Lançado no dia 27 de outubro, o novo jogo da franquia Call of Duty (em tradução livre, “Chamado do Dever”) , Call of Duty: Modern Warfare II, foi a mais recente mega produção norte-americana para a indústria de videogames. Sendo uma série famosa que se consolidou no início do século XXI, Call of Duty, ficou conhecido por buscar retratar em uma ambientação em primeira-pessoa as principais guerras, sobretudo Primeira e Segunda Guerra Mundial, no qual o jogador, controlando um personagem fictício, lutava na pele de um soldado norte-americano, enfrentando seus principais inimigos.
Após se consagrar na retratação destas guerras e com grande investimento na propaganda pró-imperialista, Call of Duty deu um passo adiante e decidiu não mais apenas retratar guerras do passado, mas sim, inventar novas guerras, onde o jogador, novamente na pele de um soldado dos Estados Unidos, enfrentaria os inimigos do país, dentre eles, terroristas, e sobretudo, governos de países atrasados, como Iraque, Coreia do Norte, e muitos outros alvos da campanha real do imperialismo.
Call of Duty e a CIA
Agora, com sua nova produção, onde nos primeiros cinco minutos de jogo, o jogador é obrigado a assassinar Qasem Soleiman, ex-major-geral iraniano, morto em 2020 em um bombardeio realizado pelos Estados Unidos, como também assassinar “traficantes de drogas” mexicanos, que tentam passar a fronteira com os EUA. Call of Duty recebeu atenção pelas novas revelações de sua conexão com o aparato de Estado norte-americano, como uma peça de propaganda.
A relação entre a empresa que produz o jogo, Activision Blizzard Games, e o departamento de inteligência norte-americano é de conhecimento publico. Edward Snowden revelou dentre seus documentos expostos sobre os segredos de Estado norte-americanos, que a NSA, CIA, FBI e o Departamento de Defesa dos EUA, infiltraram-se em diversos jogos online, como Wolrd of Warcraft, para criar personagens que pudessem monitorar “potenciais atividades ilegais e recrutar informantes”. Além disso, foi informado que em determinado ponto, havia tantos espiões norte-americanos em um jogo que eles foram obrigadores a criar um grupo de “desconflito” para evitar que eles perdessem tempo investigando uns aos outros. A NSA afirmou, que os jogos virtuais eram uma “oportunidade” para investigar a comunicação dos usuários.
Contudo, as conexões entre os jogos e o aparato de Estado norte-americano vão além de mera espionagem de seus usuários. Foi revelado por meio de documentos que em setembro de 2018, por exemplo, as Forças Aéreas dos Estados Unidos levou um grupo de executivos ligados ao ramo do entretenimento, incluindo Coco Francini, produtor de Call of Duty, para seus quartéis em Hulburt Field, na Flórida. A razão divulgada era que a viagem seria uma “demonstração” para os produtores poderem recriar as tecnologias utilizadas pela máquina de guerra norte-americana em filmes e jogos.
A relação entre a Activision Blizzard com o governo norte-americano
Indo além, a colaboração da franquia Call of Duty com as forças militares norte-americanas não ficam nisso. Os documentos mostram que o aparato de segurança dos EUA chegou a fornecer veículos de guerra para serem baseados pelos jogos, como também, interferindo diretamente em decisões de roteiro. Preocupações centrais sobre como retratar guerras contra países do oriente-médio, China, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, e muitos outros, foram tema de discussão entre os produtores dos jogos com chefes de segurança norte-americanos.
É descrito inclusive, que além de propaganda, os jogos servem para para um “portal de recrutamento”, onde jogos de guerra como Call of Duty, fazem esta realidade parecer “divertida, excitante”.
Contudo, a Activision Blizzard não trabalha apenas com os militares norte-americanos para produzir seus produtos, na realidade, importantes lideranças da produção destes jogos são na realidade chefes de alto escalação do departamento de segurança. Figuras como Frances Towsend, Chance Glasco, Dave Anthony, entre outros, ficaram conhecidos por tanto serem peças chaves na produção de jogos importantes da franquia Call of Duty, como também, por fazerem parte de departamentos de inteligência e de guerra dos Estados Unidos. Em alguns casos inclusive, alguns dos chefes de segurança que trabalhavam na franquia sequer tinham qualquer experiência com jogo em geral, no entanto, eram escolhidas a dedo pela inteligência norte-americana para controlar a produção dos jogos.
Além de assassinar Solemani, os jogos da franquia de Call of Duty já tiveram missões onde o jogador precisava fazer coisas que por exemplo o exército norte-americano jamais foi capaz de fazer, como assassinar Filde Castro – segundo relatórios, foram mais de 600 tentativas falhas da CIA -, ou derrotar o governo venezuelano. Fica claro, que a franquia de jogos Call of Duty é uma importante peça de propaganda do imperialismo norte-americano.
Assim como os EUA já utilizou o Hip Hop para influenciar protestos em Cuba, ou a produção de grandes produções de Hollywood, o mercado de jogos é fundamental para influenciar a opinião da população, sobretudo dos mais jovens. Lutando contra os inimigos do imperialismo, e recheados de falsificações históricas, os jogos da franquia são parte da propaganda imperialista contra os países atrasados e em defesa da brutal e criminosa máquina de guerra norte-americana.