A vitória do ex presidente Lula nas eleições presidenciais de 2022 é uma vitória de todos os povos oprimidos do planeta. Quem fez essa afirmação não foi o Partido da Causa Operária, apesar de concordar integralmente com ela, mas sim o Hamas, principal partido político da Palestina que trava uma luta heroica contra o Estado de Israel. Esta colocação, de um dos setores mais radicais da luta de classe no planeta atual, joga por terra as teses da esquerda pequeno burguesa de que Lula seria o candidato do imperialismo. Lula é o candidato dos povos oprimidos.
O Hamas se pronunciou no dia 31 de outubro, no dia seguinte após a vitória de Lula, por meio do membro do Birô Político Basim Naim. Nas palavras do sítio oficial do partido “a eleição de Lula foi uma vitória de todos os povos oprimidos do planeta, especialmente dos palestinos, a qual ele é conhecido por seu apoio forte e continuo aos palestinos em todos os foros internacionais.” Naim também disse que o Hamas “anseia que Lula alivie todos os efeitos do apoio ilimitado ao governo de ocupação israelense”, política do governo Bolsonaro.
O Hamas sofre uma campanha de calúnias pesadíssima da imprensa por ser uma das principais forças de resistência a Israel e ao imperialismo no Oriente Médio. Mas na verdade o Hamas é o partido político mais popular da Palestina, eleito nas últimas eleições que a ditadura sionista permitiu que acontecessem no país, ainda no ano de 2006. O partido é a maior organização de resistência a ocupação militar israelense possuindo se braço armado, que expulsou os invasores da Faixa de Gaza em 2005. Sendo assim o Hamas é uma importante organização de luta do povo palestino que deve ser apoiado por todos os trabalhadores do mundo.
No ano de 2010, quando estava na presidência, Lula visitou a Palestina e se mostrou disposto a conversar com representantes do Hamas ao ser convidado pela organização. Nessa visita ao país Lula declarou que era seu sonho ver “uma Palestina livre e independente”. Ao fim do ano ele reconheceu a Palestina como um Estado independente em suas fronteiras de 1967 a qual foi seguido pelos governos da Argentina, da Bolívia e do Equador imediatamente. Em junho de 2022 o presidente eleito disse “Os palestinos merecem a nossa atenção e solidariedade total”, e que eles tem o direito de viver em um “Estado livre e soberano”.
Em 2021 o líder do Hamas, Basem Naim, concedeu uma entrevista ao Brasil 247, declarou: “Tenho que dizer que realmente apreciamos o apoio brasileiro durante anos e anos de história ao nosso povo. Começou anos atrás e, em particular, na presidência do Lula, foi um grande e vigoroso apoio à nossa causa”. Ele também disse: Esperamos ansiosamente pelos dias quando veremos o Brasil novamente apoiando a Palestina e a luta palestina pela liberdade e dignidade”
E as relações do governo Lula com o Oriente Médio vão muito além da Palestina. Outro caso famoso foi o do acordo nuclear com o Irã, a qual Lula teve uma importante participação e o governo Obama tratorou completamente em sua sanha por intervenção no país persa. O governo do Irã já congratulou a vitória de Lula, o ministro do exterior disse: “As relações entre os dois países, especialmente nas áreas de economia e comércio, vem crescendo nos últimos anos e, visto que existe um enorme potencial em laços bilaterais e multilaterais a República Islâmica do Irã espera que essas relações se consolidem ainda mais em outras áreas durante a presidência do Sr Lula.”
O Oriente Médio é uma das regiões em que os confrontos com o imperialismo se expressa de forma mais bem-acabada com guerras quase que incessantes. Todos os países que se colocam em confronto com imperialismo encaram a vitória de Lula como um avanço em suas lutas. E não é só nessa região que as mudanças no Brasil são muito bem recebidas, é o caso da Rússia e da China, que reganharão um importantíssimo aliado no dia 1 de janeiro. Lula foi o protagonista da criação dos BRICS, Bolsonaro por sua vez foi o único do bloco que votou a favor da Ucrânia na ONU.
Na América Latina, onde o Brasil tem uma influência gigantesca, a celebração já assume as proporções de festa. A Venezuela, Cuba e a Nicarágua, os países que resistiram a onda golpista dos últimos 13 anos agora reganharão o maior aliado possível. Lula deixou muito claro desde início que manterá a sua aliança com estes, e os demais países latino-americanos. Durante o debate no 2º turno ele afirmou “eu tenho orgulho de ter participado da celebração da Revolução Sandinista da Nicarágua”, mesmo sabendo da intensa campanha que a imprensa faria contra ele.
A realidade material mais uma vez comprovou a tese que o PCO vem defendendo há anos, Lula é era o candidato anti-imperialista e seu governo agora deverá assumir esse caráter. Todos os países do chamado eixo do mal, apelido criado pelos EUA, se prepara agora para uma nova fase em que a América Latina tende a entrar em confronto aberto com o imperialismo, assim como acontece na Rússia, na China e no Oriente Médio. O ano de 2022 que começou com a derrota da OTAN na Europa termina como uma derrota enorme dos EUA na América Latina.
Os setores da esquerda que se colocaram contra Lula desde o princípio, apenas declarando apoio ao ex presidente no 2º turno para não ter sua imagem manchada, agora tem de explicar essa realidade. Alguns deles possuem uma coerência em seu golpismo pois se colocam contra os governos de Cuba, Venezula, Irã, Rússia etc. Mas outros setores, principalmente os mais nacionalistas, defendiam que Lula não faria parte desse bloco, algo que já se comprovou uma realidade. O Brasil é o mais novo país do Eixo do Mal, Joe Biden range seus dentes.
A onda de derrotadas do imperialismo no último ano vem fortalecendo a luta de todos os povos oprimidos do planeta. Começou com a gloriosa vitória do Talibã e a vergonhosa fuga das tropas norte-americanas no Afeganistão, passou pela vitória de Vladimir Putin contra a OTAN na Europa que resultou até mesmo na queda dos governos da Itália e da Inglaterra, pelo avanço da China sobre o mar do sul no caso Taiwan e agora mais uma enorme pedra do sapato do imperialismo, o retorno de Lula, o preso político que voltou como presidente.
A ebulição política dos povos é internacional e a crise do imperialismo se aprofunda. A vitória de Lula permite que os trabalhadores avancem com a sua luta no Brasil, é possível conquistar muitas vitórias nos próximos anos. Cada uma delas será uma vitória da classe operária internacional, e cada vitória da Rússia, da Palestina, da China, da Venezuela e do Irã será uma vitória da classe operária brasileira. É o momento de unir todos os povos do mundo e botar abaixo a ditadura mundial que os oprime brutalmente.