Nesse carnaval, houve uma boa notícia em meio à política da direita de proibir o carnaval de rua e popular durante os festejos: a retomada das ocupações de latifúndio por todo o país. A Frente Nacional de Lutas (FNL) deu o pontapé inicial com o chamado “Carnaval Vermelho”.
O Carnaval Vermelho começou com dezoito ocupações de latifúndio realizado pela Frente Nacional de Lutas em pelo menos três estados (Alagoas, Brasília, Paraná e São Paulo), envolvendo aproximadamente dez mil famílias.
Somente no Pontal do Paranapanema, local de grandes conflitos de terra e de grilagem, foram ocupados treze latifúndios em dez municípios paulistas. A região conta com mais de 300 mil hectares de terras públicas comprovadas pela justiça grilada pelos latifundiários.
Em Brasília aproximadamente 100 famílias ocuparam uma área pública que vendo sendo usada pela especulação imobiliária, localizada na região administrativa de Sobradinho, e até sofreram ameaças de pistoleiros.
Em Alagoas foram três ocupações em latifúndios nos municípios de São Miguel dos Campos, Jequia da Praia e Arapiraca, envolvendo quase 400 famílias. E no Paraná, no município de Ponto Grossa foram realizadas manifestações e atividades de protesto contra o governo Bolsonaro e pela reforma agrária.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) também iniciou uma série de ocupações de latifúndio para iniciar a jornada de lutas do dia internacional da mulher trabalhadora.
No município de Itabela, trezentas pessoas ocuparam a Estação de Zootecnia da CEPLAC do Extremo Sul na madrugada de hoje, em Itabela, na Bahia, contra o governo Bolsonaro e sua política de destruição dos órgãos de pesquisa e apoio a agricultura familiar e das áreas de reforma agrária, dando início a Jornada de Lutas das Mulheres Sem-terra. Jornada que vai intensificar as ocupações durante a semana do 8 de março.
Os indígenas também iniciaram retomadas de suas terras no Mato Grosso do Sul. Diante das ameaças de latifundiários que ameaçaram criar em assentamento dentro da terra indígena em disputa para aumentar os conflitos e jogar a população contra os indígenas, o povo Guarani-Kaiowá retomaram a fazenda Inho, em Rio Brilhante (MS), que está dentro dos limites da chamada Terra Indígena Laranjeira Nhanderu. A retomada foi fortemente ameaçada pelas milícias e pela polícia militar e seu Batalhão de Choque.
Retomada das ocupações como forma de luta
Pode parecer poucas ocupações, mas havia uma paralisia total desde 2019 devido a decisão das direções de movimentos de luta pela terra de não enfrentar Jair Bolsonaro e os latifundiários. Somente essas ocupações já somam mais que todo período anterior de ocupações que nem chegaram a uma dezena em anos. Essas ocupações demonstram uma mudança na política desses movimentos de luta pela terra e que a pressão da base mostrou que a única maneira de conquistar alguma reivindicação, sendo a principal terra, é o enfrentamento direito ao latifúndio com ocupações de terra e muita mobilização.
A paralisia das mobilizações e a decisão de não enfrentar Jair Bolsonaro levou a uma politica de liquidação total das politicas de apoio e sustentação dos assentamentos rurais, nas demarcações de terras indígenas e quilombolas, e no avanço do latifúndio através do aumento exponencial da grilagem de terras públicas, pois Bolsonaro e o latifúndio não encontraram resistência dos principais movimentos de luta pela terra.
Neste ano de eleição, os ataques e a violência do latifúndio tendem a aumentar muito devido ao cumprimento de promessas e do fim da proibição de despejos. E a única maneira de evitar esse avanço é o enfrentamento através da forma de luta dos trabalhadores sem terra e indígenas: ocupações.
Para derrubar Bolsonaro e ajudar na mobilização da população para eleger Lula e derrotar a direita é preciso realizar uma onda de ocupações e retomada de terras por todo o país, sob a bandeira de reforma agrária já, fora Bolsonaro e Lula presidente para instigar a população trabalhadora e explorada a mobilização e conquista de suas reivindicações.