A economia aparece na pauta da imprensa constantemente nos últimos tempos. Desencadeado pelo assunto do teto de gastos e pela própria eleição de Lula, o assunto é um fator sensível para a burguesia, uma vez que, com Lula, a tendência haja o retorno das políticas sociais.
O teto de gastos é o maior exemplo disso. Essa política, desde sempre criminosa, limita a quantidade de verbas par um determinado setor da sociedade, como saúde ou educação. Existe um limite, ou seja, um teto, para cada um desses setores, limitando o valor que pode ser gasto com eles em um determinado período.
Lula sabe muito bem disso e de cara já afirmou que esse teto precisaria ser rompido. Não interessa se a burguesia ficará doída com tal atitude, o futuro presidente se propôs, em prol das políticas sociais e da ajuda ao povo, acabar com essa pilantragem a qual representa o teto.
“Eu nunca vi um mercado tão sensível quanto o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos de [Jair] Bolsonaro”, afirmou Lula em um discurso na semana passada.
Dito isso, a burguesia e seu porta-voz, a imprensa burguesa, já fez questão de anunciar suas indignações contra a falta de preocupação de Lula quanto ao assunto. Um desses exemplos é o editorial do portal Folha de SP, que afirma que ”O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), propõe aumento da inflação e dos juros, menos emprego e crescimento econômico, mais ganhos para os rentistas. Esses seriam os efeitos práticos e prováveis da proposta petista para a expansão incondicional do gasto público, enfim apresentada ao Congresso na quarta-feira (16). Não se trata apenas, como Lula diz em tom de desdém, de alta do dólar e queda da Bolsa de Valores”.
O fato é que a imprensa faz uma propaganda desproporcional quando se trata de defender a burguesia. Lula não se curva aos especuladores, não está atendendo ao capital e nem ao imperialismo, desencadeando uma série de ataques baixos por parte desses para tentar desestabilizar suas propostas, mesmo com seu governo nem tendo começado ainda.
Com o fato de já ter sido presidente duas vezes, Lula sabe o que faz. O futuro presidente coloca sua política em favor do povo e o famoso “mercado” está incomodado com este fator. Outra matéria que releva isso, dessa fez um editorial do portal O Globo, faz o mesmo tipo de ataque descarado, insinuando ainda que Lula estaria “testando a paciência do povo, sendo que este sabe fazer contas”. Vale a pena, nesse sentido, que o leitor olhe com os próprios olhos o absurdo da insinuação contra Lula.
“Faltando seis semanas para a troca de poder em Brasília, tem sido decepcionante a reação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva às críticas. Animado pela vitória, ele tem preferido ouvir as vozes dos aduladores a encarar a realidade da bomba fiscal prestes a cair sobre o país. Ao comentar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que amplia de forma irresponsável o gasto do governo a partir de 2023, Lula se saiu mais uma vez com um despropósito: ‘Se eu falar isso, vai cair a Bolsa, o dólar vai aumentar? Paciência’”
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“Paciência, o novo governo tem testado não apenas a dos mercados, mas a de todos os brasileiros que sabem fazer contas. Aumentar gastos sem amparo de receitas nem gestão do passivo levará a um ciclo bem conhecido no Brasil: aumento descontrolado do endividamento, juros elevados, dólar mais caro, inflação alta e menos crescimento econômico. Como sabe qualquer um que já tenha contraído dívidas, países que gastam sem limites têm mais dificuldades para rolar seus compromissos”
Uma declaração dessas é evidentemente absurda. Romper o teto de gastos é ampliar de forma irresponsável os gastos do governo? Gastar o dinheiro com o povo, no meio de uma crise imensa com altos índices de piora na educação, saúde, infraestrutura, saneamento básico e outros, é irresponsabilidade? Desenvolver a indústria nacional, manter uma boa relação com outros países e tentar reerguer o Brasil do zero após anos de um desastre causado pela direita é irresponsabilidade?
A falta de vergonha na cara da imprensa burguesa é assustadora, propondo, abertamente, colocar a burguesia, os bancos, os empresários e o imperialismo na frente do povo, defendendo o dito “mercado” em detrimento da população.
Esse tipo de embate é esperado na medida que a imprensa está, de fato, a trabalho da burguesia, do imperialismo. Os portais O Globo e Folha de SP atacam Lula por não se curvar aos especuladores, ao capital, financeiro, aos bancos. Está certo — Lula deve continuar enfrentando as inúmeras e incansáveis tentativas da burguesia de atacar seu governo, que nem mesmo começou. É preciso se manter firme para que as reivindicações do povo sejam atendidas, sem que se baixe a cabeça para ninguém.