O criminoso massacre do Carandiru completa 30 anos em outubro e volta a ganhar as manchetes. Em números oficiais, foram 111 presos assassinados a sangue frio pela Polícia Militar, que aproveitou o pretexto de uma rebelião para escrever um dos episódios mais macabros da história do país. Recentemente, a Câmara dos Deputados chegou a anistiar os agentes da repressão responsáveis pela chacina! A medida foi revogada pelo STF, mas mostra a cumplicidade total do regime com os assassinatos no Carandiru.
Relatos de sobreviventes dão conta de que a quantidade de sangue no chão da Casa de Detenção de São Paulo foi algo inacreditável. Diversos livros, músicas e pelo menos dois filmes foram inspirados no marcante episódio, que está relacionado inclusive com a formação do Primeiro Comando da Capital (PCC). Quase 30 anos depois, o sistema judiciário mostra que não tem nenhuma justiça para oferecer ao povo.
Enquanto o STF faz demagogia mantendo as condenações de alguns dos policiais envolvidos no massacre, a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados encaminha um projeto para anistiar todos os policiais envolvidos. A extrema-direita faz demagogia eleitoral para sua base e o STF aproveita outra oportunidade para se promover como democrático. De concreto para frear a sanha assassina da polícia, absolutamente nada.
Durante esses 30 anos, as chacinas só se acumularam. A direita cinicamente, defende mais repressão, mais violência contra o povo. Paradoxalmente, setores da esquerda pequeno-burguesa também! Mesmo que de forma disfarçada, como defendendo as condições de trabalho dos policiais ou propostas de “humanização” da PM. Ambos atuam para confundir a população, ajudando a manter o regime de terror nos bairros populares.
Não é difícil vislumbrar a única solução possível para esse problema. Para acabar com os massacres da PM é necessário acabar com essa organização. Sem PM, sem massacres cometidos pela PM. Obviamente isso requer uma enorme mobilização popular, pois a burguesia depende dos seus cães de guarda para manter o povo “na linha”, passando fome e todo tipo de privação sem perder a esportiva. É imperativo levar ao povo a luta pelo fim da PM.
O PCO leva sempre para as ruas a palavra de ordem “chega de chacina, eu quero o fim da polícia assassina!”. A enorme adesão dos militantes de esquerda e da população em geral que se encontra nos locais das manifestações mostra que essa é uma demanda popular que se encontra sufocada pelas direções políticas da esquerda. O carreirismo parlamentar impele os oportunistas para posições contemporizadoras com essa verdadeira máquina de matar pobres que é a PM.
Romper com esse oportunismo é uma tarefa da esquerda revolucionária. Iludir os trabalhadores a confiar nas instituições da burguesia é uma traição contra o povo. Não acabou, mas tem que acabar, o povo quer o fim da Polícia Militar.