Ao que tudo indica, a pandemia está, de fato, ficando para trás. Entretanto, ainda existem pessoas sofrendo com a covid-19 e, principalmente, relatos de sequelas após a infecção, estando essas pessoas vacinadas ou não. Frente a isso, o que faz o governo do Distrito Federal (GDF)? Incentiva a vacinação? Garante, de fato, o fim da pandemia no DF por meio de medidas reais de combate ao coronavirus? Não. Ele determina a volta das professoras gestantes às aulas presenciais sob um regime obrigatório.
O GDF utiliza-se de um projeto aprovado pelo governo federal em fevereiro, que regulamenta o retorno das gestantes ao trabalho presencial. Este projeto implica, resumidamente, em:
– Gestante já vacinada deve voltar ao trabalho presencial;
– Gestante com vacinação incompleta pode ficar em casa até completar a vacinação recebendo o auxílio maternidade e portanto sem o salário completo;
– Gestante que recusar a vacinação deve voltar ao trabalho e deve assinar um termo de responsabilidade;
Ou seja, é um projeto que praticamente obriga as empregadas grávidas, vacinadas ou não, a voltarem ao trabalho presencial, sem que elas possam escolher.
A prova dessa obrigatoriedade é dada pelo próprio GDF, que se utilizou desse projeto para forçar as professoras grávidas a voltarem ao ensino presencial. Embora elas possam manter o trabalho através do ensino a distância, elas serão obrigadas a voltar às salas de aulas presencialmente.
A questão a ser discutida aqui é o motivo dessa obrigação. Certamente o governo o DF não está preocupado na qualidade do ensino. E ele também não está preocupado no bem estar das professoras. Então por que não manter as professoras gestantes por mais alguns meses em trabalho remoto?
Levando em conta que as escolas já estão com falta de professores e salas de aulas com excesso de alunos. E como as escolas não tem infraestrutura adequada para manter parte dos professores remotamente e outra parte não. Então, a manutenção dos professores remoto indica ainda mais trabalho sobre os presenciais.
Logo a principal motivação aparente aqui é o governo não querer contratar novos professores. Isso coloca sobre as costas das gestantes o problema, que são jogadas às salas de aulas estando vacinadas ou não. É, nesse sentido, um ataque direto contra seu direito que pode, inclusive, acarretar graves consequências para sua saúde e para a saúde de seu bebê.