alto das lives através da necessidade de grandes investimentos em tecnologia, um dos produtores afirmou à reportagem do G1 que as equipes para os shows remotos são muito mais enxutas do que a dos shows ao vivo. Assim, por consequência disso, muitos funcionários da parte técnica das bandas estão parados, sem ajuda dos artistas.
Tal realidade tende a aprofundar mais ainda a concentração de renda, já que os valores cobrados de cachê são divididos entre menos pessoas.
O governo Jair Bolsonaro também promove o empobrecimento cultural, uma vez que busca censurar e controlar as manifestações artísticas e enquadrá-los sob uma ótima conservadora. Os ataques aos artistas têm se intensificado desde o golpe de Estado de 2010 e, particularmente, desde a posse do governo fascista. O pensamento crítico é rechaçado pelo governo fascista, que incentiva um pensamento dócil e adaptado à realidade marcada pela exploração e pela desigualdade social.
Fora Ibaneis, fora Bolsonaro e Lula Presidente. A única forma de reverter esse quadro é pela mobilização popular