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Guerrilha

Ex-guerrilheiro, companheiro de Lamarca, faleceu em Bauru (SP)

Ex-guerrilheiro faleceu aos 81 anos.

Natural de uma pequena cidade do Estado de São em Avaí Paulo, Darcy Rodrigues faleceu aos 81 anos, num dos hospitais da cidade de Bauru por conta de uma infecção generalizada, por conta de complicações renais, no dia 20 de maio de 2022. Rodrigues era um homem culto e estudioso, formado em técnico de contabilidade, e em economia na capital cubana. No Brasil, terminou o curso de direito na Instituição Toledo de Ensino de Bauru.

Em sua juventude, Darcy Rodrigues quando servia o exército brasileiro, se colocou contra o golpe militar instituído em nosso país no ano de 1964 aos 23 anos de idade, golpe esse que derrubou o ex presidente da República João Goulart eleito democraticamente como vice do ex presidente Jânio Quadros.

Esse movimento está inserido no contexto da Guerra Fria, um conflito em âmbito internacional, entre os E.U.A que lideravam um bloco de países capitalistas e a Rússia, liderança de um bloco de países socialistas/comunistas, ou seja, nesse contexto o mundo estava polarizado e o grande medo das elites nacionais e internacionais era de um levante popular que levasse o Brasil ao socialismo como havia acontecido em Cuba.

A Vanguarda da Pátria Revolucionária (VPR) surge da contestação da posição do Partido Comunista Brasileiro, (PCB), no ano de 1966, que entendia que não haveria golpe militar no Brasil, não denunciaram tal fato ou se preveniram contra o perigo eminente. A inoperância do PCB levou a cisão dos membros marxistas do POLOP passaram a fazer parte da V.P.R, juntamente com o Movimento Nacionalista Revolucionário (M.N.R).

O nome foi idealizado por Joaquim Quartim, sendo a estratégia de luta armada deliberada no Congresso da VPR no ano de 1968, combinando ações urbanas com as rurais, similares às ações no campo realizadas em Cuba. As ações nas cidades serviriam para divulgar o movimento e para terem mais adesões.  

No fim da tarde do dia 24.01.1969, os militares resolvem sair da clandestinidade e assumir a guerrilha deixando o 4º. Regimento de Infantaria de Quitaúna no município de Osasco do Estado de São Paulo, para se tornarem guerrilheiros, ingressando na VPR. Na saída do quartel levaram armas, pois, o movimento era de luta armada, mesmo porque precisavam se defender. O Sargento Darcy Rodrigues, o Capitão Lamarca, o cabo José Mariane e o soldado Carlos Zanirato fogem do Quartel em Quitaúna. No fim da tarde do dia 24 de janeiro de 1969, os militares deixaram o 4º Regimento de Infantaria de Quitaúna, no município de Osasco, na Grande São Paulo, para se tornarem guerrilheiros, ingressando na VPR. Segundo o próprio Darcy, o grupo retirou algumas armas do quartel antes da saída do Exército para poder suportar o combate.

O líder da V.P.R passou a ser Carlos Lamarca, um capitão do exército brasileiro que entendeu que o regime militar estava a serviço dos interesses das elites burguesas e latifundiárias do país, bem como, em defesa dos interesses do imperialismo norte americano e contra o povo brasileiro. Darcy Rodrigues ao ter o mesmo entendimento que Lamarca sobre o golpe de Estado ocorrido, organiza o deslocamento de sua família Rosalina, a sua filha Dora e o seu filho Darcy para Cuba, pais este que havia feito sua revolução no ano de 1959, ou seja, uma exigência feita ao movimento para protegê-los de inevitáveis retaliações que poderiam ser feitas pelo regime. Em seguida ele adere ao movimento de guerrilha e passou a ficar na clandestinidade e se tornando-se o “braço direito” de Lamarca e parceiros nas operações radicais feitas pelos guerrilheiros.

Os membros da VPR passam a ser perseguidos e caçados pelas autoridades brasileiras sob promessa de recompensa. O governo federal ao descobrir que havia tropas de Lamarca podendo com um número reduzido de homens, cerca de 20 guerrilheiros ou menos, enviou um contingente de 2500 soldados, somando a eles inúmeros membros da Polícia Militar, helicópteros, alguns de bancos privados, um avião de bombardeio B-26 da Força Aérea Brasileira. O grupo quando se reduziu a 7 guerrilheiros e conseguiram capturar alguns soldados que o cercavam que posteriormente foram trocados pelo Tenente Alberto Mendes Junior que tentou atrasar a saída deles do Vale, mas, conseguiram ser bem sucedido na fuga do cerco.

Tempos mais tarde, Rodrigues escondido no Vale foi encontrado e preso, muito anêmico e debilitado fisicamente foi torturado na região onde foi encontrado e acabou tendo uma fratura na costela ao qual perfurou o seu pulmão. Posteriormente foi enviado a um navio em Santos, que segundo ele, estavam aguardando o seu esquecimento para executá-lo. 

Porém uma operação de Lamarca surge para libertá-lo em 1970, após o sequestro do embaixador alemão Ehrenfried Von Holleben para trocá-lo juntamente com outros 40 camaradas que estavam detidos. Após liberto, foi enviado para a Argélia onde foi exilado e tempos depois a agência de inteligência cubana conseguiu localizá-lo. Os agentes iniciaram um plano para deslocá-lo para Cuba, mas havia um empecilho: o seu passaporte permitia para que fosse para qualquer país do mundo, exceto Cuba, como registrado em tantos outros exilados do Brasil, pois, era o primeiro e único país a ter conquistado a revolução armada. Forjaram o seu passaporte a sua documentação e tiveram que ir de avião até a França e depois, desse país para a Inglaterra e finalmente Cuba onde se manteve participando no movimento de resistência contra a ditadura em toda América Latina e em outras ações de luta armada de âmbito internacional. 

No Brasil Lamarca e o cabo Zequinha são executados covardemente por agentes do governo ao encontrarem os dois desmaiados no chão do estado da Bahia, um fato bem similar ao ocorrido com o comandante Ernesto Che Guevara. Concedido o direito de Anistia aos exilados, Darcy retorna ao Brasil onde passa a residir na cidade de Bauru, e consegue um cargo de confiança na administração da Prefeitura Municipal ao qual prestou importantes serviços à cidade. Alguns anos depois, conquistou a patente de capitão nos anos que se manteve na reserva. Participou ativamente na Comissão da Verdade como testemunho dos abusos cometidos no período dos militares, como torturas com requinte de crueldades. Darcy com muita tristeza criticou o sarcasmo do atual presidente Bolsonaro que declarou não ter havido tortura no período militar e depois entrou em contradição alegando que os ditadores torturaram pouco, sem contar o elogio feito ao torturador da ex presidente Dilma Rousseff Carlos Alberto Ustra.

Nos anos de 2016, se manteve no Comitê de Luta Contra o golpe de Estado em Dilma Rousseff e se posicionou contra a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva e se tornou um crítico à política fascista do presidente Jair Bolsonaro e estava filiado ao Partido dos Trabalhadores. 

O camarada Rodrigues deixou seus filhos: Dora, Darcy, Yuri e Jorge e seus netos Letícia, Luísa, Francisco e Isabela. Fica aí as nossas sinceras homenagens de sétimo dia ao capitão Darcy Rodrigues que lutou bravamente em defesa da democracia brasileira.

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