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Francisco Weiss

Militante do PCO em São Paulo. Juntou-se ao partido em 2018, em meio à campanha da luta contra o golpe e pelo “Fora Bolsonaro”. É membro da coordenação do Grupo por uma Arte Revolucionária Independente (GARI), além de dirigente do PCO em São Paulo. Apresenta de segunda a sexta o programa Reunião de Pauta na COTV e outros programas do Canal e também da Rádio Causa Operária.

Música brasileira

Gonzagão: a voz do sertão nas metrópoles brasileiras

Em 13 de dezembro, completaram-se 110 anos de nascimento de Luiz Gonzaga. Lembrar de sua música é lembrar da formação da classe operária brasileira

No dia 13 de dezembro, completaram-se 110 anos do nascimento do cantor e compositor pernambucano, Luiz Gonzaga. Possivelmente o artista mais popular da música brasileira. O rei do Baião, como foi apelidado por ter popularizado o gênero nordestino. Canções de sua autoria, como Asa Branca, Xote das meninas, Que nem jiló e Respeita Januário, apesar de terem sido escritas há muitas décadas, estão na memória de brasileiros até hoje.

Nascido no pequeno povoado de Araripe, a 12 km do município de Exu, no noroeste do Pernambuco, a mais de 600 km da capital Recife. Luiz Gonzaga nasceu de uma família pobre, isolada nos confins do Nordeste brasileiro. Seu pai, Januário, trabalhava na roça em um latifúndio, e tocava sanfona nas horas vagas, foi com ele que Luiz aprendeu o que viria a ser o seu principal instrumento.

Logo na infância, já tocava a sanfona com grande desenvoltura, chegando a se apresentar em bailes e apresentações nas cidades e povoados da região desde os treze anos de idade. Ainda antes dos dezoito anos, envolveu-se com a filha de um coronel da região, o que gerou toda uma crise com sua família e com o próprio coronel que tentou matá-lo. Devido a essa situação, fugiu para a cidade de Crato, no Ceará e posteriormente para Fortaleza, onde serviu o exército, em 1930. 

No período em que foi soldado, lutou no sertão nordestino contra coronéis, cangaceiros (pelos quais, no entanto, tinha grande admiração, chegando a adotar o figurino igual ao de Lampião em sua posterior carreira artística), e em outras partes do Brasil, como Piauí, Mato Grosso e Minas Gerais. Deu baixa do exército em 1938, no Rio de Janeiro.

É no Rio que Gonzagão começa a sua carreira artística. Por um período longo, apresentou-se como artista de rua no Mangue, uma região de boemia e meretrício da cidade, e lá se conectou com pessoas do meio artístico que facilitaram sua entrada na área. Se apresentou nos programas de calouros da época tocando sanfona durante um longo período e executando composições de outros autores da época. Foi, no entanto, com uma composição de sua autoria, Vira e Mexe, de difícil execução técnica na sanfona e com ritmos e sonoridades nordestinas, que ele venceu o show de calouros de Ary Barroso, chamado Calouros em Desfile.

A partir daí, sua carreira deslancha e ele compõe e grava as canções pelas quais se tornou conhecido em todo o país. É característico que esse sucesso tenha se dado a partir de uma cidade na região Sudeste, tocando música nordestina. As músicas de Luiz Gonzaga ecoavam as memórias de diversos nordestinos que fizeram o mesmo trajeto que ele.

Naquele momento (início dos anos 40), se formava um importante setor da classe operária brasileira, que era formada por nordestinos que se mudaram para o Sudeste para trabalhar nas indústrias e na construção das cidades em crescimento, como Rio de Janeiro e São Paulo. Portanto, a nostalgia expressa nas canções de Gonzagão, que lembrava de sua infância e crescimento no sertão, era algo compartilhado por milhões de pessoas no Brasil. 

Luiz Gonzaga foi um dos mais populares e relevantes artistas da música brasileira. Sua importância permanece após mais de um século de seu nascimento e isso se dá porque sua música teve um apelo direto à classe operária brasileira daquele período. Ele também foi um dos responsáveis pela popularização da música nordestina em todo o país. Gonzagão é uma das provas de que a música popular brasileira é a mais diversa de todo o planeta.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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