As calúnias contra a Seleção

Futebol brasileiro não é “alienado” porque arte não é alienação

O jornalismo que odeia o futebol brasileiro odeia o seu próprio povo

A Copa do Mundo e a Seleção Brasileira são muito úteis politicamente. Elas desmascaram os brasileiros que não gostam do Brasil e se sentem à vontade para falar mal das coisas do seu próprio povo e desmascaram também pessoas que se apresentam de esquerda e progressistas, mas que na realidade nutrem um nojo profundo pela população pobre.

Nessa quarta-feira, dia 16, nos deparamos com uma coluna assinada pelo jornalista Moisés Mendes em seu blogue pessoal e reproduzida também no DCM. “Uma seleção alienada” é o nome do artigo que despeja um entulho de bobagens sobre a Seleção Brasileira.

“O futebol brasileiro é a imagem de Neymar, a sua estrela alienada. É o futebol mais alienado do mundo, com apenas dois jogadores declaradamente engajados a causas sociais e à defesa da democracia, Everton Ribeiro e Richarlison.”

A primeira pergunta a se fazer ao autor de tal barbaridade é: como ele sabe que o futebol brasileiro é o mais alienado do mundo? Será que ele sabe do que está falando ou ele simplesmente está reproduzindo um lugar-comum que qualquer bêbado na mesa de um bar repete sobre os jogadores brasileiros? Claramente, o colunista não tem a menor ideia do que diz. A não ser que ele prove que os jogadores das outras seleções são verdadeiros exemplos de politização, comprometimento, ativismo. Colocado assim, a ideia fica ridícula, mas é o que está dizendo o jornalista.

O engraçado é que quando se trata de futebol não existem as tão chocantes “fake news”. Um jornalista pode ir ali e falar qualquer coisa que der na telha dele. Direito de falar besteira todo mundo tem, não somos a favor de censurar nem mesmo as chamadas “fake news”. Mas que a colocação é canalha, isso é. Ao invés de categoricamente afirmar, “o futebol brasileiro é o mais alienado do mundo”, ele deveria mostrar como são os jogadores dos outros países. Será que nas demais seleções temos grandes altruístas e os milionários estão apenas no Brasil? Deve ser isso, de repente, descobrimos que o resto do futebol é composto por militantes socialistas.

Ele não mostra nada porque o que vale não é o compromisso com a realidade, mas é avacalhar com um patrimônio cultural do Brasil que é seu futebol. É só falar, acusar, avacalhar e ir embora.

A verdade é que a Seleção Brasileira é tão “alienada” quanto qualquer outra, usando a palavra no sentido raso do autor. O futebol no mundo todo é um grande negócio capitalista, os jogadores profissionais são envolvidos nesse meio desde muito cedo, de modo que uma ínfima minoria de jogadores tem algum tipo de preocupação política mais concreta.

Futebol brasileiro é o oposto da alienação

Mas e daí? Qual a importância de um time de futebol ser ou não alienado? Nenhuma! Politização não ganha jogo de futebol, o que ganha jogo de futebol é saber jogar bola. E nisso o brasileiro é o povo menos alienado do mundo. O futebol brasileiro é o menos “alienado” do mundo porque é o mais criativo, portanto, o mais inteligente e consciente do mundo. O futebol brasileiro é o esporte transformado em arte, nesse sentido é o mais humano e o mais consciente de todos.

O futebol deve ser medido pelo próprio futebol, assim como a arte deve ser medida pela própria arte.

“O Brasil não faz nada. O futebol do Brasil nunca fez nada pela humanidade.” Essa frase um tanto quanto histérica do jornalista é a demonstração de sua ignorância. Ele não sabe nada de futebol e não conhece a história do mundo no Século XX. O futebol brasileiro é um das coisas mais ricas criadas pela humanidade no século passado. E isso somos nós que falamos, essa é a opinião de muitos intelectuais, artistas, historiadores, críticos, sociólogos, filósofos de direita ou de esquerda que escreveram sobre o futebol. Mas quem somos nós perto do “não alienado” Moisés Mendes?

O futebol europeu, que pelo jeito o jornalista acha superior, é um futebol caracterizado pela força bruta. O futebol europeu é alienado porque ele é pura e simplesmente movido pelo dinheiro que pode criar atletas robôs. O futebol brasileiro cria artistas e fazem arte. A arte é um criação superior da humanidade, portanto é o oposto da alienação.

Ao acusar a Seleção de “alienada”, o jornalista está mostrando todo o seu asco pelo próprio povo brasileiro. A Seleção é o retrato do povo brasileiro, ela é 100% composta por jovens que vieram da pobreza, que não tiveram a oportunidade de estudar, não são “grandes letrados” como Moisés Mendes. A única oportunidade que esses jovens tiveram foi o futebol. Essa foi a única escola deles. Não fosse isso, seriam como milhões de jovens brasileiros que vivem nas periferias.

O jornalista acredita que os jogadores “renegam suas origens”, mas sendo isso verdade ou não suas origens são um fato. Poderíamos acusar o jornalista de renegar as suas origens brasileiras ao dispensar tamanho ódio à cultura popular, ao futebol brasileiro; ele de fato o faz.

É desse povo “alienado” que o autor destila seu asco. Isso se comprova pelas outras partes da coluna: “Rod Stewart rejeitou US$ 1 milhão para fazer um show na Copa porque não queria ser cúmplice da festa num país acusado de todo tipo de discriminação e arbitrariedade.” O músico britânico deve ser realmente um ser iluminado. Uma pena que ele é inglês e não sabe jogar bola e ninguém liga se ele estará ou não no Catar.

“Pelo menos oito seleções já organizaram formas de manifestar repúdio à perseguição a gays pelo governo do Catar.” São oito de 32 seleções, mas o jornalista está tão alienado da realidade pelo seu nojo do povo brasileiro que não consegue perceber o óbvio e só o Brasil se destaca por “não fazer nada” contra os supostos abusos cometidos no Catar.

Aliás, sobre isso, é preciso dizer uma coisa importante. O jornalista que se dedica a acusar todo o futebol brasileiro, vejam bem, ele não acusa apenas a Seleção, mas todo o futebol, de “mais alienado do mundo”, está seguindo da maneira mais alienada possível toda a campanha imperialista contra o Catar. Curioso, não é mesmo?

As acusações contra o país sede da Copa são parte da campanha imperialista da mesma laia daquela que se fez no Brasil para derrubar Dilma Rousseff. O Catar é um país próximo à Rússia de Putin e a Copa é uma oportunidade para o imperialismo colocar em marcha sua política golpista. O Catar é maravilhoso e não existem problemas, claro que não. O Catar tem os mesmos problemas de um país capitalista. Mas o nosso jornalista parece estar muito alienado pela campanha do imperialismo e acredita que o Catar é o único país capitalista com exploração, perseguição, arbitrariedades.

Nesse caso, somos obrigados a considerar Moisés Mendes mais alienado do que toda a Seleção Brasileira.

Moisés Mendes, coitado, revela-se o maior “alienado” dessa história toda. Alienado da cultura nacional, alienado da política internacional, alienado do futebol arte, alienado do próprio povo. É um alienado que repete a campanha contra o futebol brasileiro, campanha levada adiante e orquestrada pelo imperialismo europeu que ele acha superior. Campanha com o objetivo de convencer o brasileiro de que seu futebol é a pior coisa do mundo para poder valorizar o produto europeu. Como “bom” jornalista brasileiro, Moisés Mendes cumpre o papel de inimigo da cultura popular e do futebol, nos moldes em que Nelson Rodrigues já denunciava décadas atrás.

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